Por Camille Bropp UFPR
O linguista Carlos Alberto Faraco e o professor de literatura brasileira Fernando Cerisara Gil são finalistas na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários; a filósofa Maria Isabel Limongi, na de Filosofia
A penúltima etapa da seleção de obras do Jabuti Acadêmico, reconhecimento lançado neste ano pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), conta com três representantes da comunidade acadêmica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Dois deles têm vínculos com o Departamento de Literatura e Linguística (Dellin) da UFPR: o professor emérito e ex-reitor Carlos Alberto Faraco; e o professor titular Fernando Cerisara Gil. Assim como Gil, Faraco ainda atua no Programa de Pós-Graduação em Letras. A professora titular Maria Isabel Limongi, do Departamento de Filosofia da UFPR, é finalista com obra na sua área de conhecimento.
A lista com os cinco finalistas de cada categoria do prêmio foi divulgada na quinta-feira (18). A seleção mais recente reduziu pela metade a lista de semifinalistas divulgada no início de julho. São 27 categorias (áreas do conhecimento) no eixo Ciência e Cultura e duas no eixo Prêmio Especial (Divulgação Científica e Ilustração).
Obras e autores
Faraco concorre com o livro Gramática do Português Brasileiro Escrito — do qual é co-autor o professor Francisco Eduardo Vieira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) — na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários.
Segundo Faraco, o livro traz uma proposta inovadora tanto no estudo descritivo da sintaxe básica da escrita, como na forma de apresentar a norma de referência da escrita atual.
“O livro estar entre os finalistas é um reconhecimento importante de nossas propostas”, avalia ele, que classifica o Jabuti Acadêmico como um passo significativo da CBL para autores científicos.
As reflexões do filósofo inglês David Hume sobre justiça são o tema do livro Hume, a justiça e o pensamento político moderno, de Maria Isabel Limongi, finalista da categoria Filosofia.
“Para esse filósofo, a justiça é uma instituição humana, que se constrói aos poucos e com muito custo ao longo de um processo social e político. O livro é um convite para que se inclua Hume entre os clássicos da filosofia política moderna”, explica a filósofa.
Outro concorrente da categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, o livro Pelo prisma rural: ensaios de Literatura Brasileira, de Fernando Gil, faz parte de uma série de estudos sobre prosa ficcional rural e a noção de regionalismo, ambos temas de pesquisa do autor. É o livro mais ensaístico dessa série.
“Talvez o livro possa contribuir em dois sentidos para os estudos da literatura brasileiro. O primeiro seria o de enfocar e trazer para a discussão aspectos que me parecem pouco explorados ou pouco percebidos pela crítica sobre o regionalismo, que está vinculada visceralmente com o problema da formação política do Brasil republicano no quadro das disputas políticas regionais e o centro de poder”, avalia.
“A segunda contribuição se refere ao fato de ser um livro de análise literária que procura estudar as diferentes maneiras com que a ficção brasileira deu forma e voz ao que chamo genericamente de matéria rural, predominante ao longo do século XX, mas já com algum ingresso de estudo também no século XXI”.
Além do reconhecimento acadêmico, Maria Isabel e Fernando Gil entendem o novo prêmio literário como um incentivo à visibilidade dos escritos científicos. “Essa produção cresceu muito em quantidade e qualidade nas últimas décadas, com a expansão do sistema de pós-graduação no país”, diz ela.
Gil considera que o prêmio pode levar essa produção “para fora das universidades”: “Muitas vezes percebo nosso trabalho encastelado em si mesmo”, reflete.
A premiação está marcada para o próximo dia 6 no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
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