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Em debate morno, Alckmin é criticado por aliança com blocão e Bolsonaro repete discurso controverso





SÃO PAULO (Reuters) - O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República na eleição de outubro deste ano teve poucos duelos entre adversários e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, alvo de críticas por sua aliança com os partidos do blocão e o postulante do PSL, Jair Bolsonaro, mantendo opiniões polêmicas como a crítica à política de direitos humanos.

Sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas e está preso em Curitiba cumprindo pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e de qualquer representante petista, os candidatos pareceram ficar sem um alvo fácil para ataques no debate, promovido pela TV Bandeirantes.

O encontro começou com uma troca um pouco mais dura entre Bolsonaro e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, quando o candidato do PSOL indagou Bolsonaro sobre uma suposta funcionária fantasma dele. Boulos indagou se Bolsonaro sentia vergonha.

“Vergonha eu teria se invadisse a casa dos outros”, respondeu Bolsonaro em referência ao fato de Boulos ser um dos lideres do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

Boulos classificou Bolsonaro de “representante da velha política corrupta”, enquanto o candidato do PSL classificou o adversário do PSOL de “desqualificado”.

Em outro momento de embate entre ambos, Bolsonaro pediu e levou um direito de resposta quando Boulos disse que ele fora expulso do Exército. O candidato do PSL chegou a pedir um segundo direito de resposta, que foi negado, quando o candidato do PDT, Ciro Gomes, citou um voto dele como parlamentar a favor de uma “droga” contra o câncer. Bolsonaro protestou contra o uso do termo “droga”.

Na sua vez de perguntar, Bolsonaro optou por Alvaro Dias, do Podemos, e chegou a fazer elogios ao rival em uma pergunta sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Embora o candidato do PSL tenha repetido opiniões polêmicas, como a de que a política de direitos humanos é uma das responsáveis pela violência e a de que o Estado não deve interferir na disparidade salarial entre homens e mulheres, o duelo com Boulos foi o único em que ele mostrou um pouco mais de exaltação.
“Ele está calmo como esteve nos debates e nas sabatinas”, disse à Reuters o deputado Major Olímpio (PSL-SP), um dos aliados de Bolsonaro, durante um dos intervalos do debate.

Indagado após o debate se estava mais sereno, Bolsonaro disse que sim, pois tinha de agir como “um estadista”.

Ciro e a candidata da Rede, Marina Silva, buscaram em alguns momentos antagonizar com Alckmin. Ciro disse que a abertura econômica por Alckmin seria danosa devido a diferenças competitivas vividas pelo Brasil e criticou a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso, defendida pelo tucano.

“Essa reforma trabalhista que o PSDB aprovou, proposta pelo Michel Temer, trouxe uma enorme insegurança”, disse Ciro, que apontou que as mudanças acentuaram o desemprego.

Alckmin voltou a defender a reforma trabalhista, que classificou de um avanço, e disse que sua proposta de abertura econômica será acompanhada de uma agenda de competitividade.

“A reforma trabalhista foi necessária, estimula o emprego”, defendeu o tucano em contraposição.

Marina, por sua vez, atacou Alckmin por sua coligação formada por nove partidos, entre eles os cinco do chamado blocão —formado por PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade. A candidata da Rede, durante um duelo sobre educação com o tucano, disse que apesar das propostas dele “o condomínio estava cheio de lobo mau, querendo roubar o dinheiro da vovozinha”, numa referência às siglas do blocão, muitas delas com líderes envolvidos em escândalos.

Alckmin voltou a defender a aliança como necessária para aprovar reformas, como a política, a tributária e a da Previdência.

“Eu quero deixar bem claro que nunca fui do PT, nem fui ministro do governo do PT. Então somos de uma linhagem diferente”, respondeu o tucano a uma das críticas feitas por Marina à sua aliança com o blocão.

Marina foi filiada ao PT e ministra do Meio Ambiente do governo Lula.

PRESIDENTE DO BC DE LULA E LAVA JATO

O candidato do MDB, Henrique Meirelles, chegou a ser taxado por Boulos de “candidato dos banqueiros”, mas aproveitou o encontro para repisar sua história como presidente do Banco Central durante o governo Lula e ministro da Fazendo na gestão de Temer.

Ele insistiu em lembrar que atuou no governo Lula e que, neste período, houve crescimento econômico e ascensão social.

Postulante do Podemos, Alvaro Dias, insistiu em praticamente todas as intervenções que fez na defesa da operação Lava Jato e voltou a repetir que, se eleito, convidará o juiz federal Sérgio Moro para chefiar o Ministério da Justiça.

Além do duelo com Bolsonaro, Boulos foi o candidato que adotou o tom mais combativo durante o debate da Bandeirantes, mirando, além do candidato do PSL, em Alckmin e Meirelles. Ele chegou a afirmar que, no palco do estúdio da Bandeirantes, havia “50 tons de Temer”.

Candidato que sequer é relacionado nas pesquisas, Cabo Daciolo, do Patriotas, também presente no encontro disse ser “o novo” e encerrou a maioria de suas intervenções com a frase “honra ao senhor Jesus”. Ele chegou ao debate carregando uma bíblia e declarando “glória a Deus” aos jornalistas.
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