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Caso Pegasus: Macron e rei do Marrocos estariam entre os alvos

 

Texto por: RFI  ⌚5 min


O presidente francês, Emmanuel Macron, e o rei Mohammed VI, do Marrocos, estão na lista de alvos potenciais para o software Pegasus, divulgaram nesta terça-feira (20) mídias membros do consórcio que revelaram o escândalo de espionagem de jornalistas, ativistas e políticos.


O caso, revelado no domingo (18), está agora nas mãos da justiça francesa, que abriu uma investigação nesta terça-feira para examinar a denúncia de jornalistas espionados com o auxílio do software da empresa israelense NSO. As revelações deste caso acusam o Marrocos, que rejeita qualquer acusação.


Mas na terça-feira o diário Le Monde, membro do consórcio de mídia, revelou que os números de telefone de Emmanuel Macron, assim como do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe e 14 membros do governo, apareceram "na lista de números selecionados por um serviço de segurança do Estado marroquino, utilizador do software de espionagem Pegasus, para uma potencial pirataria".


"Encontramos esses números de telefone, mas obviamente não fomos capazes de realizar uma investigação técnica no telefone de Emmanuel Macron" para verificar se ele havia sido infectado por este software e, portanto, "isso não nos diz se o presidente foi realmente espionado", explicou Laurent Richard, diretor da organização Forbidden, que, junto com a Anistia Internacional, obteve uma lista de 50 mil números de telefone selecionados por clientes da NSO desde 2016 e a compartilhou com um consórcio de 17 veículos de comunicação.


Fatos "muito graves"


"Se os fatos forem verdadeiros, eles são obviamente muito graves. Toda a luz será lançada sobre essas revelações da imprensa", reagiu a presidência francesa, questionada pela AFP. Além disso, de acordo com a unidade de investigação da Rádio França, o rei do Marrocos, Mohammed VI, e sua comitiva também estão "na lista de alvos potenciais".


Para o Washington Post, outro membro do consórcio, a lista contém números de outros dois presidentes, o iraquiano Barham Saleh e o sul-africano Cyril Ramaphosa. O diário americano também apresenta os nomes de três primeiros-ministros em exercício, o do Paquistão, Imran Khan, do Egito, Mostafa Madbouli, e do Marrocos, Saad-Eddine El Othmani, de um total de sete primeiros-ministros de quando foram selecionados na lista, incluindo o libanês Saad Hariri, o ugandense Ruhakana Rugunda e o belga Charles Michel.


De acordo com as revelações do consórcio, o atual presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, também teria sido visado pelo software Pegasus, usado pelo governo mexicano quando ele era chefe da oposição ao presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018). “A espionagem deve ser usada para combater o crime, proteger os cidadãos e não para monitorar oponentes, líderes políticos, líderes partidários, chefes de grandes empresas, igrejas”, reagiu Obrador nesta terça-feira.


No domingo, o grupo de mídia revelou que dois jornalistas do Mediapart, incluindo o fundador do site de notícias francês, Edwy Plenel, estavam entre os mais de 180 jornalistas espionados em todo o mundo em nome de diferentes Estados, neste caso o Marrocos. O site de notícias apresentou uma reclamação nesta segunda-feira (19). Também alvo desta espionagem atribuída ao Marrocos, o semanário Le Canard Enchaîné decidiu apresentar queixa.


Investigação é aberta em Paris


A associação Repórteres Sem Fronteiras anunciou que apresentou uma reclamação em Paris. A RSF defende em particular os jornalistas franco-marroquinos Omar Brouksy e Maâti Monjib, opositores também vítimas do software.


Para o Mediapart, o objetivo desta espionagem era tentar "silenciar jornalistas independentes no Marrocos, procurando saber como estávamos investigando essa área". Estas informações são "falsas alegações desprovidas de qualquer fundamento", defendeu o governo marroquino.


De acordo com a investigação publicada domingo pelo consórcio de 17 meios de comunicação internacionais, o software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group, teria permitido espionar telefones de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes empresariais de diferentes países.


O Pegasus, ao ser introduzido em um smartphone, permite recuperar mensagens, fotos, contatos e até ouvir ligações do proprietário do celular. As revelações geraram indignação em organizações de direitos humanos, mídia e líderes políticos em todo o mundo. A NSO, regularmente acusada de jogar o jogo dos regimes autoritários, garante que seu software é usado apenas para obter informações contra redes criminosas ou terroristas.


(Com informações da AFP)

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