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CFO: será que a culpa é sempre dele?

 

Por Ricardo Haag

Uma gestão de finanças eficiente muda o patamar de toda empresa, enquanto sua falta irá comprometer seriamente a perpetuidade do negócio. Essa relação ficou claramente nítida no recente caso da Americanas, no qual os erros contábeis identificados em seu balanço levaram à renúncia daquele responsável por assegurar essa saúde financeira: o CFO. Mas afinal, será que este profissional é o único “culpado” pela quebra de empresas devido à sua má gestão econômica?


Muitos associam como dever do Chief Financial Officer, ou Diretor Financeiro, a tarefa de gerir os recursos da companhia eficientemente, comandando o planejamento financeiro e delegando as estratégias definidas para sua equipe. Apesar de, realmente, ser um papel indispensável para a saúde do negócio, essa é apenas uma parte do que compõe, de fato, a importância deste cargo em nível corporativo.


Assumir a posição da diretoria financeira de um estabelecimento é o mesmo que compararmos com o dono de um cofre. Ou seja, ele não cuidará apenas do bom gerenciamento dos recursos financeiros disponíveis, mas principalmente sua alocação estratégica para todas as áreas do negócio. Em cenários de incertezas como o que vivenciamos ao longo da pandemia, o impacto dessa cadeira se sobrepõe ainda mais como um pilar de sobrevivência.


Como prova disso, dados divulgados pelo IBGE, aponta que quase 50% das empresas fecham suas portas devido à má gestão contábil. No isolamento social, mais especificamente, cerca de 41% dos empresários afirmaram que este foi o fator determinante para o fechamento de seus negócios, segundo outra pesquisa feita pelo Sebrae – impactados pelo baixo volume de vendas, falta de capital de giro e, inevitavelmente, aumento do número de despesas.


Todas essas extensas atribuições do CFO exigem que ele conte com o apoio de outros profissionais qualificados nessa gestão, unindo não apenas conhecimentos contábeis ou técnicos, como também uma visão estratégia abrangente em todos os departamentos. Afinal, toda empresa é composta por atribuições complementares, complexas e interrelacionadas, o que impossibilita que qualquer profissional – até mesmo os C-Levels – operem de forma 100% isolada.


Normalmente, o CFO é o braço direito do CEO, além de ter linha direta com o conselho de administração da companhia, o departamento comercial, área de RH, e muitas outras. Para que consiga ter a devida visão analítica sobre o planejamento econômico e estrutural da empresa, precisa dividir essa tarefa com todos esses times, mantendo uma comunicação clara com seus membros para garantir que a companhia conseguirá sustentar uma estrutura financeira que condiz com seu planejamento estratégico.


Dificilmente, este profissional tomará alguma iniciativa de forma escondida e arriscada, uma vez que costumam ser mais cuidadosos ao tomar decisões bem embasadas, alinhadas aos objetivos corporativos e, acima de tudo, coerentes com os recursos financeiros disponíveis. Mas, até hoje, costuma ser o grande culpado por cenários preocupantes financeiros, entendido por muitos como o único a se responsabilizar por qualquer erro econômico visto.


A crise vivenciada pela Americanas, por mais devastadora que tenha sido, alertou o mercado e os profissionais do ramo para o peso e visão sobre suas tarefas, tornando-os mais cautelosos frente às vagas que aceitarão ocupar. Por isso, aqueles que irão assumir essa posição delicada e estratégica precisarão de fontes de segurança no que diz respeito à execução de suas responsabilidades, como forma também de saberem que não estarão sozinhos nessa jornada.


Todo negócio estará sempre sujeito a ameaças externas que possam colocar em risco sua perpetuidade. Desta forma, é imprescindível que os CFOs tenham em mãos um entendimento completo sobre a governança da empresa – especialmente em pontos relacionados aos tomadores de decisão, seu histórico, políticas internas, exposição de caixa e de bancos, assim como onde, exatamente, serão aportados seu intelecto e experiência.


Ter um CFO preparado para lidar com imprevistos e qualificado para gerir os recursos corporativos é uma peça fundamental para alavancar o negócio em seu segmento. Mas, é sempre importante ter claro em mente que ele não irá operar sozinho, e precisará manter um relacionamento próximo e comunicativo com todas as equipes. Construir essa rede die apoio fará toda a diferença para uma gestão financeira devida e, assim, uma condução de sucesso do empreendimento.

Ricardo Haag é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.


  • Sobre a Wide:
  • https://wide.works/
  • Com mais de 30 anos somados de recrutamento especializado e mais de 20 mil entrevistas realizadas, o propósito da Wide, empresa de recrutamento e seleção de alta gerência, é construir legados, seja o das empresas contratantes, o dos candidatos e o seu próprio.

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