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Máscara no cachorro? Banho no gato? Como proteger os pets do coronavírus

Na medida em que o coronavírus avança na Europa e no Brasil, os donos de animais de estimação se preocupam com a segurança dos bichos diante da epidemia e o quanto eles podem se tornar transmissores do Covid-19. Por enquanto, apenas um cachorro foi diagnosticado “fracamente positivo” em Hong Kong. O animal era de uma mulher que havia sido infectada, e não apresentou qualquer sintoma.

Foto: Hussein FALEH / AFP
Qual é o risco de cães e gatos pegarem coronavírus 

Ainda assim, a prudência nunca é demais para evitar a propagação da zoonose, advertem especialistas. O alerta deve ser redobrado em caso de contaminação confirmada do dono, indica a diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia Lessandra Michelim.

“A gente não sabe ainda se eles poderão desenvolver a doença como nós e ter um resfriado. Uma pessoa com o vírus pode passar a mão no seu animal e inocular o vírus no pelo dele e ele não ter uma frequência de banhos, como um gato”, explica. “O animal ficaria colonizado e seria como um outro objeto contaminado da casa. Uma outra pessoa que acariciá-lo poderia se contaminar. Temos de ter o cuidado de higienizar os animais de estimação.”

A frequência de banhos pode ser aumentada, mas não deve ser diária. Existem no mercado toalhinhas de higienização com álcool ou outros agentes capazes de eliminar o vírus, tanto no animal, quanto no ambiente. Além disso, é recomendado ao dono lavar as mãos sempre que tocar no animal, principalmente se ele frequenta a rua, e evitar encostar as mãos no próprio rosto.

Máscara é inútil

Já as máscaras de proteção são ineficazes, indica Lessandra. “Não serve colocar máscara no animal, assim como não adianta para a gente. Se temos sintomas, colocamos a máscara para proteger os outros e o ambiente”, afirma a infectologista. “Mas colocar a máscara no animal não só não vai funcionar, como pode prejudicá-lo. Algumas raças de cães e gatos têm o rosto achatado e uma máscara só faria eles terem mais dificuldade para respirar.”

O medo e a falta de informações fizeram com que, na China, milhares de animais de estimação fossem abandonados. Nas redes sociais, circularam imagens de cães mortos em plena rua, que geraram campanhas de sensibilização ao tema por entidades de proteção.

Entidades internacionais acompanham

A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris, acompanha de perto a evolução do Covid-19 nos animais e indica que “uma investigação está em curso” para apurar o caso do cão de Hong Kong. A entidade ressalta que, embora o coronavírus tenha atingido o homem a partir de um animal, a via de transmissão predominante parece ser entre humanos.

“Os mamíferos domésticos de casas onde casos humanos de Covid-19 foram confirmados serão colocados em quarentena e observação veterinária durante 14 dias”, esclareceu a organização.

A infectologista brasileira, professora de medicina da Universidade de Caxias do Sul, lembra que os mamíferos têm maior propensão de hospedar vírus que podem chegar aos humanos, em especial os animais silvestres e os de criação. O influenza, por exemplo, passa de aves e porcos ao homem.

“Na verdade, a gente está invadindo o ambiente silvestre deles, por isso essas doenças estão aparecendo. Invadimos com ecoturismo, caça e até com as pesquisas de veterinários, que acabam se expondo”, sublinha. “Precisamos ter mais consciência de que, muitas vezes, ao invadirmos mais esses ambientes, teremos mais exposição a vírus diferentes.”
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