O sonho do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi concretizado nesta terça-feira (29) por seu opositor e atual ministro das Relações Exteriores israelense, Yair Lapid. O arquiteto da coalizão no poder em Israel, que deve ocupar o cargo de premiê em dois anos, foi o primeiro alto responsável israelense a fazer uma visita oficial aos Emirados Árabes Unidos. Os dois países normalizaram as relações bilaterais em agosto de 2020.
Com informações do correspondente da RFI em Jérusalém, Sami Boukhelifah, e AFP
Yair Lapid foi convidado pelo chanceler dos Emirados, Abdallah ben Zayed Al-Nahyane, para uma visita de dois dias. "Estou orgulhoso de representar o Estado de Israel em uma primeira visita oficial aos Emirados Árabes Unidos. Obrigado pela recepção calorosa", tuitou Lapid em hebraico e árabe após desembarcar em Abu Dhabi.
עושים היסטוריה: גאה לייצג את מדינת ישראל בביקור רשמי ראשון באיחוד האמירויות. תודה על קבלת הפנים החמה. 🇮🇱 🇦🇪
— יאיר לפיד - Yair Lapid🟠 (@yairlapid) June 29, 2021
نصنع التاريخ: فخور بتمثيل دولة إسرائيل في أول زيارة رسمية إلى الإمارات العربية المتحدة. شكرا على الترحيب الحار pic.twitter.com/sxVXPYcghQ
A visita foi descrita por Lapid como "histórica". "O que fazemos aqui hoje não é o fim do trajeto, é o começo", acrescentou Lapid no Twitter, onde também publicou uma foto sua com uma "mezuzá", pequena caixa com um pergaminho que contém versículos da Torá. O objeto, que os judeus costumam colocar nos umbrais das portas, principalmente na entrada das casas, representa a aliança com Deus.
"Devemos conectar nossas economias e fazê-las prosperar", disse, pedindo a todos os países árabes da região para "reconhecer" Israel.
Durante sua visita, Lapid terá ainda reuniões com o chanceler Abdallah ben Zayed Al-Nahyan e com autoridades da área econômica dos Emirados.
Discrição da mídia
Apesar da visita inédita, o chanceler israelense não foi recebido na pista do aeroporto por nenhuma autoridade e encontrou uma escassa cobertura de imprensa. A discrição contrasta com os grandes anúncios e com o tom de celebração dos primeiros meses de normalização das relações entre os dois países, há quase um ano.
A viagem de Lapid coincide com um aumento da tensão nos territórios palestinos ocupados por Israel. Os países árabes, entre eles os Emirados e Bahrein, criticaram a repressão contra as manifestações palestinas por parte das forças israelenses em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel.
Além disso, os bombardeios israelenses à Faixa de Gaza, condenados pela população do Golfo nas ruas e nas redes sociais, também deixaram os novos aliados comerciais de Israel num impasse.
Impulsionados pela administração do ex-presidente americano Donald Trump, Bahrein, Marrocos e Sudão também assinaram acordos de normalização das relações com Israel, durante o governo de Netanyahu.
Os palestinos denunciaram essas aproximações como uma "traição". Até então, a resolução do conflito israelense-palestino era uma condição prévia indispensável para qualquer normalização das relações com Israel.