Texto por:RFI
A Itália inicia nesta segunda-feira (26) uma nova fase de flexibilização do lockdown adotado para conter a terceira onda da Covid-19. Paralelamente à reabertura de bares, restaurantes, museus, cinemas e salas de espetáculos, o governo italiano apresenta seu plano para relançar a economia do país.
Depois de quase seis meses de alternância entre períodos rígidos de fechamento de atividades comerciais e reaberturas tímidas, pela primeira vez quase todos os italianos poderão frequentar as áreas externas dos bares e restaurantes. Entretanto, o toque de recolher a partir de 22 horas continua em vigor.
A grande maioria das 20 regiões do país estão agora na zona amarela, que é o nível mais baixo de risco da epidemia. A Itália espera que as reaberturas sejam irreversíveis e representem o início de uma vida normal, após meses de restrições entre a segunda e a terceira ondas da pandemia, com uma média de 300 a 500 mortes diárias.
O chefe do governo italiano, Mario Draghi, que deseja respeitar as recomendações dos especialistas e cientistas para evitar os deslocamentos noturnos e o aumento dos contágios, hospitalizações e mortes, teve que suportar as pressões do extremista de direita Matteo Salvini, o aliado mais incômodo, que pede a reabertura de todo o comércio e o fim das restrições.
Draghi, economista renomado e ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), que assumiu o poder em fevereiro, explicou que assume um "risco calculado" com as aberturas e que as probabilidades de que sejam definitivas dependerão do respeito aos protocolos de segurança e do avanço da campanha de vacinação.
A Itália, com uma população de 60 milhões de habitantes, está administrando quase 350.000 doses de vacinas por dia, mas com fortes disparidades entre as regiões.
Plano de retomada econômica de bilhões de euros
Paralelamente, a terceira maior economia da zona do euro, que perdeu no ano passado um milhão de empregos e registrou queda do PIB de 8,9%, será submetida a uma verdadeira terapia de choque graças aos fundos para a recuperação econômica destinados pela União Europeia.
A Itália vai receber a maior parte do fundo europeu, € 191,5 bilhões (US$ 231,6 bilhões) em subsídios e empréstimos e planeja usar recursos nacionais de mais de € 30 bilhões (mais de US$ 36,2 bilhões) para alcançar um montante total de € 222,1 bilhões (US$ 268,6 bilhões) em verbas.
O primeiro-ministro detalha nesta segunda-feira, no Parlamento, o plano de aplicação dos recursos. O projeto quinquenal foi estruturado em seis áreas, que visam desenvolver a internet de alta velocidade (digitalização de empresas), energias renováveis, renovação de infraestruturas (rodovias e ferrovias), educação, saúde e inclusão social.
A transição ecológica, os projetos de energia com hidrogênio e fontes renováveis, assim como a digitalização do país, são pontos considerados cruciais para os europeus. Para reduzir a brecha entre o norte desenvolvido e o sul pobre da península, entre homens e mulheres, entre gerações, a Itália preparou um plano colossal, que representa um desafio para um país que não cresce há vários anos.
Draghi precisa estimular em cinco anos um notável crescimento do PIB e, ao mesmo tempo, lidar com a classe política, que até o momento não mostra a união necessária ante o desafio histórico.
Com informações da AFP