Agência ressalta que plano que reintroduziu exportações deu esperança de promover segurança alimentar em todos os países; situação seria mais benéfica para economias em desenvolvimento; Rebeca Grynspan diz que falta de clareza e incerteza podem alimentar especulação e acumulação.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, ressalta a esperança dada pela Iniciativa de Grãos do Mar Negro destacando ser essencial, principalmente para os países em desenvolvimento.
A agência defende a renovação da parceria que termina em novembro. Ela indica que a iniciativa “mostrou o poder do comércio em tempos de crise”. Outro pedido é que acabem as restrições comerciais e sejam facilitadas as exportações para impulsionar o comércio, a logística e garantir alimentos para todos.
Economias em desenvolvimento
Desde julho, a iniciativa impulsionou o aumento da atividade portuária na Ucrânia. Embarques de grãos para os mercados mundiais atingiram quase 8 milhões de toneladas. Cerca de um quinto do total foi enviado a nações em desenvolvimento.
A retoma de embarques “está na direção certa”, em momento de aumento gradual nas partidas, embora os embarques estejam entre 40% e 50% abaixo do período anterior à guerra.
O relatório divulgado pelo Unctad destaca que a iniciativa liderada pela ONU ajudou a estabilizar e, posteriormente, a reduzir os preços globais dos alimentos com o transporte grãos de um dos celeiros do mundo para os necessitados.
O documento foi produzido com contribuições do Centro de Coordenação Conjunta para a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, composto por altos representantes da Ucrânia, da Rússia, da Turquia e das Nações Unidas.
Commodities
De acordo com o Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, os custos globais da comida caíram de cerca de 8,6% em julho, a 1,9% em agosto e 1,1% em setembro. Mas o valor de compra de algumas commodities, como trigo e milho, estão subindo novamente.
O relatório alerta haver pouca esperança de se proporcionar segurança alimentar sem que a iniciativa esteja operacional, especialmente para países em desenvolvimento e menos desenvolvidos.
Mesmo tendo ajudado a derrubar os preços de mercado historicamente elevados, a tendência é de uma alta gradual dos preços. A situação é observada em meio a preocupações crescentes sobre a renovação da iniciativa, da ameaça de mais interrupções no comércio no Mar Negro e do fechamento de corredores de grãos.
A secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, disse que em um contexto de muita incerteza no comércio “os sinais são muito importantes”. Ela defende que “quando não há clareza, ninguém sabe o que vai acontecer, e a especulação e o entesouramento tomam conta.”
Para Grynspan, a situação de alta nos preços do trigo e do milho pesa na acessibilidade dos alimentos básicos e representa um risco para a segurança alimentar global.
Informações da ONU/NEWS