O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou neste quinta-feira (10) que metade da população de 3,5 milhões de pessoas deixou a capital ucraniana, desde a invasão russa ao país, em 24 de fevereiro.
"De acordo com nossos dados, um em cada dois habitantes de Kiev deixou a cidade. Hoje, temos pouco menos de dois milhões de pessoas", disse Klitschko à televisão ucraniana. "Kiev se transformou em uma fortaleza", acrescentou ele. "Cada rua, cada edifício, cada posto de controle virou uma fortaleza", completou.
Acolhimento aos refugiados
Depois de ter sido muito criticado por sua lentidão na concessão de vistos temporários para as pessoas que fogem da guerra na Ucrânia, o governo britânico anunciou, nesta quinta-feira, uma simplificação do procedimento para ucranianos com vínculos familiares no país. A partir de terça-feira (15), "os ucranianos com passaporte poderão obter uma permissão online para vir, de onde quer que estejam, e poderão fornecer seus dados biométricos, uma vez no Reino Unido", anunciou a ministra do Interior britânica, Priti Patel.A burocracia britânica na gestão da concessão de refúgio gerou críticas na oposição. "Nosso país não entende a emergência da situação", criticou a parlamentar Yvette Cooper, do Partido Trabalhista. No Twitter, ela lamentou a falta de planejamento britânico e denunciou a situação de algumas famílias ucranianas, obrigadas a voltar para Calais, no norte da França, e solicitar um visto em território francês.
França espera até 100.000 refugiados
O governo francês, por sua vez, prevê a chegada em massa à França, nas próximas semanas, de até 100.000 pessoas fugindo do conflito na Ucrânia, um cenário que exige o redimensionamento do sistema de recepção planejado. Até agora, a França recebeu mais de 7.000 ucranianos, segundo dados do Ministério do Interior.
"Estamos nos preparando para volumes que provavelmente serão muito mais significativos nos próximos dias ou semanas", declarou, nesta quinta-feira, Joseph Zimet, que lidera a unidade interministerial de crise (CIC) sobre o assunto. "Devemos estar prontos, se necessário, para acolher 50.000, talvez 100.000 refugiados", disse ele após a primeira reunião da CIC. “Devemos preparar, planejar, organizar, regular o sistema e identificar as capacidades de acomodação”, completou.
O Palácio do Eliseu informa que, depois de uma "primeira onda" de pessoas fugindo da Ucrânia e que vieram para a Europa porque tinham parentes, são previstas “uma segunda e uma terceira ondas de pessoas mais fragilizadas" e que não poderão contar com alojamentos de familiares, sublinhou Joseph Zimet. "Haverá novas abordagens a serem desenvolvidas, um enorme trabalho de planejamento a ser realizado," observou.
De acordo com relatórios da polícia de fronteira, 7.251 pessoas, incluindo 6.967 ucranianos, estavam em solo francês ou passaram por aqui até a manhã de quinta-feira, sendo que 3.054 delas estavam sendo atendidas na França. “Desta onda migratória que vem em nossa direção, temos que saber distinguir entre as pessoas que estão destinadas a ficar e as que estão de passagem, em particular para se juntar a comunidades no sul da Europa”, continuou Joseph Zimet.
A Itália, por exemplo, abrigava uma comunidade de cerca de 225.000 ucranianos antes da guerra, enquanto na Espanha o número chega a 100.000, segundo dados do Eurostat. Já a França havia emitido 18.000 autorizações de residência para ucranianos. "Até agora, éramos um país de trânsito. Vamos nos tornar mais um país de assentamento", resume Zimet. "Se Odessa cair", por exemplo, "será mais uma nova onda, parte da qual virá até nós", acredita ele, acrescentando que esses fluxos dependerão, principalmente, da evolução do conflito.
Mais de 70 crianças morreram no conflito
Entre as vítimas da invasão russa, pelo menos 71 crianças foram mortas na Ucrânia, desde o início do conflito, anunciou, nesta quinta-feira, Liudmyla Denisova, responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano.
"Desde o início da invasão russa até 10 de março, às 11h (6h de Brasília), 71 crianças foram mortas e mais de 100 ficaram feridas", disse ela, em um comunicado no Telegram.
O bombardeio, na quarta-feira (9), a um hospital infantil pelas forças russas na cidade sitiada de Mariupol provocou indignação de autoridades ucranianas e ocidentais. O ataque deixou três mortos, incluindo uma criança, e 17 feridos, informou a prefeitura local nesta quinta-feira (10).
(Texto por: RFI - Com informações da AFP)