Grupo deveria sair do hotel de trânsito da Aeronáutica de Anápolis no dia 27. Repatriados foram levados para 11 estados
Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, abraça garoto após fim de quarentena por causa do coronavírus.ADRIANO MACHADO / REUTERS (REUTERS)
AFONSO BENITES
Brasília - 23 FEB 2020 - 15:12BRT
Os 58 brasileiros e seus familiares vindos da China que estavam em quarentena em Anápolis (Goiás) por conta da epidemia de coronavírus deixaram o isolamento neste domingo, quatro dias antes do previsto. Conforme o Ministério da Defesa, a liberação aconteceu após uma bateria de exames detectar que nenhum dos repatriados do epicentro da doença, a cidade chinesa de Wuhan, foi infectado. Pelo mundo, já houve mais de 78.000 registros de infeção, e ao menos 2.400 mortes. O sinal de alerta mundial aumentou neste fim de semana, quando a Itália confirmou ao menos 132 casos em cinco regiões do país. O Brasil não confirmou nenhum caso até o momento. Atualmente, há apenas um sob suspeita no Estado do Rio de Janeiro. Desde o início do ano, o país já descartou 51 suspeitas.
O grupo estava desde o dia 9 de fevereiro em uma ala do hotel de trânsito da Força Aérea. Deveria sair no dia 27. Quando chegaram, disseram estar aliviados por retornarem ao país. Dos 58 hóspedes/pacientes, 31 viviam em Wuhan, 3 eram diplomatas brasileiros em Pequim que auxiliaram na missão de resgate e os outros 24 eram tripulantes, médicos e jornalistas que saíram do Brasil até a China para a operação. Ao saírem da quarentena, os isolados não se queixaram e disseram estar animados para reencontrar seus familiares.
“Estou ansioso para chegar em casa, família está louca para ver a gente. Está todo mundo reunido para o carnaval e só falta a gente. Os dias aqui foram ótimos, superou a expectativa", afirmou ao portal G1 um dos repatriados, o estudante Alefy Medeiros Rodrigues, de 26 anos.
Ao deixarem o hotel de trânsito, eles foram recebidos com festa, na qual autoridades locais tentaram se aproveitar dos ganhos políticos. “Prevaleceu a tese que a solidariedade vence o medo. Esse é o legado que se deixa para o país. É um momento especial, mostrar que os 58 não têm o coronavírus e que o goiano é povo acolhedor e não tem o vírus do preconceito”, disse o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que esteve na recepção deste domingo.
Conforme o Ministério da Saúde, a liberação antecipada seguiu um protocolo internacional, já que nessas duas semanas foram realizados três exames clínicos nos quais não foi identificada infecção pelo vírus Sars-COV2, o novo coronavírus. “Sentimos orgulho pelo resultado da operação bem-sucedida e alívio pelo retorno dos nossos brasileiros aos seus lares com os resultados dos exames dando negativo”, afirmou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, segundo registro feito pela Folha de S. Paulo.
Um dos repatriados permaneceu em Anápolis. Os outros 57 foram transportados em duas aeronaves da Aeronáutica para unidades da federação onde vivem seus familiares: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Dois deles seguiram até Brasília, de onde partiram em voos comerciais com passagens pagas pelo Governo brasileiro para o Rio Grande do Norte e o Maranhão.