Os líderes dos países da União Europeia (UE) se reuniram no Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, para discutir as consequências da guerra na Ucrânia e como a bloco deve se organizar diante das ações da Rússia. Após dois dias de conversas, o grupo ameaçou lançar novas sanções ainda mais rígidas contra Moscou caso a ofensiva militar continue. A suspensão da importação de gás e petróleo russos, até então poupada, não foi descartada.
“Se o presidente [Vladimir] Putin intensificar os bombardeios, o cerco a Kiev e as cenas de guerra, sabemos que teremos que adotar sanções maciças novamente", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, no final da reunião de dois dias no Palácio de Versalhes, nesta sexta-feira (11).
Macron disse que o bloco fará tudo o que considerar eficaz para impedir a progressão da violência na Ucrânia. “Nada é proibido, nada é tabu", insistiu o presidente francês, indicando que as sanções poderiam visar até mesmo as importações de gás ou de petróleo russos, um setor que vinha sendo poupado até então em razão da dependência europeia dos hidrocarbonetos vendidos por Moscou.
Atualmente, 45% do gás e 25% do petróleo usados pelos países da UE são fornecidos pela Rússia. Essa dependência torna mais delicada a imposição de um embargo a esse tipo de produto.
Os líderes europeus também assinaram uma declaração conjunta na qual confirmaram a intenção de aumentar, de maneira substancial, os gastos com a Defesa no bloco. Desde a Segunda Guerra Mundial os países europeus vêm reduzindo seu orçamento de proteção, o que torna o anúncio feito em Versalhes um fato histórico.
Ajuda aos ucranianos
O chefe da diplomacia Europeia, Josep Borrell, também propôs a aprovação de um envelope adicional de € 500 milhões (mais de R$ 2,7 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia. Com a medida, Bruxelas dobraria sua contribuição às Forças ucranianas.
Segundo Borrell, esse volume sairia do Fundo Europeu de Apoio à Paz, um instrumento financeiro dotado de cerca de € 5 bilhões disponibilizados pelos Estados-membros do bloco, que não faz parte do orçamento comum. Mas o uso destes recursos exige a aprovação por unanimidade dos países da UE. Os membros do bloco têm a possibilidade de se abster, a fim de evitar o bloqueio da ajuda às forças ucranianas.
Adesão da Ucrânia à União Europeia descartada
No entanto, os europeus se mostraram menos abertos à possibilidade de uma adesão da Ucrânia ao bloco, uma hipótese almejada por Kiev. O processo de entrada no grupo geralmente leva anos e o primeiro ministro holandês, Mark Rutte, jogou um balde de água fria nas esperanças ucranianas, declarando que não existe nenhum procedimento para integração acelerada.
Emmanuel Macron disse que a porta não está fechada para sempre. Mas diante de um gigante russo cada vez mais agressivo, criar uma fronteira direta entre a União Europeia e a Rússia não parece ser uma prioridade, nem uma vontade para o bloco europeu.
Essas declarações não foram bem vistas do lado de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse, logo após a reunião de Versalhes, que a União Europeia deve fazer mais para ajudar a Ucrânia, alegando que seu país está diante de uma catástrofe humanitária.
(Com informações da AFP)