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Biden encerra apoio dos EUA à guerra do Iêmen e endurece tom contra Rússia



Em seu primeiro discurso sobre política externa, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que enfrentará "o autoritarismo" da China e da Rússia. Falando na sede do Departamento de Estado, em Washington, ele declarou ainda o fim do apoio americano à guerra no Iêmen. O democrata marcou vários pontos de inflexão em relação ao governo de Donald Trump. 


"Os Estados Unidos devem "estar presentes diante do avanço do autoritarismo, em particular das crescentes ambições da China e do desejo da Rússia de enfraquecer nossa democracia", declarou o novo ocupante da Casa Branca. "Deixei claro ao presidente Putin, de uma forma muito diferente do meu antecessor, que acabou o tempo em que os Estados Unidos se submeteram às ações agressivas da Rússia (...)", acrescentou.


Biden defendeu o "fim" da guerra no Iêmen e informou que os Estados Unidos decidiram encerrar o apoio e a venda de armas à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita contra os rebeldes huthis, patrocinados pelo Irã. "Estamos fortalecendo nossos esforços diplomáticos para acabar com a guerra no Iêmen, uma guerra que criou uma catástrofe humanitária e estratégica", disse ele. “Essa guerra deve acabar”, insistiu o democrata.


O fim do apoio americano à coalizão militar liderada pelos sauditas reverte a política de Trump de fornecer assistência logística e vender grandes quantidades de armamento sofisticado. Esta promessa de campanha do democrata é parte de uma revisão mais ampla da política americana no Oriente Médio. A inclusão dos huthis na lista de "organizações terroristas" nos Estados Unidos, outra medida tomada no apagar das luzes do governo Trump, mas criticada por ameaçar a entrega de ajuda humanitária ao Iêmen, que segundo a ONU já é palco da pior crise humanitária na atualidade, está sendo avaliada pela nova administração. Biden deverá anunciar um experiente diplomata de carreira, Timothy Lenderking, como enviado para o Iêmen, segundo informações da agência AFP.


Mianmar e acolhimento de refugiados


Sobre o golpe militar que derrubou esta semana o governo civil de Aung San Suu Kyi em Mianmar, Biden exortou os militares a "renunciar ao poder", sem impor condições. "Os militares birmaneses devem renunciar ao poder que tomaram, libertar os defensores e ativistas que prenderam, suspender as restrições às comunicações e abster-se de toda violência", disse o presidente americano.


Algumas horas antes do pronunciamento, a Casa Branca anunciou que estudava "sanções específicas dirigidas a indivíduos e entidades controladas pelos militares" de Mianmar. “Não há dúvidas: em uma democracia, a força não pode ser usada contra a vontade do povo”, acrescentou o democrata.


Nesta quinta-feira (4), três dias após o golpe, os generais birmaneses ordenaram que os provedores de internet bloqueassem o acesso ao Facebook, uma ferramenta de comunicação essencial no pobre país asiático.


Cumprindo uma promessa de campanha, Biden anunciou uma nova cota anual de acolhimento de refufiados nos EUA, oito vezes superior ao corte histórico promovido por Trump no fim de seu mandato. O país passará a acolher 125.000 refugiados por ano no programa de reinstalação, contra 15.000 previstos no último orçamento anual aprovado por Trump.Tropas na Alemanha 


Em outra guinada em relação a Trump, Biden determinou o congelamento da retirada das tropas americanas na Alemanha. A informação foi antecipada pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, horas antes do pronunciamento de Biden no Departamento de Estado. 


Trump, que mantinha uma relação fria com Berlim, disse em junho que queria reduzir muito o número de militares na Alemanha, de cerca de 35.000 para cerca de 25.000. Posteriormente, o Pentágono especificou que a retirada seria de cerca de 12.000 soldados, com o repatriamento de 6.400 para os Estados Unidos, enquanto os outros 5.600 seriam reposicionados em outros países da OTAN.


A decisão de Trump foi vinculada a seu relacionamento tenso com a Alemanha e a União Europeia sobre questões comerciais, mas levantou preocupações de que ele estivesse enfraquecendo a segurança dos países ocidentais perante a Rússia. 


Mais cedo, Sullivan também mostrou a firmeza do novo governo em relação a Moscou. "Ao contrário do governo anterior, vamos tomar decisões para responsabilizar a Rússia pela série de atividades desestabilizadoras que vem conduzindo", disse o conselheiro de Segurança Nacional, sem dar um cronograma ou detalhes.


Biden, que culpa o Kremlin por um ataque cibernético massivo e o acusa de intromissão nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, rapidamente endureceu a posição de Washington em relação a Moscou.


Os Estados Unidos também denunciaram a prisão de Alexei Navalny, um dos poucos opositores restantes do presidente russo, Vladimir Putin.


Com informações da AFP   


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