O tenente-coronel ficou em silêncio durante depoimento sobre fraude na inserção de dados de vacinação
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POR CARTACAPITAL
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou nesta quinta-feira 18 o Senado e participou de uma reunião no gabinete de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ele chegou à Casa Alta logo depois de o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, ficar em silêncio durante depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília. Há duas semanas, Cid foi preso acusado de participar de um esquema de falsificação de dados de cartões de vacinação no sistema do Ministério da Saúde.
Cid é suspeito de organizar e operar as alterações, a incluírem os cartões de Bolsonaro e de sua filha Laura.“Não tenho conversado com ele. Está em segredo de justiça isso aí. Vi agora que ele ficou em silêncio. Isso é ele com o advogado dele”, afirmou o ex-capitão a jornalistas. “Excelente oficial do Exército brasileiro. Ele fez o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado. E que cada um siga a sua vida.”
Em depoimento à Polícia Federal na última terça-feira 16, Bolsonaro declarou que Cid administrava sua conta no aplicativo ConecteSUS. Ele alegou, porém, não saber quem controlava o acesso à conta de sua filha Laura. Na oitiva, o ex-capitão disse não ter ordenado a inserção de dados falsos sobre vacinas no sistema.
“INDAGADO se solicitou a MAURO CESAR CID que acessasse o aplicativo ConecteSUS e emitisse o certificado com dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome do declarante, respondeu QUE não”, diz um trecho da transcrição do depoimento. Bolsonaro também declarou que se Cid arquitetou o esquema, isso ocorreu “à revelia”, mas disse não acreditar no protagonismo do militar na fraude.
Informado de que o IP utilizado para acessar o ConecteSUS e emitir o certificado falso pertence à Presidência da República e foi cadastrado no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse não saber quem teria acessado o aplicativo.
A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da Central de Vacinação de Duque de Caxias (RJ), afirmou em depoimento à PF ter emprestado sua senha para o secretário de Governo da cidade, João Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente dias depois da emissão.
Silva disse ter compartilhado sua senha por não ver “qualquer má-fé” no pedido do secretário e acreditar que a mudança nos dados seria “idônea”.
A informação inserida no sistema em 21 de dezembro de 2022 é de que Bolsonaro teria tomado duas doses de vacina (em agosto e em outubro). Em 22 de dezembro, um certificado de vacinação do ex-capitão foi emitido dentro do Palácio do Planalto. Cinco dias depois, após uma nova emissão, o usuário em nome da servidora apagou o registro do sistema, sob a justificativa de um “erro”.