O governo Bolsonaro não está completamente alinhado sobre a ajuda financeira de US$ 20 milhões, oferecidos ao Brasil pelo grupo dos países mais ricos do mundo. O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse que os recursos externos são “bem-vindos”. Mas não é o que pensa o ministro da Casa Civil. Em entrevista exclusiva à Rádio França Internacional, Onyx Lorenzoni afirmou que o governo brasileiro está tomando as medidas necessárias para acabar com os incêndios florestais na Amazônia e sugeriu outro destino aos valores estrangeiros.
"O Macron deveria se preocupar mais com a Europa e com o próprio país dele e esse dinheiro que ele quer oferecer ao Brasil, ele que gaste lá para reflorestar a França e a Europa que foram completamente devastadas. O Brasil, de uma maneira firme e soberana, vai continuar dizendo para o mundo todo: a Amazônia brasileira é brasileira, disse o ministro Onyx Lorenzoni.
O ministro reforçou ainda que a posição do governo é bem clara, que a GLO - Garantia Lei da Ordem - está em andamento e que cerca de 80% focos de incêndio já foram controlados.
Além do ministro do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, que chegou a dizer que os US$ 20 milhões do G7 eram “bem-vindos”, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está no time dos acham que a ajuda financeira vai sim contribuir nas ações de combate aos incêndios. Ele disse que essa troca de acusações entre Bolsonaro e Macron atrapalha negociações importantes, como essa.
Troca de farpas
A troca de farpas entre os presidentes do Brasil e da França tem ganhado - a cada dia - novos capítulos e muita repercussão. No meio disso tudo: a floresta amazônica continua em chamas. No termômetro diplomático, as provocações seguem de ambos os lados.
Emmanuel Macron falou em "status internacional" para a floresta brasileira, Jair Bolsonaro deu a entender que por trás dessa colaboração financeira há interesse na Amazônia e mandou um recado ao colega francês: “Será que alguém ajuda alguém - sem retorno? O que que eles querem lá há tanto tempo?"
Pelas redes sociais, Bolsonaro continuou com as críticas ao presidente francês. Escreveu: “Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma "aliança" dos países do G-7 para "salvar" a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”.
Reunião com governadores
Nesta terça-feira, às 10h da manhã pelo horário de Brasília, o presidente brasileiro se reúne com os governadores dos estados da Amazônia legal. Nesse encontro de emergência a pedido dos governadores, Bolsonaro adiantou que vai esclarecer o real interesse por trás dos posicionamentos de outros países em relação a floresta amazônica.
Além disso, ele tem buscado ajuda de países fora do eixo europeu.Bolsonaro priorizou o apoio de aliados, entre eles os Estados Unidos e Israel. A estratégia da presidência brasileira é uma tentativa de isolamento de Macron, para evitar que o presidente francês conquiste uma mobilização internacional na ajuda ao Brasil no combate às queimadas na Amazônia.
O porta-voz da presidência brasileira, Otávio Rêgo Barros, também rebateu a fala do presidente francês sobre o “status internacional” da floresta amazônica. Ele disse que "sobre a Amazônia falam brasileiros e as forças armadas".
Uso de dinheiro recuperado pela lava jato
A procuradora-geral da República Raquel Dodge enviou ao STF a sugestão para que parte do dinheiro recuperado da Petrobras com a operação Lava Jato seja usado também no combate às queimadas. Ela propôs ao ministro Alexandre de Moraes que R$ 1,2 bilhão sejam destinados para controlar os incêndios, mas ele ainda não tomou nenhuma decisão.
Enquanto isso, procuradores-gerais de Justiça dos estados da Amazônia vieram até Brasília para uma reunião de emergência com Raquel Dodge. Uma frente do Ministério Público em defesa da floresta foi criada e a procuradora-geral solicitou ao ministério da Justiça e Segurança Pública a abertura de inquérito para apurar a queimadas na Amazônia. Dodge suspeita de uma ação planejada.