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“Cúpula da Democracia” reúne 110 líderes para debater medidas contra o autoritarismo

O governo americano realiza nesta quinta-feira (9) a “Cúpula da Democracia”. O evento virtual traz uma lista de mais de uma centena de convidados, muitos com questionáveis credenciais democráticas.

O Presidente Joe Biden fala enquanto se encontra virtualmente com o Presidente chinês Xi Jinping da Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington, em 15 de novembro de 2021. Biden está pronto para exortar os participantes da primeira Cúpula da Casa Branca para a Democracia a reverter uma "recessão" contínua da democracia que está jogando um tempo de crescente autoritarismo ao redor do globo e pressões extraordinárias sobre as instituições fundacionais nos Estados Unidos. AP - Susan Walsh

Luiza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

A presença do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é um dos alvos de críticas. China e Rússia não estão entre os participantes e Singapura, Turquia e Hungria também ficaram de fora, enquanto aliados europeus e asiáticos ganharam espaço. A cúpula deve discutir modelo de sanções e ações para combater a corrupção, proteger os direitos humanos e resistir a “ameaças aos sistemas democráticos”. 


No encontro, representantes dos países farão discursos em vídeo de menos de cinco minutos cada. Não é esperado que eles anunciem compromissos durante a cúpula, mas, a seguir, devem se comprometer com um conjunto de ações. Resultados devem ser apresentados em uma nova reunião, que está programada para o segundo semestre de 2022. Além de representantes de governos, estão presentes membros de organizações da sociedade civil e lideranças jovens. O formato será semelhante à versão virtual da Assembleia Geral da ONU, devido à pandemia da Covid-19. Influência americana


O presidente americano, Joe Biden, tenta reforçar alianças e recuperar a posição de liderança americana no cenário global. A reunião de países ditos “democráticos” também deixa de fora os dois maiores adversários americanos: China e Rússia. Com isso, a Casa Branca busca um estreitamento de posições entre aliados em oposição aos rivais que taxa de “governos autoritários”. 


Biden dará espaço para representantes da oposição em Hong Kong e do governo de Taiwan, em clara colisão com Pequim. Na próxima semana, os EUA vão impor uma série de sanções que visam indivíduos envolvidos em corrupção, violações dos direitos humanos e ameaças à democracia. O combate à corrupção foi classificado como de interesse nacional para Washington e deve se desdobrar na agenda diplomática. 


Os EUA justificam a reunião evocando a necessidade de proteger democracias que enfrentam uma crise nos últimos anos. Pesquisas mostram uma crescente insatisfação com o modelo e golpes de Estado se multiplicam ao redor do mundo, com práticas autoritárias que ganham espaço. A erosão da democracia vem acontecendo mesmo dentro dos Estados Unidos, como evidenciou a invasão do Capitólio em janeiro deste ano. A grande reunião internacional organizada pela Casa Branca vem sendo recriminada por ter uma agenda vaga, por incertezas sobre a capacidade de gerar resultados e por ter adotado um critério de democracia sinuoso. A lista de convidados é alvo de críticas, já que um terço dos países não preenchem os requisitos para serem considerados democracias plenas, de acordo com o relatório 2021 da ONG americana Freedom House.


A presença do Brasil, Índia, Polônia e Filipinas, entre outros, gerou desconforto. O convite para que Taipei participasse e não Pequim provocou novo atrito entre China e EUA, somado ao boicote americano aos Jogos Olímpicos de Inverno em 2022. Além disso, a legitimidade do governo americano para organizar um evento sobre democracia também vem sendo questionada.

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