BRASÍLIA (Reuters) - A líder indígena da Amazônia Alessandra Korap, da etnia munduruku, recebeu o prêmio Robert F. Kennedy de direitos humanos de 2020 por seu trabalho em defesa das terras, da cultura e dos direitos dos povos indígenas no Brasil.
O prêmio será entregue por Kerry Kennedy, filha do ex-senador norte-americano, em uma cerimônia virtual a partir de Washington, na qual o ex-secretário de Estado norte-americano John Kerry fará um discurso.
“O prêmio não é apenas para mim, é pela luta do povo munduruku e de outros povos da floresta que pedem socorro, que gritam, mas não são ouvidos”, disse a indígena, de 36 anos, em entrevista por telefone.O prêmio será importante para fortalecer a luta de seu povo para impedir a construção de hidrelétricas no rio Tapajós, na Amazônia, onde vivem os munduruku, e para obter o reconhecimento das terras de sua etnia, acrescentou
A condecoração ocorre no momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro tem enfraquecido os serviços de saúde e educação para os povos indígenas, além de fazer vista grossa para madeireiros ilegais e garimpeiros que invadem cada vez mais reservas protegidas e destroem florestas, acrescentou.
Bolsonaro defende uma política de integração dos povos indígenas à sociedade, com o argumento de tirá-los da pobreza.O presidente transformou a Funai em uma “organização de agricultores” dirigida por indicados pelo lobby do agronegócio, que buscam expandir a agricultura comercial para terras indígenas, afirmou.
“Este prêmio traz fortalecimento, mostra que nós temos que continuar. Vamos gritar mais”, disse.