Fotos: Carlos Ruggi, Lucilia Guimarães/SMCS e Levy Ferreira/SMCS
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Legados da gestão dos 300 anos de Curitiba, os Faróis do Saber são alicerces da educação e inovação de uma gestão pública que tem a valorização do ser humano como prioridade.
“Curitiba, cidade ambientalmente correta, tem diante de si um novo desafio: ser humanamente correta”, diz texto escrito pelo prefeito Rafael Greca no caderno de apresentação do projeto Farol do Saber – Minibiblioteca de Bairro, concebido na primeira gestão dele frente à administração municipal, de 1993 a 1996.
“A ideia é um farol como porta da escola. Um farol como marca de segurança do bairro. A escola como endereço de conhecimento. Luz que dá segurança no futuro, a escola como endereço de luz, que ilumina o bairro, marca a proteção do povo e define o espaço de informação”, completa o prefeito no texto que trata da forma arquitetônica do equipamento inspirado no Farol de Alexandria.
Pois a luz da Educação rompeu a barreira do tempo e os faróis do saber se atualizaram sobre a mesma plataforma: foram transformados em Faróis do Saber e Inovação na segunda gestão do prefeito Greca à frente da Prefeitura de Curitiba.
Inovação
O projeto Faróis do Saber e Inovação ficou entre os selecionados no Desafio Aprendizagem Criativa 2018, promovido pela Fundação Lemann e o MIT Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), como plataforma de aprendizagem criativa.
As bibliotecas de inovação foram visitadas no ano passado por representantes dessas instituições que ratificaram a prática curitibana de estímulo a crianças e estudantes a pensar e a resolver problemas e questões do dia a dia e de suas comunidades, como os projetos desenvolvidos nos faróis, dentro do modelo de emancipação na linha do "faça você mesmo".
Um “upgrade” das estruturas com livros e acesso gratuito à internet, o novo projeto representa a evolução dos Faróis do Saber, criados na década de 1990.
A cidade conta hoje com 33 Faróis do Saber e Inovação. São 32 estruturas em forma de farol, conforme o projeto arquitetônico original, mais o Laboratório de Inovação Pedagógica (Lapi), na sede da Secretaria Municipal da Educação, no Alto da Glória.
A proposta é a de oferecer, de maneira gratuita a toda comunidade, espaços de inovação baseados no conceito da educação maker. Os novos espaços ficam no mezanino dos faróis e oferecem impressoras 3D para criação de protótipos, com a orientação de professores da rede municipal que passam por formação continuada.
Livro aberto
Curitiba tem 45 Faróis do Saber com a arquitetura do projeto original inspirada no Farol de Alexandria. Destes, 44 são geridos pela Secretaria Municipal da Educação (SME), sendo 32 dos quais no modelo de Inovação. O Farol do Saber Miguel de Cervantes, na Praça da Espanha, é administrado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
Ainda na esfera da SME, há três bibliotecas temáticas com projetos arquitetônicos distintos (Memorial Árabe, Praça do Japão e Casa Encantada do Bosque Alemão).
Encomendado pelo prefeito Rafael Greca, em 1993, no primeiro ano da gestão dele à frente do Executivo Municipal o modelo foi desenvolvido pela equipe do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), com desenhos do arquiteto Lauro Tomizawa e execução em parceria com a arquiteta Maria Miranda, ambos já aposentados.
“O Farol foi construído neste formato por causa do Farol de Alexandria. Ficou assim por causa do prefeito Rafael Greca, que solicitou um projeto específico como um livro aberto com a torre sendo a segurança local”, explica o arquiteto autor do modelo, Lauro Tomizawa.
O projeto original do Farol do Saber é o de uma construção modular com 88 metros quadrados, sendo a altura da torre com 10 metros. Visto de cima, a estrutura se assemelha a um livro aberto, sendo o cilindro do farol a lombada do livro.
O desafio era fazer um equipamento compacto, replicável e de rápida implantação. Lauro Tomizawa, então o chefe do setor de Mobiliário Urbano do Ippuc, definiu um modelo que fosse replicável. "Ele rabiscou numa folha um livro aberto olhado de cima, sendo o farol a lombada do livro. O livro aberto que virou farol com o princípio de chamar as pessoas para a leitura e criar um espaço lúdico de como aprender pode ser divertido”, conta a arquiteta Maria Miranda, que participou da criação do projeto dos Faróis do Saber.
Foi implantado em praças, de amplo acesso e junto a escolas da Rede Municipal, nesses casos podendo ser na esquina, aproveitando o ângulo, ou no meio do terreno, dependendo da condição geográfica de cada unidade.
O Farol conta com dois acessos, sendo um para os estudantes, a partir das escolas, e outro para o público geral. A biblioteca foi projetada com capacidade para 2.500 livros.
Uma escada em espiral leva ao mezanino com bancadas de leitura. Do mezanino há o acesso ao posto de guarda coberto com uma abóboda metálica, conforme a concepção original.
Primeiro Farol
O Farol do Saber Machado de Assis, na Rua Arthur Leinig, 635 - Vista Alegre, foi o primeiro equipamento do gênero a ser construído em Curitiba, inaugurado em 19 de novembro de 1994. Foi batizado em homenagem ao escritor Machado de Assis, considerado por muitos o maior nome da literatura brasileira.
A Escola Municipal Professor Herley Mehl, na Rua Saturnino Arruda dos Santos, 80, no Pilarzinho, foi a primeira a contar um Farol do Saber, instalado em 15 de março de 1995, e batizado em homenagem ao poeta e escritor Manuel Bandeira.
Em 2017, o equipamento foi transformado em Farol do Saber e Inovação, com o mezanino adaptado ao conceito da educação maker.