Segundo antecipou um grupo de bispos americanos à imprensa nesta terça-feira (11), o papa Francisco não abrirá uma exceção para a ordenação de homens casados para a Amazônia. Por enquanto, Francisco teria decidido não se pronunciar sobre esse assunto.
O Papa Francisco apresentará a exortação apostólica sobre a Amazônia na quarta-feira (12). REUTERS/Yara Nardi
"O papa não acredita na ordenação de homens casados, mas algo deve ser feito para resolver a situação de pessoas que não recebem a Eucaristia", disse o bispo Oscar A. Solis, de Salt Lake City, Estado de Utah, para a agência "Catholic News Service".
O religioso se refere às regiões remotas da floresta amazônica, que não recebem a visita de um padre com frequência e onde, por essa razão, os fiéis ficam sem a comunhão.
Solis e os bispos do Arizona, Colorado, Wyoming e Novo México foram recebidos por Francisco no Vaticano, na segunda-feira (10), para a tradicional visita ad limina, que acontece a cada quatro ou cinco anos.
Com essa decisão, o papa argentino deseja que a esperada exortação apostólica que ele apresentará na quarta-feira (12) sobre a Amazônia, com o título "Querida Amazônia", concentre-se nos desafios ecológicos, sociais e pastorais, e não no fim do celibato.
Os religiosos disseram não ter detalhes sobre o texto do papa, que inclui os pedidos dos bispos da região amazônica. Mas esta é uma questão que divide profundamente a Igreja.
Sínodo da Amazônia
Ao todo, 184 bispos, a maioria latino-americanos, reunidos por três semanas em outubro passado no Vaticano para o Sínodo da Amazônia, aprovaram um documento pedindo a introdução do "pecado ecológico", ou seja, pecado contra a ecologia, bem como a possibilidade de ordenar homens casados e a existência de diaconisas, temas considerados tabus para os católicos conservadores.
"O papa, muito gentilmente, disse: ‘você sabe, este ponto realmente não foi um ponto importante do sínodo’”, afirmou o arcebispo John Wester, de Santa Fé, no Novo México, sem especificar, porém, se estava falando de padres casados ou de diaconisas.
Um dos pontos mais controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação de homens em idade avançada que tenham uma família constituída e estável com autorização para celebrar os sacramentos em áreas remotas poderia desencadear um racha com os defensores do celibato.
"Acho que ele deixou o assunto em aberto, sem uma decisão. Então, está aberto à discussão", concluiu Solis.
Em janeiro de 2019, o Papa Francisco havia especificado que "não concordava em permitir que o celibato fosse opcional", enquanto considerava "algumas possibilidades para lugares muito remotos", como as Ilhas do Pacífico ou a Amazônia.
O celibato de padres, que não aparece na doutrina da Igreja Católica Romana, é uma regra disciplinar que se tornou obrigatória no século XI.