Dos mais de um milhão de refugiados que deixaram a Ucrânia durante a primeira semana da ofensiva militar russa, metade são crianças. A Unicef chama a atenção para a situação desses menores traumatizados pelo conflito.
A Unicef, braço das Nações Unidas dedicado à infância, pediu uma mobilização mundial para a ajudar a população ucraniana. Segundo a entidade o país precisa de pelo menos € 400 milhões para suprir as necessidades imediatas diante da crise humanitária provocada pela invasão russa.
O diretor regional adjunto da Unicef na Europa, Philippe Cori, disse que mais da metade das pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da ofensiva são crianças. Além da ajuda financeira indispensável, ele lançou um apelo para que médicos e psicólogos se mobilizem junto à entidade, que teve que cessar suas atividades em Kiev por razões de segurança.
O porta-voz da Unicef, James Elder, chama a atenção para os traumas provocados pela guerra nas crianças. “Toda vez que vou à estação [ferroviária] de Lviv, na Ucrânia, me viro e vejo uma criança ou mãe chorando durante as despedidas. Há sempre alguém ao telefone falando com um parente que permaneceu em Kiev em um bunker ou tentando falar com um ente querido. A dor e o estresse estão por toda parte. E as crianças veem essa tristeza, elas a sentem”, relatou.
“Algumas mães me disseram que seus filhos não dormem mais, devido ao estresse. Há crianças que ficam com raiva, outras choram muito. Algumas consolam suas mães que não conseguem mais se manter fortes e se desfazem em lágrimas”, contou Elder. “As crianças reagem de maneiras diferentes, mas a Unicef sabe muito bem que o trauma já está lá e que essas crianças terão que ser atendidas muito rapidamente. E a melhor maneira de fazer isso é acabar com esse conflito”, insistiu.
Em um testemunho gravado em vídeo, o porta-voz da Unicef mostra famílias que acabaram de cruzar a fronteira entre a Ucrânia e a Romênia. “Nesta manhã está fazendo cerca de zero grau. Essas crianças e suas famílias passaram a noite ao relento para chegar aqui, deixando tudo para trás, sem saber o que o futuro lhes reserva”.
(Informações da RFI)