BRASÍLIA/CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, pediu nesta terça-feira aos países da região que não reabram tão rapidamente as atividades econômicas depois de meses de confinamento, ou poderão enfrentar riscos ainda maiores decorrentes da pandemia de coronavírus.
Comércio aberto no Rio de Janeiro 02/06/2020 REUTERS/Pilar Olivares
“Pensem duas vezes antes de relaxar as medidas de distanciamento social”, disse Etienne em entrevista com jornalistas por videoconferência.
“Temos que ter cuidado. Meu conselho é não abrir muito rapidamente ou se arrisca um ressurgimento da Covid-19 que pode apagar todos os benefícios que alcançamos nos últimos meses”, acrescentou.
Na mesma entrevista, o diretor do departamento de Doenças Transmissíveis da Opas, Marcos Espinal, afirmou que a situação no Brasil —o país mais afetado pela doença da América Latina— é “delicada”, e pediu às autoridades locais que aumentem o número de testes para detecção de vírus.
Segundo a Opas, braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, a curva epidemiológica da Covid-19 ainda está subindo acentuadamente na região, com quase 3 milhões de casos confirmados.
Etienne disse também que a Opas espera continuar trabalhando bem com os Estados Unidos, apesar do rompimento dos EUA com a OMS.
A curva de disseminação de coronavírus nas Américas continua a aumentar “consideravelmente” e a região está enfrentando uma situação “terrível”, mas não “desesperada”, segunda Etienne.
“A região das Américas responde por mais da metade dos novos casos registrados em todo o mundo”, disse Etienne. “A situação que enfrentamos é terrível, mas não desesperadora, desde que nossa abordagem para derrotar o vírus seja baseada na solidariedade”.
“Devemos trabalhar juntos, compartilhar recursos, aplicar as estratégias comprovadas que aprendemos durante todo esse tempo. O impacto em nossa região foi severo, mas poderia ter sido pior”, acrescentou.
O gerente de incidentes da Opas, Sylvain Aldighieri, disse que a agência está bastante preocupada com o avanço rápido do vírus entre tribos indígenas da Amazônia. Ele fez um apelo por maior vigilância de comunidades remotas com pouco acesso a sistemas de saúde e ameaçados pela presença de mineradores que podem espalhar o vírus.