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Discurso contundente de Biden contra abusos de Trump pode influenciar mudança de postura em republicanos

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, fez nesta segunda-feira (14) sua maior crítica a Donald Trump desde as eleições de novembro, ao afirmar que o presidente republicano desafiou a Constituição e "a vontade do povo" com sua insistência em não reconhecer os resultados eleitorais.


Biden discursou em sua base de Wilmington, no estado de Delaware, após ter a vitória confirmada pelo Colégio Eleitoral na eleição presidencial de 3 de novembro.


"É uma posição tão extrema, que nunca havíamos visto. Uma posição de alguém que se recusou a respeitar a vontade do povo, a respeitar o Estado de Direito e a honrar a nossa Constituição", disse Biden. Ele se referia a um processo do Partido Republicano promovido por Trump que buscava contestar a vitória do candidato democrata em vários estados-chave, mas que foi rejeitado pela Suprema Corte na última sexta-feira.


O presidente eleito elogiou os americanos pelos níveis recordes de participação na votação, apesar dos temores provocados pela epidemia de Covid-19 e da "enorme pressão política, abuso verbal e até ameaças de violência física" contra as autoridades eleitorais.


"A chama da democracia foi acesa neste país há muito tempo. E agora sabemos que nada, nem mesmo uma pandemia ou um abuso de poder, pode apagá-la", declarou Biden. "Espero, sinceramente, que nunca mais voltemos a ver alguém sujeito ao tipo de ameaça e abusos que vimos nessas eleições", assinalou, chamando de "inconcebível" o assédio a funcionários eleitorais.


O democrata disse que Trump exerceu plenamente seu direito de contestar os resultados na Justiça e, "em nenhum caso, foi encontrada qualquer causa ou evidência para reverter, questionar ou disputá-los". Biden também criticou o Partido Republicano por apoiar as alegações sem provas de Trump de fraude em massa. No entanto, acrescentou, a Suprema Corte enviou "um sinal claro" na semana passada.


Após a votação do Colégio Eleitoral, Biden afirmou que "é hora de virar a página". "Estou convencido de que podemos trabalhar juntos pelo bem da nação", defendeu.Putin reconhece vitória de Biden


Na manhã desta terça-feira (15), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, um dos poucos que ainda não tinha parabenizado Biden, reconheceu a vitória do democrata. “Da minha parte, estou pronto para colaborar e entrar em contato com vocês”, escreveu Putin em um telegrama diplomático, segundo nota do Kremlin.


Sem surpresa, o Colégio Eleitoral endossou o pleito. Os resultados da votação de 3 de novembro já foram certificados por cada um dos 50 estados americanos: Biden obteve o número recorde de 81,28 milhões de votos, ou 51,3%, contra 74,22 milhões (46,8 %) para o presidente republicano em fim de mandato.Agora que esta etapa solene do Colégio Eleitoral foi superada, os analistas questionam se um número maior de republicanos eleitos concordará em finalmente reconhecer a vitória de Biden. Um deles, o senador republicano Rob Portman, deu o passo na segunda-feira: "Embora eu apoiasse o presidente Trump, a votação do Colégio Eleitoral deixou claro agora que Joe Biden é o presidente eleito."


Mas é improvável que Trump adote essa linha, principalmente porque, de acordo com as pesquisas, a grande maioria de seus eleitores não considera o democrata um vencedor legítimo. Trump poderia tentar tirar proveito da complexidade desse longo processo institucional para dar uma última cartada: alguns parlamentares eleitos do círculo próximo do magnata planejam contestar os resultados quando o Congresso for convocado para dar a validação definitiva em 6 de janeiro. Um recurso praticamente sem chances de sucesso.


Em um editorial contundente, o Wall Street Journal disse que era hora de Trump mudar sua postura. "Existe a hora da disputa e a hora de reconhecer a derrota", enfatizou o jornal.


Procurador-geral deixa governo Trump


Em seus últimos dias na Casa Branca, Trump continua promovendo um expurgo em sua equipe. Ele anunciou ontem a saída do procurador-geral Bill Barr, que contradisse suas denúncias de que teria havido fraude nas eleições presidenciais.  


"Acabo de ter uma reunião muito agradável com o procurador-geral, Bill Barr, na Casa Branca. Nossa relação é muito boa, ele fez um trabalho excepcional. Como diz sua carta, Bill vai deixar o cargo logo antes do Natal, para passar as festas com sua família", informou o presidente no Twitter.


Em sua carta, Barr disse que estava "muito honrado por ter trabalhado neste governo" e destacou vários feitos da administração. Ele será substituído por Jeff Rosen, seu adjunto no Departamento de Justiça.


O presidente americano criticou diversas vezes a falta de ação de Barr nesse tema, que contrasta com seu histórico ao longo do mandato, durante o qual se destacou como um dos chefes de pasta mais fiéis de Trump. No começo do mês, a declaração de Barr de que não havia constatado "fraude em uma escala que pudesse ter mudado o resultado da eleição" isolou o presidente.


Alguns democratas, como o congressista Bill Pascrell, não demoraram a comemorar a notícia. "Adeus ao mais corrupto e desprezível procurador-geral da história dos Estados Unidos", tuitou.

Com informações da AFP

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