Texto por: RFI ⌚5 min
O democrata Andrew Cuomo renunciou nesta terça-feira (10) ao cargo de governador de Nova York. Em uma declaração pública, ele negou as acusações e afirmou que a denúncia não tem bases credíveis e que seus advogados já encontraram diversas falhas no processo. Ele é acusado de assédio sexual por 11 mulheres.
Em discurso transmitido ao vivo, o governador reafirmou sua inocência e criticou o que considera uma campanha de demonização contra ele. Cuomo disse ainda que deixaria o cargo para que o caso não atrapalhe o governo de Nova York.
“Creio que, dadas as circunstâncias, a melhor maneira de ajudar neste momento é sair e deixar que o governo volte a ser governo”, afirmou.
Sua renúncia será efetivada dentro de 14 dias, quando Kathy Hochul assumirá o posto.
Addressing the people of New York. Watch LIVE: https://t.co/0DOItVsW23
— Andrew Cuomo (@NYGovCuomo) August 10, 2021
A decisão do democrata encerra uma crise que dura meses e atinge o seio do governo dos Estados Unidos. No cargo desde 2011, e reeleito em dois pleitos, Cuomo foi acusado pela primeira vez de assédio sexual em fevereiro. Desde então, o número de antigas funcionárias que declararam ter sofrido cantadas do político ou terem sido alvo de gestos inapropriados da parte do governador só aumentaram.
Nas últimas semanas, o partido democrata e mesmo o presidente Joe Biden já haviam pedido a Cuomo que deixasse o cargo para responder ao processo. No entanto, o político de 63 anos tomou a decisão apenas após o aumento da pressão do Legislativo, que preparava um processo de impeachment contra ele.
Vítima deu entrevista à televisão
Na segunda (9), uma das mulheres a denunciar Andrew Cuomo por assédio sexual saiu do anonimato e deu uma entrevista à televisão, na qual narrou como seu "trabalho dos sonhos" virou "um pesadelo".
Brittany Comisso deu detalhes sobre o cotidiano de assédio sofrido por ela durante o tempo que trabalhou como assistente de direção ao lado de Cuomo. De acordo com ela, o governador passou de "abraços de despedida" a "abraços cada vez mais apertados com beijos na bochecha". Brittany conta que, em uma ocasião, Cuomo "virou rapidamente o rosto para me beijar na boca".
Comisso é uma das onze mulheres citadas no relatório divulgado na semana passada pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que acusa Cuomo de assédio sexual. No documento, ela é identificada de maneira anônima como "assistente de direção #1".
Na conversa televisionada, Commisso também lembrou de dois incidentes mencionados no relatório, o primeiro quando o governador teria agarrado sua bunda ao tirar uma 'selfie', e depois, em novembro de 2020, em sua residência oficial, quando teria passado a mão por baixo de sua blusa até tocar seus seios.
"Talvez ele pensasse que isso era normal. Mas para mim e as outras mulheres com quem ele fez isso, não foi normal. Não foi bem-vindo e certamente não foi consensual", afirmou Commisso.
No discurso realizado nesta terça, Cuomo disse ter sido "muito informal com as pessoas". "Abraço e beijo as pessoas casualmente, as mulheres e os homens. Fiz isso por toda a minha vida", continuou.
O governador, no entanto, pediu desculpas para qualquer mulher que possa ter se sentido ofendida pelas suas ações.
Demissão de colaboradora
A entrevista foi ao ar dias depois que Melissa DeRosa, descrita pela mídia de Nova York como uma das colaboradoras mais próximas do governador, apresentou sua demissão.
De Rosa foi apontada no relatório da promotoria de Nova York como parte de um grupo que tentava proteger o governador com a retaliação das mulheres que o acusavam. Em sua carta de renúncia, DeRosa escreveu que os últimos dois anos "foram emocional e mentalmente difíceis".
(Com informações da AFP)