O diretor artístico responsável pelas coleções de moda masculina da Louis Vuitton e da marca Off White, Virgil Abloh, morreu aos 41 anos. A informação foi confirmada pelo grupo LVMH, proprietário da maison francesa. Vítima de um câncer, o estilista norte-americano entrou para a história ao se tornar um dos primeiros negros à frente de uma grife de luxo internacional.
Silvano Mendes, de Paris RFI
“O grupo LVMH, a maison Louis Vuitton e Off White têm a imensa dor de anunciar a morte de Virgil Abloh, vítima neste domingo 28 de novembro de um câncer que ele combatia há anos”, anunciou nas redes sociais o grupo líder mundial do luxo.
“Estamos em choque com essa notícia horrível”, declarou o presidente do grupo, Bernard Arnault. “Virgil não era apenas um gênio e um visionário. Ele era também uma bela alma e um homem de uma grande sabedoria”, completou o executivo.
Le groupe LVMH, la Maison Louis Vuitton et Off White ont l’immense douleur d’annoncer la disparition de Virgil Abloh, terrassé ce dimanche 28 novembre par un cancer qu'il combattait depuis plusieurs années. pic.twitter.com/MMAFKf8bki
— LVMH (@LVMH) November 28, 2021
"Durante mais de dois anos Virgil lutou com valentia contra uma forma rara de câncer. Ele escolheu manter essa batalha no âmbito privado", declarou a família do estilista em sua conta no Instagram.
Abloh foi contratado pelo líder mundial do luxo em 2018, após ter conquistado o sucesso com sua própria marca, Off White, que desde julho deste ano também pertence ao grupo.
Engenheiro civil e arquiteto de formação, mas DJ nas horas vagas, ele ficou famoso graças à sua criatividade e ao ecletismo das colaborações que realizou com várias empresas.
Sua entrada no grupo LVMH foi vista como um novo fôlego para a marca que, como todos os atores do luxo, busca atrair a atenção de uma clientela mais jovem – a mesma que seguia de perto os projetos do estilista nas redes sociais, assim como sua relação fraterna com Kanye West, seu amigo de longa data e que muitos viam como seu pigmaleão.
Dotado de um talento estético, mas também de um tino comercial, o norte-americano começou na moda customizando camisas e camisetas em seu concept store de Chicago. Na época, ela comprava as peças em pontas de estoque por US$ 80 e as revendia por US$ 500.
Símbolo da diversidade
Mas o estilista era bem mais que um bom designer ou um homem de negócios antenado. Filho de imigrantes originários do Gana, ele se tornou, ao assinar com a Vuitton, um dos primeiros negros à frente de uma marca de luxo de impacto mundial.
Se hoje nomes como Grace Wales Bonner, Kerby Jean-Raymond, Kenneth Ize ou ainda Thebe Magugu fazem sucesso nesse universo conhecido por seu elistimo, durante muito tempo eles se contavam nos dedos de uma mão (Ozwald Boateng na Givenchy no início dos anos 2000 e, há pouco mais de dez anos, Olivier Rousteing na Balmain).
Ao assumir o cargo, Abloh se disse consciente de quão simbólica era a sua escolha. Na época, ele declarou que esperava “mostrar à jovem geração que não há apenas uma forma de ser a pessoa que assume esse tipo de cargo”.