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Favorito para as eleições uruguaias critica Bolsonaro e diz que Lula é preso político


O candidato Daniel Martínez durante debate presidencial em Montevidéu, em 1 de outubro de 2019.REUTERS/Andres Cuenca Olaondo


O candidato governista à presidência do Uruguai, Daniel Martínez, acredita que Lula é um prisioneiro político, critica Jair Bolsonaro e Donald Trump, e acredita que a América Latina é uma região violenta por causa da aplicação "selvagem" de políticas neoliberais.


Este engenheiro socialista de 62 anos e ex-prefeito de Montevidéu admite que a Venezuela é uma ditadura que viola os direitos humanos, mas não está disposto a condenar o regime de Nicolás Maduro, e se eleito presidente em 27 de outubro, continuará com a política de tolerância promovida no Uruguai.

Em entrevista exclusiva à AFP, nesta quinta-feira (17) o candidato que lidera as pesquisas com 33% das intenções de voto disse que não há soluções mágicas na luta contra o narcotráfico que tem seu país como um novo centro de distribuição para a Europa.

Drogas, violência e neoliberalismo

Toneladas de cocaína transportadas em Montevidéu e confiscadas na Europa colocam o Uruguai sob a lente de aumento das agências de segurança e, desde então, as apreensões se multiplicam localmente, em meio a uma controvérsia que alimentou a campanha eleitoral.

"Não há mágica", diz Martínez, que proclama o uso de "troca de tecnologia, inteligência e informação com países vizinhos" para combater o tráfico de drogas.

Questionado sobre a crescente insegurança no Uruguai, que atingiu um nível recorde de homicídios em 2018 sob a administração do partido esquerdista Frente Ampla, o candidato considerou que "obviamente" a situação piorou, mas o problema "vem crescendo sistematicamente há 40 anos".


"Qual foi a região do mundo em que as políticas neoliberais foram aplicadas de maneira mais violenta? América Latina. E é onde a insegurança e a violência no mundo cresceram mais", concluiu.

Trump, Bolsonaro e Lula

Martinez é crítico dos líderes americano e brasileiro.

"Há valores que Bolsonaro expressa e coisas que ele faz, que, obviamente, eu não vou mentir, eu seria hipócrita se dissesse que gosto", afirmou.

"Também não gosto de Trump. Isso não significa que vamos ter um problema", disse ele. "Meu dever é procurar melhorar as relações entre os povos", resumiu.

Questionado se ele considera o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, preso por corrupção, um preso político, Martínez respondeu afirmativamente. “Eu o considero um prisioneiro político”, ele disse.

Venezuela

A posição conciliatória do Uruguai em relação à Venezuela é uma fonte de discrepâncias entre governo e oposição no país do sul. O executivo da Frente Ampla proclama uma saída negociada da crise e rejeita qualquer condenação do regime Maduro em fóruns internacionais, alinhando-se à Nicarágua ou Bolívia e separando-se de seus parceiros do Mercosul (Brasil, Argentina e Paraguai).

"Eu ainda não entendo por que você precisa ser um 'torcedor' e se colocar a favor de um lado ou de outro, governo ou oposição venezuelanos", disse Martinez, um defensor de "construir pontes e criar condições para um chamado às eleições". Ele afirma que continuaria "totalmente" com a política atual do Executivo uruguaio.

Ele admite que os direitos humanos são violados na Venezuela e que "o relatório de Bachelet (ONU) é muito claro" a esse respeito. "É o que diz o relatório", disse ele.

Mas "quanto vale" emitir sentenças, ele se pergunta. "Se fosse por isso, teríamos que condenar alguns países no mundo dos quais existem pessoas que nunca falam nada, não sei por quê."

Mercosul e abertura comercial

Martínez, que foi senador e ministro das Indústrias, congratula-se com o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Ele é a favor de "acordos tarifários", embora com "salvaguardas" que permitam a cada país ter seu próprio desenvolvimento tecnológico e evitar limitações nas compras públicas "que são uma ferramenta de desenvolvimento".

Ele se considera um "empreendedor" e diz que o principal objetivo de sua administração seria tentar "igualar o ponto de partida dos uruguaios", se eleito na primeira rodada de outubro ou em uma votação que as pesquisas mostram como cenário provavelmente, em 24 de novembro.
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