Por: RFI
As tentativas de negociação diplomática anunciadas por Paris para tentar resolver o conflito na Ucrânia foram vistas com ceticismo pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O chefe de Estado criticou abertamente a proposta de diálogo com a Rússia feita pelo líder francês, Emmanuel Macron, e o comentário não passou despercebido.
Em uma entrevista concedida à rede de televisão italiana RAI, o presidente ucraniano disse que Macron tenta “em vão” dialogar com Vladimir Putin. “Eu sei que ele queria resultados na mediação entre a Rússia e a Ucrânia, mas não conseguiu”, disse Zelensky.
“Enquanto a Rússia não entender que ela precisa [parar com a guerra], Moscou não vai buscar nenhuma saída”, completou o presidente ucraniano. “Macron não precisa fazer concessões diplomáticas para a Rússia agora”, alfinetou Zelensky, antes de dizer que a iniciativa do presidente francês, que pode “salvar a imagem” de Putin, “não foi muito correta”.
O assunto foi destaque em várias revistas francesas. A L’Obs, por exemplo, lembrou que Macron já se exprimiu, esta semana, sobre sua maneira de abordar as negociações. “Macron afirmou, na segunda-feira (9), que para acabar com a guerra na Ucrânia, a paz deverá se construir sem ‘humilhar’ a Rússia”, ressalta a L'Obs.
Tanto a revista Paris Match como a L'Express também lembraram que o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, garantiu que Macron nunca discutiu com Vladimir Putin sem o acordo de Zelensky. O presidente francês “sempre disse que são os ucranianos que devem decidir os termos da negociação com os russos”, ressaltou Paris Match.
Guerra aquece mercado editorial francês
Já a revista M do jornal Le Monde abordou um outro aspecto da guerra na Ucrânia, vista da França: desde o início do conflito, as livrarias do país foram invadidas por publicações ligadas à Rússia e à Ucrânia.
“Nessas últimas semanas, todos os livros de Dostoïevski parecem ter saído dos estoques e das prateleiras para serem expostos nas vitrines das livrarias francesas”, comenta a revista. A reportagem aponta que não apenas os clássicos, como Tolstoï, Gogol ou Pouchkine que voltaram a ser solicitados.
Autores contemporâneos russos e ucranianos, como Lioudmila Oulitskaïa e Andreï Kourkov, são cada vez mais procurados. Sem esquecer as inúmeras biografias de Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, e a obra de alguns autores que voltaram a chamar a atenção, como os livros da jornalista Anna Politkovskaïa, assassinada em 2006, e Svetlana Alexievitch, Nobel de literatura de 2015, ressalta a revista M.