Um tribunal dos Estados Unidos autorizou na noite de terça-feira (9) que os documentos relacionados à invasão do Capitólio por apoiadores de Donald Trump, ocorrida em 6 de janeiro, sejam entregues a uma comissão de investigação do Congresso, apesar das tentativas do ex-presidente de evitar essa medida.
"O tribunal considera que o interesse público é permitir, e não proibir, a vontade combinada dos poderes Legislativo e Executivo de investigar os acontecimentos que ocorreram e conduziram ao 6 de janeiro", escreveu a juíza federal Tanya Chutkan em sua decisão.
Trump queria impedir que a Comissão de Investigação da Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, recebesse centenas de documentos, incluindo a lista de pessoas que o visitaram ou telefonaram para ele no dia do ataque ao Capitólio.
Os advogados de Donald Trump acharam que o pedido da comissão era muito amplo e não tinha propósito legislativo, relata o correspondente da RFI Guillaume Naudin, em Washington. Pelo contrário, a juiza considerou que a vontade dos poderes Executivo e Legislativo de investigar os acontecimentos de 6 de janeiro e de legislar para que não voltem a acontecer é de interesse geral.
Conteúdo dos documentos
As mais de 770 páginas de documentos incluem também material sobre as atividades de seu ex-chefe de gabinete Mark Meadows, o ex-conselheiro sênior Stephen Miller e do ex-conselheiro adjunto Patrick Philbin.Trump também pretendia manter em sigilo o diário da Casa Branca, um registro de suas atividades, viagens, reuniões e ligações telefônicas.
Outros documentos que o ex-presidente não queria liberar o acesso ao Congresso são os memorandos dirigidos a sua ex-secretária de imprensa, Kayleigh McEnany, uma nota manuscrita sobre os acontecimentos de 6 de janeiro e um rascunho do discurso que Trump fez em um comício pouco antes do ataque.O republicano invocou o direito do Poder Executivo de manter certas informações em sigilo.
Os advogados de Trump mostraram intenção de apelar da decisão, segundo o jornal "Washington Post".
A comissão da Câmara que investiga a invasão do Congresso iniciou na terça-feira uma nova rodada de intimações de membros do círculo do ex-presidente, incluindo Kayleigh McEnany, que foi porta-voz da Casa Branca.
Dia fatídico
Em 6 de janeiro, milhares de simpatizantes do presidente republicano invadiram a Câmara de Representantes dos Estados Unidos em uma tentativa de bloquear a validação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
Pouco antes do ataque, Trump discursou para uma multidão a centenas de metros do Capitólio e denunciou, sem apresentar provas, que foi vítima de fraude nas eleições presidenciais de novembro de 2020.
A investigação parlamentar quer ouvir os depoimentos de funcionários próximos ao ex-presidente que possam revelar o que Trump sabia sobre o ataque antes que acontecesse e o que fez durante e depois da ação de seus simpatizantes.
(com informações da RFI e da AFP)