Das 21,9 mil mulheres que trabalham na Prefeitura de Curitiba, mais de 12,8 mil têm 45 anos ou mais, ou seja, 58% delas, segundo levantamento do Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal.
O percentual indica a quantidade de mulheres que podem estar próximas de ingressar ou podem já estar na menopausa, etapa da vida feminina na qual elas param de menstruar e não podem mais engravidar. É considerado normal entrar na menopausa entre os 40 e os 55 anos. Em média, as mulheres brasileiras ingressam entre os 48 e os 50 anos.
A nova fase de vida das mulheres desperta dúvidas, angústias e ansiedade em muitas delas.
“Vejo no consultório que algumas mulheres chegam com sua autoimagem abalada. A menopausa não é uma doença, é uma etapa de vida que dura muitos anos, considerando que temos vivido bastante”, comenta a médica ginecologista da Prefeitura Aline Matos, que tem grande experiência na área.
Médica da Unidade de Saúde Santa Felicidade, Aline ressalta que os sintomas que tanto preocupam variam muito de pessoa para pessoa, pois o processo é individualizado. Em algumas mulheres, os sinais podem ser mais leves, dependendo da vida que elas tiveram.
“Existem fatores físicos, acontece uma mudança hormonal que traz consequências para o corpo, aspectos emocionais, culturais, genéticos e até o estilo de vida interfere”, destaca a médica, que lembra ainda que não é apenas um exame de sangue que vai indicar que a mulher está na menopausa. Medir o FSH (hormônio folículo-estimulante) é uma das informações que podem auxiliar na avaliação do médico.
O ano que antecede a interrupção definitiva da menstruação é denominado climatério. É nesta fase que podem aparecer os primeiros sintomas. Dentre eles, são comumente relatados os seguintes: ansiedade, insônia, calor intenso passageiro e súbito e suor.
Algumas mulheres observam mudanças no corpo, tendência a ganhar peso, redução da lubrificação vaginal e da libido. A médica alerta que nesta fase é preciso ter mais cuidados com a alimentação e fazer exercícios físicos, pois aumenta o risco para algumas doenças, como o diabetes, hipertensão, depressão, ansiedade, doenças cardiovasculares e alterações no colesterol (dislipidemia).
Considerados os aspectos culturais, há quem manifeste questões de insegurança e autoestima. “A menopausa é o momento para cada uma de nós parar e olhar para si, para a sua vida, as suas emoções”, sugere.
A partir do ingresso na menopausa, dependendo da mulher, pode haver necessidade de terapia hormonal, que pode ser indicada para aquelas que querem e podem fazer a reposição.
Mulheres que fazem acompanhamento frequente com seu médico ginecologista podem buscar, com ajuda do profissional, as melhores alternativas. Além da medicação, que também pode ser fitoterápica, terapias complementares podem auxiliar, como acupuntura, uso de florais, aromaterapia, ioga, meditação. A escolha depende da mulher, pois a terapia escolhida deve fazer sentido para ela.
Ao falar dos hormônios, Aline compara esta etapa ao momento em que as meninas entram na adolescência.
“Na adolescência, quando acontecem as mudanças hormonais, o corpo das meninas muda, elas podem ficar irritadas, por exemplo. Elas estão buscando sua identidade como mulheres. Na menopausa acontece algo muito parecido. É uma transição da fase adulta para a vida madura. A produção de estrogênio, hormônio responsável por várias questões da vida da mulher, é reduzida”, diz a ginecologista.
Preparação
Se com o avanço da idade as mulheres terão que lidar com a menopausa, a recomendação é para que se preparem ainda jovens, bem antes dos primeiros sinais desta etapa.
“Se você tem 20 ou 30 anos pode começar agora, para que tenha qualidade de vida quando ingressar na menopausa. Quanto mais saudável física e emocionalmente, quanto melhor o estilo de vida, mais fácil será enfrentar as mudanças, que são naturais, e passar por essa fase que, em algumas mulheres, dura décadas”, orienta Aline.
Ela recomenda às mulheres que busquem sempre uma alimentação saudável e que pratiquem alguma atividade física. “Além disso, é fundamental olhar para as emoções. A saúde emocional equilibrada ajuda muito para que as mudanças não sejam tão pesadas.”
A médica ressalta que fatores sociais levam à sobrecarga da mulher dentro das relações e da família. Assim, quando elas chegam na menopausa se dão conta de que não fizeram por si mesmas. Somado a isso, vêm outros desafios, como o momento em que os filhos saem de casa.
Mitos
De acordo com Aline, existem algumas informações que não são verdadeiras e que assombram muitas mulheres. Uma delas está relacionada à atividade sexual. Ela explica que é possível ter uma vida sexual ativa e saudável na menopausa. “Isso não acaba nesta fase. As mulheres começam a viver a sexualidade de uma forma diferente”.
Outro equívoco é pensar que a vida está no fim, pensamento que era comum antigamente. “Começa uma nova fase, a da maturidade. E podemos aproveitar tudo o que aprendemos até ali para viver com saúde”, afirma.