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ONU denuncia ação de "esquadrões da morte" na Venezuela

Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, durante sua passagem pela VenezuelaREUTERS/Fausto Torrealba


A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou nesta quinta-feira (4) o número "surpreendentemente elevado" de supostas execuções extrajudiciais cometidas pelas forças de segurança na Venezuela, além da ação de grupos armados civis pró-governamentais que contribuem para o extermínio de inocentes. A afirmação é fruto de um relatório realizado após sua visita à Venezuela, de 19 a 21 de junho.

Segundo o relatório, as forças de segurança venezuelana prenderam e espancaram jovens e, em seguida, dissimularam uma forma de resistência dos suspeitos ou a presença de drogas e armas para justificar a detenção. De acordo com o estudo, essas manipulações fazem parte de uma estratégia global do governo de Nicolás Maduro para neutralizar a oposição.

Em suas conclusões, a ex-presidente do Chile pede a dissolução das Forças Especiais (FAES), à qual ela atribui em particular a maioria dos 5.287 assassinatos extrajudiciais. As mortes teriam ocorrido, supostamente, devido à "resistência à autoridade", durante as operações policiais em 2018. Mas, segundo Bachelet, esses números seriam muito mais elevados. Além disso, há 793 pessoas arbitrariamente privadas de liberdade, aponta a alta comissária.

A Venezuela atravessa uma profunda crise política há meses, com a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição ao lado do presidente interino autodeclarado, Juan Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países. Os venezuelanos também estão passando por uma grave crise econômica, agravada por um embargo de petróleo e por sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos para tentar tirar Maduro do poder.

"A situação é complexa"

"O governo se recusou a reconhecer a magnitude da crise até recentemente e não adotou as medidas apropriadas", explicou Bachelet. "A situação é complexa", admite a ex-presidente do Chile, que conseguiu se encontrar com os principais protagonistas da crise e com algumas vítimas.

A alta comissária também ressalta que "os grupos armados civis pró-governamentais conhecidos como coletivos contribuíram para a deterioração da situação, ao impor o controle social e ajudar a reprimir as manifestações".

Além da dissolução das FAES e desses "coletivos", Bachelet recomenda a criação de "um mecanismo nacional imparcial e independente", para analisar as execuções extrajudiciais. Ela também pede ao governo que publique regularmente dados abrangentes sobre saúde, acesso à água e comida, entre outros, da população venezuelana.

"Este relatório contém recomendações claras sobre medidas que podem ser tomadas imediatamente para parar as violações atuais, fornecer justiça às vítimas e criar um espaço para discussões significativas", diz Bachelet. O relatório recorda ainda que o Alto Comissariado solicitou a criação de um escritório permanente na Venezuela.

(Com informações da AFP)
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