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Apesar de arquibancadas vazias, Paralimpíada de Tóquio deve ser edição mais assistida da história


Os Jogos Paralímpicos de Tóquio começam na próxima terça-feira (24) e a expectativa de audiência pela televisão e pelas redes sociais é alta. Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, disse, em entrevista à RFI, que esta deve ser “a paralimpíada mais assistida da história”. Por outro lado, as arquibancadas estarão vazias, devido às restrições provocadas pela pandemia de Covid-19. 

Enquanto o público está impedido de assistir aos Jogos Paralímpicos in loco, os atletas estão lidando com uma série de restrições durante sua estadia em Tóquio. Os esportistas não podem passear pela capital nem visitar o resto do Japão. “É uma convivência muito mais restrita no que diz respeito por exemplo à alimentação, ao convívio com atletas de outros países. Realmente vai ser uma experiência bem diferente para eles”, disse Parsons.

Para o tenista Ymanitu Silva, Top 10 do ranking mundial há quatro anos, competir sem público será uma das experiências mais singulares destes Jogos Olímpicos.

“Vai ser uma sensação estranha, a gente ver as arquibancadas vazias”, disse. Ele relembra quando disputou as quartas de final no Rio de Janeiro, em uma quadra que tinha de seis a oito mil pessoas gritando seu nome. “É uma sensação e um carinho que vou guardar para o resto da vida.”

A pandemia também trouxe obstáculos para a preparação dos atletas desde o início do ano passado. Silva ficou apenas 15 dias sem treinar, mas como o circuito mundial de tênis foi paralisado, não pôde competir contra atletas que irá enfrentar em Tóquio.

As competições que antecedem o evento mundial são importantes para avaliar o jogo dos rivais e criar melhores táticas para encará-los

No entanto, Silva diz que conta com a sua experiência para entrar em campo com calma. “Claro que sempre vai ter aquela ansiedade e frio na barriga, mas vou entrar com muita calma e saber que tudo o que venho fazendo nesses anos é um trabalho de qualidade”, disse. 

Para a nadadora Maria Carolina Santiago, que conquistou a medalha de ouro no Mundial de 2019, em Londres, pelo nado livre, as competições internacionais fizeram falta. Desde 2020, ela só pôde competir na seletiva paralímpica do próprio centro de treinamento brasileiro.

Além disso, Maria Carolina precisou fazer uma pausa de dois meses nos treinos em 2020, quando as piscinas fecharam por causa da pandemia. De toda forma, está confiante. Assim como Silva e os demais atletas brasileiros, a nadadora passou por um período de adaptação no Japão, para se acostumar ao fuso-horário, e já começou os treinos no centro aquático de Tóquio. 

“Eu gostei demais da piscina, de todo o centro aquático, eu acho que esses jogos têm tudo para serem uma competição maravilhosa. Eu acho que esse vai ser o maior evento esportivo paralímpico e eu estou muito feliz de participar dele”, disse. 

Os atletas brasileiros também falaram sobre o alto nível dos competidores, o que mostra que a qualidade dos esportistas com deficiência está crescendo. “Eu estou muito animada para os jogos, vai ser uma competição muito forte, todos os atletas vão chegar aqui em sua melhor forma, preparados. Se no mundial a gente já teve conquista de medalha por causa de um centésimo, aqui não vai ser diferente”, concluiu Maria Carolina.

Mais visibilidade  ao esporte paralímpico

Maria Carolina espera que os Jogos de Tóquio ajudem a trazer mais visibilidade para o esporte paralímpico. Ela cita o exemplo dos centros paralímpicos brasileiros, nos quais crianças com deficiência podem escolher uma modalidade que, no futuro, poderá mudar suas vidas.

A Paralimpíada é uma oportunidade de atrair mais investimentos privados e por parte de governos. “A gente só tem a ganhar com a visibilidade que temos durante os jogos”, disse a nadadora.

O Comitê Paralímpico Internacional lançou, na última semana, a campanha #WeThe15, um movimento global organizado em parceria com a ONU, o setor privado e organizações esportivas para “transformar a vida” dos 15% da população que vivem com deficiências no mundo. O objetivo é justamente trazer visibilidade para a causa e combater preconceitos.

  • Fonte: RFI
  • Por:Camila Luz


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