Após semanas de tensões com o Parlamento, que pedia a saída de vários ministros, o controverso primeiro-ministro Guido Bellido apresentou sua demissão na noite de quarta-feira (6) e foi substituído por Mirtha Lopez, advogada, feminista, ecologista e defensora dos direitos humanos. Um novo gabinete ministerial foi formado em seguida.
Wyloen Munhoz Boillot, correspondente da RFI em Lima
Em uma mensagem ao país retransmitida pela televisão na tarde de quarta-feira, o presidente peruano, Pedro Castillo, anunciou que tinha aceito a demissão do primeiro-ministro. Na verdade, o chefe de Estado pediu a Bellido se retirar “em nome da governabilidade”.
Mirtha Vazquez, de 46 anos, prestou juramento na presença do presidente, durante uma cerimônia no palácio do governo, retransmitida pela emissora pública de televisão. “Por Deus, por este país de mulheres e homens, que todos os dias lutam para viver na dignidade, sem discriminação e que promovem verdadeiras mudanças, sim, eu juro”, declarou a nova primeira-ministra.
O presidente espera colocar fim às tensões que marcaram os primeiros meses de seu mandato.
Polêmicas
Desde sua nominação, Bellido foi alvo de duras críticas de deputados de diferentes partidos sobre sua falta de preparo e, sobretudo, pela proximidade com Vladimir Cerron, fundador e chefe do Peru Livre, partido de esquerda radical cujo apoio permitiu ao professor e ex-sindicalista ser eleito presidente.
Mas o primeiro-ministro foi criticado sobretudo por declarações polêmicas e provocativas, na maioria das vezes pelas redes sociais, nas quais contradizia o presidente. Castillo ameaçou nacionalizar o gás de Camisea, dias depois de Bellido encontrar, nos Estados Unidos, empresários e investidores e garantir que seu governo não tomaria essa medida.
A presidente do Congresso, Maria Carmen Alva, usou o Twitter para parabenizar o presidente pela decisão, e garantiu que “o Congresso está aberto ao diálogo e a governabilidade”.