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Mundo: 90% da população de Tigray, na Etiópia, precisa de ajuda humanitária BR


Mais de oito meses de conflito deixaram a maioria dos civis num estado de fome e de insegurança; 100 mil crianças correm o risco de ficarem desnutridas; subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários faz primeira visita à região.

Os oito meses de conflitos armados na região de Tigray, norte da Etiópia, já afetam 90% da população da área. Segundo o Escritório das Nações Unidas para Assistência Humanitária, Ocha, são 5,2 milhões de pessoas enfrentando fome e o nível de desnutrição nas crianças é “extremamente preocupante”.

Nesta sexta-feira, em Genebra, o porta-voz do Ocha, Jens Laerke, explicou que as plantações agrícolas foram destruídas, o que prejudica ainda mais a segurança alimentar. 

Plantações Destruídas 

Laerke lembrou que a onda de violência começou em novembro, época das colheitas. Na altura, 25% das plantações tinham sido destruídas por gafanhotos. 

Mas segundo o porta-voz, 90% das colheitas que não haviam sido afetadas pelos insetos acabaram sendo completamente destruídas pela violência, com saques e incêndios. Além disso, o gado tem sido morto. 

O subsecretário-geral da ONU para Assistência Humanitária está visitando Tigray pela primeira vez. Martin Griffiths terá encontros com representantes do governo da Etiópia e assistentes humanitários, para entender como as Nações Unidas podem ampliar a ajuda à população. 

Violência Sexual 

A ONU calcula serem necessários, por semana, 500 caminhões com alimentos e outros itens básicos, mas esses veículos não conseguem acessar a área. A população de Tigray também está sendo vítima de “terríveis violações de direitos humanos, com estupros servindo de tática de guerra”. 

Segundo o porta-voz do Ocha, mais de 1,6 mil casos de violência sexual foram reportados desde o início do conflito. Dos 40 hospitais da área, apenas 16 estão funcionando e as sobreviventes ficam sem receber assistência. 

Jens Laerke destaca ainda que milhares de pessoas podem ter sido assassinadas, mas não existe uma contagem oficial das vítimas. Cerca de 2 milhões de pessoas estão deslocadas e existe também uma crise de saneamento, que pode causar surto de várias doenças. 

Crianças Desnutridas 

O porta-voz explica ainda que no último mês, apenas um comboio de 150 caminhões carregando suprimentos conseguiu entrar em Tigray. A falta de alimentos coloca em risco a vida de milhares de menores de idade.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, calcula que 100 mil crianças em Tigray podem sofrer de desnutrição aguda nos próximos 12 meses, um número 10 vezes maior do que a média anual. 

Dados do Unicef apontam ainda que quase metade das grávidas e das mulheres que estão amamentando estão desnutridas, o que aumenta o risco de complicações na gravidez e no parto e chances de bebês doentes,que podem acabar morrendo.

O Unicef lembra que “a crise alimentar e de nutrição em Tigray é causada pelo conflito armado e por isso, só pode ser resolvida pelos lados em confronto. A agência pede às partes que cumpram com a obrigação fundamental de proteger as crianças.”

  • Fonte: ONU News
  • Perspectiva Global Reportagens Humanas



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