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Empresária paranaense lança e-commerce de moda inclusiva

As peças de roupas são desenvolvidas e testadas para levar autonomia, conforto e estilo a mulheres com deficiência física, visual ou intelectual



Para Marcela Domingues Vieira, de 23 anos, as roupas da Cygnus unem praticidade e estilo. 
Crédito: Maristela Szarnobay.
Fabricar roupas fáceis de vestir, confortáveis e que garantem a mobilidade e elegância de mulheres que possuem algum tipo de deficiência física, visual ou intelectual. Essa é a missão da empresária Maristela Szarnobay, de Quatiguá, no norte pioneiro do Paraná, que acaba de lançar o e-commerce da loja Cygnus Moda Inclusiva. Com as vendas on-line, a empreendedora paranaense espera alcançar clientes de todo o Brasil e também do exterior.

O pequeno negócio começou como uma startup, em 2010, e recebeu o primeiro investimento oito anos mais tarde, por meio de um edital da Fundação Araucária, em parceria com o Sebrae/PR.

Maristela, que é graduada em Arquitetura e Moda, diz que a ideia de trabalhar com moda inclusiva surgiu quando cuidava da mãe, que teve os movimentos comprometidos por uma doença autoimune. “Eu não encontrava nada para vesti-la com facilidade. Tinha que fazer várias adaptações nas roupas”, lembra.

O projeto ganhou força quando a empresária, ainda na faculdade, foi convidada a participar de concursos de moda internacional para pessoas com deficiência. Uma das dificuldades em atender esse nicho de mercado, segundo ela, é que ainda há poucas informações sobre moda inclusiva. Ao ser contemplada pelo edital da Fundação Araucária, Maristela recebeu apoio do Sebrae/PR para desenvolver e testar peças voltadas para pessoas com diferentes tipos de limitações para se vestir.

O corte das peças é diferenciado. Algumas têm até abertura na lateral, com velcro ou zíper. 
Crédito: Maristela Szarnobay.

As peças são desenvolvidas com consciência ambiental, a partir do aproveitamento de todos os materiais, e pensadas para se adaptarem às necessidades de pessoas com deficiência. As calças, por exemplo, não levam zíper na frente, mas na lateral, o que oferece autonomia para as mulheres que possuem os movimentos dos braços poderem se vestir sozinhas.

“Me inspirei bastante nas roupas de bebê. Criei um modelo de body com a parte de baixo mais larga, como uma espécie de fralda, e botões mais altos”, exemplifica.

Para pessoas com deficiência visual, a empresária desenvolveu roupas que levam etiquetas com letras grandes e escrita em braile. Para a combinação correta de cores, ela criou sachês olfativos. Camisas brancas, por exemplo, são acompanhadas do aroma de coco, já as peças lilás têm cheiro de lavanda. Mesmo em meio a pandemia do Coronavírus e crise financeira, a empresária está otimista com a plataforma de vendas on-line. “Em 48 horas tivemos mais de 400 visitas na página. E ainda nem fizemos publicidade”, comemora.

Para Marcela Domingues Vieira, de 23 anos, que tem paralisia cerebral, as peças da Cygnus facilitaram muito o dia a dia. Ela conta que não consegue se vestir sozinha e, mesmo com ajuda, tinha muita dificuldade para colocar as roupas da parte superior por causa das limitações de movimento. “Eu não tenho esse problema com as roupas da Maristela, pois elas possuem um corte diferenciado e algumas têm até abertura na lateral, com velcro ou zíper. Isso facilita bastante”, conta.

A jovem confirma que, para quem possui algum tipo de deficiência, é difícil unir praticidade e estilo, pois as roupas precisam ser muito largas e feitas de materiais leves.

“Mas as roupas da Cygnus têm um design bonito e são fáceis de vestir. Isso ajuda na autoestima”, afirma.

Marcela, que é uma das modelos da marca, comenta ainda que os preços das peças são acessíveis pela qualidade que possuem. “Eu fico muito grata pela oportunidade que ela me deu de fazer parte disso.”

O consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, destaca a criatividade e inovação presentes no projeto da empresária, que atinge um nicho bem específico de mercado e possui potencial para alcançar o mercado exterior.

“Ela é uma batalhadora, começou o negócio com poucos recursos, mas com uma grande ideia e percepção empreendedora”, lembra. Maristela é um dos exemplos de empreendedores que tiveram suas startups transformadas em empresas no norte pioneiro do Paraná.  “Quando iniciamos os projetos de inovação no território, pouco se falava sobre startups por aqui. Hoje, já temos vários negócios formalizados”, aponta.



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