A imprensa francesa desta segunda-feira (28) dá seguimento à intensa cobertura da guerra na Ucrânia. Os jornais destacam a mobilização dos países europeus contra a Rússia e as ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, de recorrer às armas nucleares.
"Diante de Putin, a força-tarefa para o combate", é a manchete de capa do jornal Libération, estampada com a bandeira da Ucrânia. O diário destaca que para fazer frente à ameaça nuclear, a União Europeia prometeu fornecer armas à Kiev, uma decisão inédita do bloco.
"É o fim de um tabu", publica Libération. "Essa Europa que tanto se orgulha da paz que construiu, 77 anos depois da tragédia da Segunda Guerra Mundial, se mobiliza para comprar e repassar armas à Ucrânia pela primeira vez em sua história", reitera.
Em seu editorial, intitulado "Coragem", Libération exalta o sucesso das forças armadas da Ucrânia diante da poderosa Rússia. Para o editorialista, controlar a escalada de tensão é essencial para que não ocorra uma catástrofe nuclear, lembrando que Putin está disposto a tudo para expandir seu poder na Europa.
Mesmo tom no jornal Le Figaro, que traz como manchete de capa: "A Ucrânia resiste, Putin endurece a ameaça". O diário lembra que a Rússia ainda não engajou todo o seu efetivo militar na batalha, "patinando diante da resistência ucraniana".
No entanto, no domingo (27), o chefe do Kremlin deixou claro que pode recorrer às forças de dissuasão nuclear do país, após ter se irritado com as novas sanções anunciadas pelas grandes potências, destaca a reportagem.
O jornal Le Parisien classifica a postura de Putin como "chantagem nuclear", uma atitude que precisa ser levada a sério, afirma em editorial. O diário lembra que desde a crise dos mísseis de Cuba, em 1962, nenhum chefe de Estado jamais ousou ir assim tão longe.
Le Parisien também salienta que, para muitos especialistas em política russa, a ameaça não passa de um blefe, mas o jornal pontua que "todos sabem que Putin é imprevisível e incontrolável".
Sanções abalam a Rússia
Em editorial, o jornal La Croix avalia que se o presidente russo recorre à pior das ameaças é porque as medidas anunciadas até o momento pelas grandes potências abalam Moscou. "As sanções atingem a inserção da Rússia no sistema financeiro mundial e setores importantes de sua economia, com a proibição de exportações em diversas áreas", destaca.
No entanto, as medidas também terão consequências na Europa, atingindo os empregos e o poder aquisitivo, com aumento do preço da energia elétrica e da inflação. Por isso, os dirigentes ocidentais devem se preparar para um conflito duro, que vai atingir o cotidiano da população.
"Muito além da nossa solidariedade com a Ucrânia, é a segurança da Europa e a defesa de nossas democracias que estão em jogo. E isso não tem preço", conclui o jornal La Croix.
Texto por: RFI