Na Audiência Geral, Francisco falou do "tesouro" que só é apreciado quando o perdemos: a liberdade. A fonte da nossa liberdade está precisamente no ponto onde acabamos despojados dela, isto é, na morte de Cristo. É o mistério de Deus. "Jesus realiza sua plena liberdade ao entregar-se à morte; sabe que só assim pode obter vida para todos."
Cidade do Vaticano – Bianca Fraccalvieri
A liberdade cristã foi o tema da catequese do Papa Francisco, que se reuniu com milhares de fiéis na Sala Paulo para a Audiência Geral.
O Pontífice deu continuidade ao ciclo sobre a Carta aos Gálatas, comentando alguns versículos do quarto capítulo, em que o Apóstolo afirma que “é para a liberdade que Cristo nos libertou”.
O Papa explicou que Paulo não podia suportar que aqueles cristãos, depois de terem conhecido e acolhido a verdade de Cristo, se deixassem atrair por propostas enganosas, passando da liberdade à escravidão: da presença libertadora de Jesus à escravidão do pecado, do legalismo e assim por diante. “Não se pode forçar em nome de Jesus, ninguém pode ser feito escravo em nome de Jesus que nos torna livres”, disse Francisco. "Uma pregação que impedisse a liberdade em Cristo nunca seria evangélica."
O Papa prosseguiu explicando que a liberdade cristã é fundada sobre dois pilares fundamentais: primeiro, a graça do Senhor Jesus.
“Antes de tudo, é dom do Senhor. A liberdade que os Gálatas receberam - e nós como eles - é fruto da morte e ressurreição de Jesus. (...) Ali mesmo, onde Jesus se deixou cravar, Deus colocou a fonte da libertação radical do ser humano. Este é o mistério do amor de Deus! Jesus realiza sua plena liberdade ao entregar-se à morte; sabe que só assim pode obter vida para todos.
A verdade através da inquietude
O segundo pilar da liberdade é a verdade. É preciso recordar que a verdade da fé não é uma teoria abstrata, mas a realidade de Cristo vivo:
“Quantas pessoas que não estudaram, que não sabem ler ou escrever, mas que entenderam bem a mensagem de Cristo, têm esta sabedoria que as torna livres, sem estudo. É a sabedoria de Cristo que entrou através do Espírito Santo no Batismo. Quantas pessoas encontramos que vivem a vida de Cristo mais do que os grandes teólogos, por exemplo. Elas são um grande testemunho da liberdade do Evangelho“, disse o Papa.
“A liberdade torna livres na medida em que transforma a vida de uma pessoa e a direciona para o bem”, acrescentou Francisco.
“A verdade deve nos inquietar, voltemos a esta palavra muito, muito cristã: inquietude. Sabemos que existem cristãos que nunca, nunca se inquietam: vivem sempre o mesmo, não há movimento em seus corações, não há inquietude. Por que? Porque a inquietude é o sinal de que o Espírito Santo está trabalhando dentro de nós, e a liberdade é uma liberdade ativa, com a graça do Espírito Santo. É por isso que eu digo que a liberdade deve nos inquietar, deve continuamente nos fazer perguntas, para que possamos cada vez mais aprofundar sobre quem realmente somos.”
Todavia, o caminho da verdade e da liberdade é um caminho difícil, que dura a vida inteira. “Um caminho no qual somos guiados e apoiados pelo Amor que vem da Cruz: o Amor que nos revela a verdade e nos dá a liberdade. E este é o caminho da felicidade.”