(Reuters) - Os governadores dos 26 Estados brasileiros decidiram, em reunião virtual extraordinária nesta quarta-feira, reagir à forma de atuação do presidente Jair Bolsonaro no enfretamento à pandemia do novo coronavírus no país e vão manter medidas mais restritivas de isolamento social para conter o avanço da doença.
Concluímos há pouco reunião virtual com participação de 26 dos 27 governadores e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Momento onde prevaleceu o diálogo propositivo e a integração entre chefes do executivo estadual e legislativo para vencer a crise do coronavírus. pic.twitter.com/I8VynLYpdV— João Doria (@jdoriajr) March 25, 2020
O encontro virtual contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem se colocado como uma espécie de contraponto de Bolsonaro nessa crise. Apenas o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não participou do encontro.
Segundo a assessoria de imprensa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), todos os governadores decidiram seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e vão manter o isolamento social. O Estado de São Paulo —o mais populoso do país— decretou uma quarentena que começou a vigorar na terça-feira.
Doria disse que o encontro ele não tinha nenhum viés político e ideológico nem ia se transformar numa “trincheira” contra o governo Bolsonaro. Mas ele destacou que cabe aos representantes dos governos estaduais, os presidentes da Câmara, do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, a tarefa de “salvar o Brasil”.
O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), defendeu as medidas de isolamento social adotadas e citou o colega de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que também as defendeu. Aliado desde a época da campanha de Bolsonaro, Caiado, que é médico, decidiu romper com o presidente após o pronunciamento dele na véspera em cadeia nacional de rádio e TV.
Bolsonaro criticou medidas de isolamento social adotadas por governadores e defendeu um relaxamento dessas ações. Ele minimizou a pandemia do coronavírus e ressaltou que medidas restritivas podem prejudicar a economia do país.