Foi realizada na noite desta terça-feira, na sinagoga Park East, em Nova Iorque, uma cerimônia para marcar os 77 anos da libertação de Auschwitz e o fim do Holocausto. O evento contou com a participação virtual do secretário-geral das Nações Unidas.
Em um vídeo, António Guterres prestou homenagem aos 6 milhões de mortos e lembrou que na ocasião, “foi destruído o magnífico mosaico da vida judaica na Europa”. Ele explicou que a própria “essência do trabalho das Nações Unidas – por dignidade, por justiça, pelos direitos humanos e pela paz – é para dar sentido à promessa de ‘nunca mais’”.
Negacionismo Guterres lembrou que o antissemitismo é a forma mais antiga de ódio e de preconceito, lamentando que esteja reaparecendo. O chefe da ONU mencionou notícias diárias sobre assédio verbal ou ataques físicos, incluindo casos de sinagogas que são vandalizadas.
O secretário-geral mencionou o caso recente ocorrido no Texas, Estados Unidos, quando um rabino e os integrantes da congregação foram feitos reféns. Guterres afirmou ainda que as tentativas “perturbadoras de negar, distorcer ou minimizar o Holocausto encontram terreno fértil na internet”.
O chefe da ONU mencionou o choque que sentiu ao saber, recentemente, que quase metade dos adultos no mundo todo nunca ouviram falar do Holocausto, sendo pior ainda a falta de conhecimento entre as gerações mais jovens. Segundo ele, “a resposta para essa ignorância precisa ser a educação.”
Crueldade António Guterres falou ainda sobre o seu país, Portugal, ao lembrar a expulsão dos judeus ocorrida no século 16. Nas palavras do chefe da ONU, tratou-se de “um ato de crueldade que causou enorme sofrimento e um ato de estupidez que produziu séculos de estagnação.”
O secretário-geral lembrou que os governos de todo o mundo têm a responsabilidade de ensinar às populações sobre o “horror do Holocausto” e destacou que o Programa das Nações Unidas para Divulgação sobre o Holocausto está na linha de frente desse trabalho.
Guterres destacou que a libertação do campo de Auschwitz foi “apenas o começo dos esforços para garantir que esses crimes nunca mais aconteçam” e pediu que a comunidade internacional tenha uma posição firme “contra o ódio e a intolerância.”
Durante a cerimônia em Nova Iorque, o rabino Arthur Schneier, sobrevivente do Holocausto, disse que o conceito “nunca mais” sempre foi seu sonho e sua esperança, porém uma aspiração “estilhaçada pelo antissemitismo, pelo ódio, pela negação do Holocausto, pela xenofobia e por teorias da conspiração.”