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Conselho de Segurança debate piora da situação humanitária na Ucrânia

Bombardeios em instalações civis e aproximação do inverno preocupam representantes da ONU; subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, alertou para escalada na violência e reforçou a importância da extensão da Iniciativa de Grãos do Mar Negro; chefe da ONU na Ucrânia, Denise Brown, pediu acesso seguro e irrestrito a ajuda humanitária.


© Unicef/Ashley Gilbertson / Em Kharkiv, na Ucrânia, um homem inspeciona danos no telhado de um complexo de apartamentos destruído por artilharia e ataques aéreos


O Conselho de Segurança se reuniu nesta sexta-feira para debater a situação humanitária na Ucrânia. O conflito na região já completa oito meses e soma mais de 15 mil vítimas, com 6,3 mil feridos e 9,6 mil mortos.


A sessão acontece após a escalada da violência, com ataques russos que teriam atingido infraestrutura civil em diversas cidades da Ucrânia, incluindo Kyiv, Dnipro e Zaporizhzhia.Ataques contra instalações civis

Segundo dados apresentados pela subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, entre os dias 10 e 18 de outubro, pelo menos 38 civis ucranianos foram mortos e 117 feridos em ataques de mísseis e drones.


DiCarlo destacou que além das vidas perdidas, a ONU está preocupada com a destruição de infraestrutura crucial. De acordo com o governo da Ucrânia, 30% das instalações de energia foram atingidas. A subsecretária-geral destaca que, com o aumento no preço do gás e do carvão, milhões de civis ficarão em risco neste inverno.


Ela lembrou que esses ataques ferem o direto internacional humanitário e destacou que o Escritório da ONU de Direitos Humanos publicou um relatório apontando que crimes de guerra e violações foram cometidos desde o início das hostilidades, em 24 de fevereiro.


A subsecretária-geral destaca que os abusos impactam diretamente a vida de civis e seus atores devem ser punidos.


Negociações

DiCarlo citou alguns avanços em negociações, como a troca de prisioneiros nesta segunda-feira, e reforçou a importância da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que deve ser renovada em novembro.


Avaliando uma possível nova onda de violência, ela afirma que as ameaças de uso de armas nucleares servem “apenas para aumentar tensões e pode levar a uma espiral perigosa”.


Ela ainda citou a decisão da Assembleia Geral que declarou as anexações de regiões ucranianas ocupadas como ilegais e sem validade pela lei internacional e reforçou sua preocupação com a lei marcial instaurada pelo governo russo, bem como a evacuação de civis em Kherson.


A subsecretária-geral concluiu reiterando que a Assembleia Geral também expressou forte apoio à redução da escalada da atual situação e uma resolução pacífica do conflito, por meio do diálogo político e de acordo com os princípios da Carta da ONU.


Agravamento da situação humanitária

A chefe da ONU na Ucrânia, Denise Brown, também esteve na sessão e trouxe dados sobre a situação humanitária no país, destacando que quase 18 milhões de pessoas – mais de 40% de toda a população ucraniana – precisam de assistência.


Até agora, cerca de 14 milhões foram forçados a fugir de suas casas, incluindo 6,2 milhões de deslocados internos e quase 7,7 milhões de refugiados. Segundo o Fundo da ONU para Infância, cerca de 5,7 milhões de crianças em idade escolar foram afetadas desde o início da guerra, incluindo 3,6 milhões devido ao fechamento de instituições educacionais.


A Organização Mundial da Saúde, OMS, registra mais de 630 ataques verificados a instalações de saúde, impedindo acesso à remédios e tratamento.


A representante da ONU na Ucrânia também ressaltou que as temperaturas estão caindo na Ucrânia e criando necessidades e preocupações. Ela destacou que o trabalho humanitário precisa ter acesso às áreas atingidas, garantindo que civis tenham um lugar seguro para estar durante os meses de inverno.


Segundo Denise Brown, este ano, mais de 590 parceiros humanitários estão prestando assistência e proteção essenciais em todo o país. Pelo menos 13 milhões de pessoas receberam algum tipo de ajuda.


A representante concluiu agradecendo o apoio de doadores: mais de US$ 2,9 bilhões foram recebidos, sendo o segundo apelo nacional mais financiado na história da ONU, atrás apenas do Iêmen em 2019, com US$ 3,6 bilhões.

Informações da Agência ONU/NEWS

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