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OMS declara que coronavírus é uma pandemia global

Diretor-geral afirma estar preocupado com os níveis alarmantes de propagação e com a inação. “Temos pedido que os países tomem medidas urgentes e agressivas. Demos o sinal de alarme alto e claro”


Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS / SVEN HOPPE/DPA (EUROPA PRESS)

ELENA SEVILLANO - EL PAÍS
Madri - 11 MAR 2020 - 15:23BRT

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira o surto de coronavírus uma “pandemia global”. O diretor-geral da organização afirmou em entrevista coletiva que o alto número de casos fora da China torna necessário mudar a definição de pandemia. Tedros Ghebreyesus assinalou: “Estamos preocupados com os níveis alarmantes de propagação e com os níveis alarmantes de inação”. Ele disse que a palavra pandemia “não pode ser usada à toa”, acrescentando: “É uma palavra que, mal usada, pode causar um medo irracional, ou a aceitação injustificada de que a luta acabou, o que levará a um sofrimento desnecessário e à morte”.

Ghebreyesus informou que o número de casos de Covid-19 nas últimas duas semanas se multiplicou por 13 fora da China, epicentro do surto de coronavírus, registrando-se mais de 118.000 casos em 114 países e 4.291 mortes. Disse ainda que mais de 90% de todos os contágios ocorreram apenas em quatro países, e que dois deles (China e Coreia do Sul) já conseguiram reduzir o número de casos.

A declaração de pandemia é consequência do número de países afetados, ou seja, de que boa parte da humanidade está potencialmente exposta ao vírus. A última pandemia declarada pela OMS foi a da gripe A (H1N1, também chamada de gripe suína), em junho de 2009. Naquela ocasião, havia 29.000 casos confirmados (a doença tinha sido detectada em abril) e 144 óbitos. O final da pandemia foi declarado em agosto de 2010. Foi a primeira pandemia de gripe declarada pela OMS em 40 anos. A anterior começou em Hong Kong em 1967.

O diretor-geral da OMS afirmou que descrever a situação como pandemia não altera a avaliação da organização sobre a ameaça que o coronavírus significa. “Isso não muda o que a OMS está fazendo, nem o que os países deveriam fazer”, acrescentou. “Temos pedido todos os dias que os países tomem medidas urgentes e agressivas. Demos o sinal de alarme alto e claro.”

O especialista assinalou que 81 países não comunicaram nenhum caso de coronavírus e que 57 registraram 10 casos ou menos. “Não podemos dizer mais alto, mais claro ou com maior frequência: todos os países estão a tempo de mudar o rumo desta pandemia”, ressaltou. “Se os países detectam, fazem o teste, isolam, procuram os contatos e mobilizam sua população na resposta, aqueles que têm apenas alguns casos de Covid-19 podem evitar que se tornem grupos de transmissão e que estes se transformem em transmissão comunitária”.

Ghebreyesus afirmou que mesmo os países com transmissão comunitária ou com grupos de transmissão grandes conseguiram mudar o rumo do coronavírus. “Vários países demonstraram que o vírus pode ser reprimido e controlado. O desafio para muitos países que agora estão nesse ponto não é se podem fazer o mesmo, é se vão fazer”, acrescentou.

A OMS sabe que as medidas para retardar a expansão do vírus “estão cobrando um pedágio caro nas sociedades e nas economias, como ocorreu na China”. Os países “têm de encontrar o equilíbrio entre proteger a saúde, minimizar o transtorno econômico e social e respeitar os direitos humanos”, enfatizou Ghebreyesus.

O diretor da OMS disse que alguns países estão tendo dificuldades por “falta de capacidade”, outros por “falta de recursos” e alguns por “falta de decisão”. Ele terminou a entrevista afirmando: “Estamos juntos nisto, para fazer as coisas adequadamente, com calma, e para proteger os cidadãos do mundo. Isso pode ser feito”.
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