Texto por: RFI ⌚3 min de leitura
O governo do presidente Joe Biden transferiu seu primeiro prisioneiro da base militar norte-americana de Guantánamo: trata-se de um marroquino que foi repatriado, anunciou o Pentágono nesta segunda-feira (19). Uma forma do atual inquilino da Casa Branca retomar a obra inacabada de Barack Obama e fechar definitivamente uma das prisões mais polêmicas do mundo.
"O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira a transferência de Abdellatif Nacer do centro de detenção de Guantánamo para o Reino do Marrocos", disse o Pentágono em um comunicado, acrescentando que 39 pessoas ainda se encontram presas no local.
A libertação de Abdellatif Nacer, que nunca foi formalmente acusado, foi recomendada pelo governo Obama em 2016, "sujeita a garantias de segurança e tratamento humano", segundo o Pentágono. Mas ele permaneceu preso durante toda a presidência de seu sucessor, Donald Trump.
Obama havia ordenado o fechamento de Guantánamo em janeiro de 2009, quando chegou ao poder, incentivando a ideia de que os presos fossem julgados por tribunais civis. Mas a decisão, muito impopular, foi bloqueada no Congresso norte-americano.
O ex-presidente democrata preferiu então libertar discretamente centenas de detidos cuja libertação havia sido aprovada pelo Comitê de Revisão da Presidência (PRB). Essas solturas foram interrompidas por Donald Trump.
Bem "comprometido" com o fechamento de Guantánamo
O ex-vice-presidente de Obama, Joe Biden, "continua comprometido" com o fechamento de Guantánamo, garantiu sua porta-voz, Jen Psaki, em abril.
O governo Biden "está empenhado em seguir um processo cuidadoso e completo para reduzir, com responsabilidade, o número de detidos em Guantánamo, preservando a segurança dos Estados Unidos e de seus aliados", disse o Departamento de Estado no comunicado oficial.
A prisão de Guantánamo foi inaugurada em 2002, em território norte-americano em Cuba, para deter membros da Al-Qaeda e supostos cúmplices dos autores dos atentados de 11 de setembro de 2001. A prisão se tornou uma pedra no sapato de Washington, acusada de detenção ilegal, violações dos direitos humanos e tortura.
O centro de detenção chegou a receber até 780 "prisioneiros de guerra", a maioria deles encarcerados, apesar das frágeis evidências de seu envolvimento em qualquer crime. Muitos foram torturados em locais secretos da CIA antes de serem transferidos para Guantánamo. Apenas dez deles foram formalmente acusados.
(Com agências)