Inclusão como política empresarial. Mais do que preencher o número de vagas obrigatórias estabelecido por lei, empresas que participaram da Semana da Empregabilidade para Pessoas com Deficiência (19 a 23/9) buscam reforçar a inclusão no ambiente corporativo, que em muitos casos está bem avançada.
Semana da empregabilidade reune 30 empresas com vagas para Pessoa com Deficiência. Curitiba,23/09/2022. Foto: Ricardo Marajó/SMCS
Como parte desta abordagem, as vagas de trabalho abertas nem sequer são “carimbadas” para pessoa com ou sem deficiência.
“A empresa não diferencia se a vaga é para PcD ou não”, explica Amanda Alvez, assistente de Recursos Humanos da Aker Solutions, empresa norueguesa que tem uma unidade em São José dos Pinhais, onde produz equipamentos para prospecção de petróleo exportados para todo o mundo. “Qualquer vaga pode ser ocupada pela pessoa com deficiência.”
Segundo Amanda, a planta tem atualmente cerca de 50 funcionários PcD, entre cadeirantes, surdos, pessoas do espectro autista e nanismo. A atenção com a inclusão é permanente, diz ela. Há um comitê específico para tratar das demandas da área.
Amanda explica que o trabalho pedagógico também faz parte do dia a dia, por meio de vídeos (sobre inclusão) veiculados na rede interna.
Uma das ações é a “pílula anticapacitista”, que trabalha temas para que os funcionários reflitam sobre alguns preconceitos. Capacitismo é o preconceito segundo o qual a deficiência torna uma pessoa incapaz ou “pior” do que outra.
“Trabalhamos muito forte no clima organizacional”, diz Amanda. Além do comitê para PcD, a empresa ainda conta com outros quatro, que tratam de questões de gênero, LGBTI+, geracional e racial.
Unicórnio
Uma das três unicórnios (empresa que vale mais de US$ 1 bilhão) com sede em Curitiba, a Madeira Madeira segue na mesma linha.
A exemplo da Aker, ela participou na semana passada pela primeira vez dos mutirões desenvolvidos pela Fundação de Ação Social e Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Natasha Lossmann, analista de pessoas da Madeira Madeira, explica que o Programa de Diversidade, Inclusão e Pertencimento desenvolve um trabalho contínuo de educação interna e treinamentos voltado à inclusão, incluindo cartilhas distribuídas para os funcionários.
Inclusão na prática
Esse tipo de acolhimento pode fazer a diferença para o dia a dia do trabalhador PcD.
Claudemir Ferreira, por exemplo, é surdo e procura recolocação, preferencialmente em linha de montagem de alguma indústria (já que tem nove cursos técnicos na área).
Ele diz que precisou deixar o último emprego, de operador de máquina, há cerca de seis meses porque não havia condições adequadas para o bom desenvolvimento de sua função.
Capacidade
Para muitas funções, a deficiência não representa obstáculo ao desenvolvimento das atividades.
Júnior Ongaru, por exemplo, é cadeirante há 22 anos, quando um acidente de moto o deixou paraplégico. Após dois anos de recuperação, se dedicou ao paraesporte de alto rendimento (foi campeão carioca de remo e vice-campeão sulamericano de basquete de clubes). E fez faculdade de análise de sistemas, área em que busca uma vaga atualmente.
“Antigamente, as vagas [para Pessoa com Deficiência] eram mais limitadas. Agora há mais opções”, afirma ele, que também já foi presidente e ainda atua na Associação dos Deficientes Físicos do Paraná.
Nesta semana, ele dá continuidade aos encaminhamentos feitos durante a Semana da Empregabilidade, participando de entrevistas em cinco empresas. "O convívio com outras pessoas no trabalho é muito importante", diz.
Participantes
As empresas que participaram da semana foram: Agricer, Além da Visão, Aker, Assai Atacadista, Bellinati Perez, Bimara, Bradesco, Bigland, Britânia, Central Peças, Cidade Júnior, Condor, Contabilizei, DBM, Droga Raia, Eucatur, Exxon Mobil, Festval, Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), GD9 RH, Grupo IBGEPEX, Hotel Deville, INSS (governo), Madeira Madeira, O Boticário, Orbenk, Rent Cars, Senff, UNILEHU e Unimed.
Informações da SMCS