O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, publicou nesta quinta-feira a nova edição do “Relatório Fronteiras”. O documento revela que “os incêndios estão acontecendo, de forma mais severa e com mais frequência, a poluição sonora urbana está se tornando um problema global de saúde e as desordens nos ciclos de vida na natureza estão causando consequências ecológicas”.
A diretora-executiva do Pnuma declarou que o Relatório Fronteiras “identifica e oferece soluções para três questões ambientais que merecem a atenção e ação de governos e do público em geral”.
Pandemia
Segundo Inger Andersen, “poluição sonora urbana, incêndios e mudanças nos processos biológicos são problemas que destacam a urgência de se tratar da tripla crise planetária: mudança climática, poluição e perdas da biodiversidade.”
Esta é a quarta edição do relatório, sendo que a primeira, publicada quatro anos antes da pandemia de Covid-19, em 2016, alertava para o risco crescente das zoonoses.
Sobre a poluição sonora urbana, o documento destaca que barulhos causados pelo tráfego, por ferrovias ou por atividades de lazer impactam de forma negativa a saúde e o bem-estar. Muitas pessoas acabam tendo problemas no sono, o que pode resultar em desordens metabólicas, incluindo diabetes, falhas na audição e baixa saúde mental.
União Europeia A poluição sonora já é responsável por 12 mil mortes prematuras por ano na União Europeia, afetando um entre cinco cidadãos do bloco. O barulho em excesso também ameaça os animais, alterando a comunicação entre espécies e os comportamentos de pássaros, insetos e anfíbios.
Uma das soluções propostas pelo Pnuma é para que projetos de planejamento urbano levem em conta a redução do barulho na fonte e que as infraestruturas urbanas criem “paisagens sonoras” como cinturões de árvores, paredões verdes, jardins nos topos de edifícios e mais espaços verdes nas cidades.
Em relação aos incêndios, o Pnuma revela que a situação irá piorar: projeções mostram que as queimadas serão mais intensas e frequentes, graças à mudança climática, com temperaturas mais quentes e clima mais seco. Além dos perigos para a saúde humana, haverá grandes perdas de biodiversidade, ameaçando mais de 4,4 mil espécies terrestres e aquáticas
Continente africano
Entre 2002 e 2016, por exemplo, cerca de 423 milhões de hectares de terra, uma área equivalente ao tamanho da União Europeia, foi queimada, sendo mais comum em florestas mistas ou savanas. O Pnuma calcula que 67% de todos os tipos de queimadas aconteceram no continente africano.
O relatório pede mais investimentos para reduzir riscos de incêndios; desenvolvimento de programas de prevenção e resposta que incluam comunidades rurais e indígenas e utilização de satélites e radares.
O terceiro alerta feito pela agência da ONU está relacionado com a fenologia, termo utilizado para os estágios dos ciclos de vida que ocorrem graças às forças ambientais.
Ninhos O Pnuma explica que plantas e animais de todos os tipos utilizam temperaturas, duração dos dias ou chuvas para saber quando desabrochar folhas e flores, dar frutos, fazer os ninhos, produzir pólen ou migrar.
As alterações climáticas estão afetando esses ciclos, fazendo com que plantas ou animais fiquem fora de sincronia com seus ritmos naturais. O problema atinge principalmente espécies migratórias de longa distância, que podem deixar de prever com precisão quais serão as condições do clima no local de destino.
O Pnuma revela que mais pesquisas são necessárias sobre o fenômeno, mas destaca ser essencial limitar as taxas de aquecimento global por meio da redução das emissões de CO2.