O ex-banqueiro de direita Guillermo Lasso foi empossado como presidente do Equador em um ato celebrado, nesta segunda-feira (24), em Quito. O novo chefe de Estado substitui Lenín Moreno e herda um país em plena crise econômica, social e sanitária.
Com informações da AFP e de Éric Samson, correspondente da RFI em Quito
Este membro do Opus Dei, de 65 anos, foi juramentado por Guadalupe Llori, presidente da Assembleia Nacional, como estabelece a Carta Magna. A cerimônia foi realizada diante da presença dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, da República Dominicana, Luis Abinader, e do Haiti, Jovenel Moise, assim como do rei da Espanha, Felipe VI. A Secretaria de Comunicação havia antecipado a presença na posse dos presidentes da Colômbia, Iván Duque, do Chile, Sebastián Piñera, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, mas eles não compareceram.
Com uma aceitação de 60,5% dos equatorianos, Lasso substituiu Lenín Moreno, que chegou à Presidência impulsionado pelo ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017) e depois se tornou seu adversário político. Moreno deixa o poder com uma taxa de 9,3% de aprovação popular.
Após uma década de instabilidade institucional (1997-2007), em que o Equador teve sete presidentes – três deles destituídos – e da era correista, Lasso é o primeiro direitista a ser eleito. Para o seu mandato de quatro anos, ele promete um "governo do encontro" que procurará ultrapassar a polarização entre o correismo e o anticorreismo.
O ex-banqueiro herda uma nação em crise generalizada, que se aprofundou com a Covid-19. O Equador é o sétimo país da América Latina em número de casos (418.851), com mais de 20 mil mortes registradas.
Do ponto de vista econômico, os equatorianos registraram uma queda de 7,8% em seu Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. E mesmo se o país deve crescer 3% em 2021, a taxa não será suficiente para lutar contra o desemprego e o aumento da pobreza.
Muitas necessidades e poucos recursos
Lasso reconheceu que vai enfrentar uma realidade “muito complexa, com necessidades ilimitadas”, em um país que tem recursos “muito, muito limitados”. Ele prometeu uma reforma fiscal audaciosa, que visa favorecer os investimentos, principalmente no setor turístico. O novo presidente também prevê uma campanha agressiva de privatização, além de um sistema de concessões das refinarias, estradas e outros ativos do Estado.
Mas seu plano de governo ainda terá que ser validado por um Congresso, no qual o novo presidente não dispõe de maioria legislativa. Seu programa de tendência liberal pode desagradar principalmente os deputados indígenas e de centro-esquerda, com os quais seu movimento, o Criando Oportunidades (CREO), teve que se alinhar para conseguir uma frente na Assembleia Legislativa.