BERLIM (Reuters) - Uma colaboração da Apple com o Google vai acelerar a entrada em operação de sistemas de monitoramento de infecções pelo coronavírus, afirmou o principal grupo europeu por trás de projeto que usa a tecnologia de comunicação sem fio Bluetooth.
Imagem em 3D de logotipos do Google e da Apple. 12/4/2020. REUTERS/Dado Ruvic
Especialistas em tecnologia estão usando o padrão de comunicação sem fio a curta distância permitido pelo Bluetooth para medir o risco que uma pessoa infectada com o coronavírus tem de passar a doença para outra.
Apple e Google afirmaram na semana passada que vão lançar ferramentas que apoiem essas aplicações em maio, com total integração de recursos Bluetooth em seus sistemas operacionais depois disso.
Chris Boos, que está liderando a plataforma conhecida como PEPP-PT www.pepp-pt.org, afirma que a parceria das empresas pode encurtar o caminho do desenvolvimento.
“Precisamos nos preocupar menos com estabilidade do sistema operacional e calibração dos dispositivos”, disse Boss, fundador da startup de automação de processos Arago. A PEPP-PT planeja divulgar atualização sobre o desenvolvimento na sexta-feira.
CADEIA DE INFECÇÃO
O coronavírus pode ser transmitido por pessoas que não apresentem sintomas, o que, segundo especialistas, aumenta a necessidade de esforços para se quebrar a cadeia de infecção quando alguém tem resultado positivo para a doença.
A tecnologia digital pode ajudar nesta tarefa ao dar às pessoas avisos para irem a médicos ou adotarem quarentena, afirmam seu apoiadores, reduzindo a necessidade de medidas de proibição de fechamento de comércios adotadas por muitos governos ao redor do mundo.
Os defensores do Bluetooth afirmam que a tecnologia pode ser mais precisa e menos intrusiva no registro de proximidade e duração de contatos pessoais que o uso de sistemas de localização baseados em sinais de telefonia celular e satélites.
Uma divisão está aberta entre apoiadores de sistemas descentralizados, incluindo Google e Apple, e defensores de estratégia centralizada, na qual dados sensíveis são armazenados em um servidor. Este último grupo inclui governos e gera preocupações sobre monitoramento em massa da população.
A PEPP-PT, que está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Fraunhofer Heinrich Hertz, da Alemanha, e especialistas em tecnologia de outros países europeus, permite suporte a ambos os modelos.
“Um modelo centralizado oferece uma gestão muito melhor da pandemia sem infringir a privacidade”, disse Boos. “Mas deve ser a escolha do país. Você pode reunir os mesmos dados com um modelo descentralizado, isso só significa que você precisa de mais pessoas gerando dados sobre pessoas infectadas.”
A PEPP-PT está sendo certificada pela agência de cibersegurança da Alemanha e atraiu apoio de alguns líderes no governo da chanceler alemã, Angela Merkel.
Ainda não há uma decisão de apoio oficial ao aplicativo da PEPP-PT, que especialistas dizem que precisaria ser baixado por pelo menos 60% da população para cumprir o objetivo da chamada imunidade digital coletiva.
Por Douglas Busvine Tradução Redação São Paulo, REUTERS AAJ