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Inscrições para etapa estadual do Prêmio Confap de CT&I seguem até 12 de novembro

 Houve prorrogação do prazo para inscrição no Prêmio que reconhece pesquisadores cujos trabalhos tenham contribuído para a produção de conhecimento e beneficiado a população brasileira. A premiação também reconhece a atuação de profissionais de comunicação.



Inscrições para etapa estadual do Prêmio Confap de CT&I seguem até 12 de novembro, Foto: Fundação Araucária



@AEN

A Fundação Araucária, vinculada à secretaria estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, prorrogou até 12 de novembro o prazo de inscrições na etapa estadual do Prêmio Confap de Ciência, Tecnologia & Inovação – Professor Ennio Candotti. São três categorias: pesquisador destaque, pesquisador inovador e profissional de comunicação. No total, serão R$ 114 mil na premiação nacional. 

Em sua 4ª edição, o prêmio é promovido pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), do qual a Fundação Araucária faz parte. A iniciativa tem patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) e apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O Prêmio reconhece a atuação de pesquisadores que se destacaram em pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação, cujos resultados tenham contribuído para a produção de conhecimento e beneficiado direta ou indiretamente o desenvolvimento e o bem-estar da população brasileira. A premiação também reconhece a atuação de profissionais de comunicação que, por meio do jornalismo científico, tenham contribuído para aproximar a ciência, a tecnologia e a inovação da sociedade. 

PRAZO - Agora, o prazo para que as instituições de ciência, tecnologia e inovação indiquem candidatos ao prêmio vai até 12 de novembro. A divulgação do resultado da etapa estadual é a partir de 12 de dezembro. O encaminhamento ao Confap dos nomes dos candidatos recomendados pelo Paraná ocorrerá em 20 de dezembro.

As condições de elegibilidade e todas as informações para inscrições estão disponíveis no edital no site www.fappr.pr.gov.br em Programas/Programas Abertos. 

CATEGORIAS - Nesta quarta edição, o prêmio conta com três categorias. A categoria Pesquisador Destaque tem as seguintes subcategorias: Ciências da Vida (Ciências Biológicas, Ciências Agrárias e Ciências da Saúde); Ciências Exatas (Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Tecnologia); Ciências Humanas (Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Artes, Letras e Linguística).

A categoria Pesquisador Inovador tem as subcategorias Inovação para o Setor Empresarial e Inovação para o Setor Público, além da categoria Profissional de Comunicação, que não possui subcategorias.

Cada instituição de ciência e tecnologia poderá indicar um candidato a Pesquisador Destaque e Pesquisador Inovador em cada uma das respectivas subcategorias. Na categoria Profissional de Comunicação poderão concorrer profissionais com atuação no Paraná e que possuam comprovação de sua atividade laboral por meio de carteira de trabalho, contrato de trabalho ou declaração de prestação de serviços.

O profissional de comunicação indicado para esta categoria deverá apontar o meio de veiculação do material jornalístico que submeterá ao Prêmio: mídia impressa; internet; telejornalismo; rádio.

PREMIAÇÃO - Os agraciados da Etapa Nacional receberão certificados de premiação, troféus e premiação financeira. Os classificados em cada categoria/subcategoria no primeiro lugar receberão R$ 10 mil, em segundo lugar R$ 6 mil e em terceiro, R$ 3 mil. Nesta quarta edição, a premiação financeira total será de R$114 mil, com patrocínio da Finep/MCTI. A cerimônia de premiação nacional está prevista para junho de 2025.

Edição 2024 do Connect Week promete transformar Curitiba e o Estado do Paraná em epicentro de inovação

Evento será realizado entre 14 e 23 de junho; expectativa é de mais de 120 eventos simultâneos e um público total de mais 100 mil pessoas



Freepik. Tecnologia

  • Nicole Thuler
  • Engenharia de Comunicação

O Connect Week, movimento de fomento à inovação e tecnologia, está de volta para sua edição de 2024, realizada de 14 a 23 de junho em toda a malha urbana da capital, transformando Curitiba em um epicentro de atividades que impulsionem o ecossistema regional, conectando investidores, empresários, startups, estudantes e entusiastas do assunto.


A primeira edição do festival, ocorrida em junho de 2023, contou com 35 eventos simultâneos, realizados por 100 locais espalhados em Curitiba, somando 200 horas de conteúdo para mais de 20 mil participantes. Com o lema "Inovação para todos", a edição de 2024 tem metas grandiosas: promover 120 eventos simultâneos, envolvendo um público de mais de 100 mil pessoas.


Visando unir esforços privados e públicos, o movimento tem a correalização da Universidade Positivo, conta com o apoio do Governo do Estado do Paraná e também das entidades: SEBRAE-PR (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Assespro-PR (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná) e o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Curitiba.


Força motriz da inovação regional

Idealizador do projeto, o empresário Itamir Viola ressalta o papel do Connect Week na promoção da inovação e transformação regional. “O Connect Week Brasil 2024 é um dos maiores movimentos no que diz respeito à criação de oportunidades de negócios. Vale lembrar que a inovação passou a ser uma ‘corrida’ entre os países mais desenvolvidos. É na inovação, ciência e tecnologia que essa grande disputa está sendo travada, criando novos produtos e serviços inovadores a nível global”.


Um dos principais segredos do Connect Week, segundo Viola, é a colaboração de todos os atores que percebem a inovação como um diferencial competitivo. “Unindo esses interesses em prol da inovação, o Connect Week faz com que as ações se tornem mais alinhadas, os atores participem em um ecossistema mais integrado. E, obviamente, a sociedade obtém diversos benefícios. O Connect Week passou a ser, de fato, a força motriz do estado no que tange a inovação, é um grande movimento que proporciona todo esse resultado”, complementa.


Para a presidente da Assespro-PR, Josefina Gonzalez, o evento é uma oportunidade também de ampliar o networking entre os empresários de tecnologia, impulsionando assim, a geração de novos negócios. "Nossos empresários são donos de grandes ideias e soluções que agregam valor e fazem a diferença ao mercado. Compartilhadas, se agigantam e tornam o Estado do Paraná na potência que é no segmento de tecnologia e inovação. O evento, sem dúvida, chega para agregar experiência, novidades, informação e geração de negócios", sublinha. 


Com uma programação diversificada que abrange áreas como negócios, tecnologia, empreendedorismo, turismo, ciência, educação, cultura, gastronomia e esporte, o Connect Week 2024 também contará com uma maior participação da comunidade acadêmica, incluindo praticamente todas as universidades que estão na região metropolitana de Curitiba. 


Connect Week Summit 

Outra novidade deste ano é a fusão do Viasoft Connect (maior evento de inovação em gestão empresarial do país) com o Connect Week. De 2019 a 2023, o Viasoft Connect contabilizou mais de 80 mil visitantes, gerando milhões em negócios. Em 2024, ele passa a fazer parte da semana de inovação e assume nova nomenclatura - Connect Week Summit -, simbolizando a principal área de feira de negócios e conteúdo do Connect Week.


“Trazer um evento como o Connect Week Summit para dentro do campus da Universidade Positivo é uma forma de aproximar nossa comunidade acadêmica dos principais ambientes de inovação e empreendedorismo do país. Essa fusão é muito saudável para o desenvolvimento de soluções importantes para a sociedade, no futuro próximo”, Roberto Di Benedetto, reitor da Universidade Positivo (UP).


Este que é um dos eventos âncora do Connect Week, acontecerá de 18 a 21 de junho no Viasoft Experience, dentro do Campus da Universidade Positivo, em Curitiba. Na programação, cerca de 70 marcas expositoras e mais de 140 palestrantes de diversas trilhas de conhecimento: entre Agronegócio, Health, Varejo, ESG, Tecnologia, Inteligência Artificial, entre outros.


Oportunidade para nômades digitais e profissionais em home office


Para acomodar todos os perfis de profissionais na capital paranaense, a rede hoteleira local se prepara para oferecer uma experiência única durante o evento. A estratégia visa acolher principalmente os nômades digitais (trabalhadores sem endereço fixo) e profissionais que trabalham em home office durante as datas.


"A ideia é que os hotéis tenham algum tipo de promoção para que esses profissionais possam aproveitar intensamente todo o movimento de inovação que ocorre durante o evento. Além de participar dos eventos principais, que giram em torno da inovação, eles também terão a oportunidade de explorar outras atividades, como o turismo tecnológico, o roteiro gastronômico, a corrida da inovação, festivais, cultura e diversos outros projetos que estão sendo preparados para o Connect Week”, pontua Viola. 


Sobre a realização da edição deste ano, o idealizador não esconde o entusiasmo. “As expectativas para o Connect Week 2024 são gigantescas. Ele passou a ser o grande projeto de inovação do Paraná, divulgando o que nós temos de ações nacionais e internacionais. Com a participação de speakers, autoridades internacionais e nacionais, iremos mostrar a grandeza da inovação que está espalhada pelo nosso estado”, finaliza. 


Para mais informações sobre o Connect Week, visite o site oficial em https://connectweek.com.br. A programação completa do Connect Week 2024 e do Connect Week Summit estão disponíveis no aplicativo Connect Week. O usuário poderá organizar a sua agenda na semana, interagir com outras pessoas por meio da timeline e participar de ativações e sorteios.



Ex-engenheiro da Google prevê quando humanidade será imortal

Se você já se perguntou quando os humanos alcançariam a imortalidade, um cientista tem resposta aos seus questionamentos.


Foto reprodução 

Por Eveline Mendes Revista Escola Educação Publicado em 14/05/2024 - 13:42

Com o avanço exponencial da tecnologia, é comum pensar na possibilidade de a humanidade um dia ser totalmente imortal. Para um ex-engenheiro da Google, essa possibilidade não é apenas uma especulação, mas uma certeza.


De acordo com Ray Kurzweil, renomado inventor e autor de obras sobre inteligência artificial, nanotecnologia e robótica, a humanidade estará imortalizada a partir de 2030.


Kurzweil, conhecido por suas previsões visionárias, tem um histórico impressionante de acertos, alcançando 86% de precisão em suas 147 previsões, conforme reportado pelo Daily Mail.


Ao longo dos anos, ele tem proclamado que chegaremos à ‘singularidade’ em um futuro próximo. Mas o que significa essa expressão?


A singularidade é um conceito teórico no qual Kurzweil aponta que a inteligência artificial atingirá um estágio em que superará a inteligência humana, transformando drasticamente nossa jornada evolutiva.


O ano da singularidade

O ex-engenheiro compartilha uma visão prospectiva em que a singularidade tecnológica se tornará uma realidade por volta de 2045.


Ele fundamenta sua previsão na assertiva de que a inteligência artificial será capaz de passar em um teste de Turing válido até 2029.


Com isso, ele revela que os campos da genética, da nanotecnologia e da robótica terão evoluído significativamente, culminando no desenvolvimento de métodos inovadores para reverter o processo de envelhecimento.


A proposta inclui a utilização de nanorrobôs, minúsculos dispositivos capazes de percorrer o corpo humano, reparando células danificadas e retardando os efeitos do tempo sobre o organismo.


Essa intervenção promete fortalecer o sistema imunológico, conferindo resistência a doenças, como o câncer.


Embora a data apontada para a singularidade inicialmente tenha sido recebida com ceticismo, ela reflete uma visão que está ganhando cada vez mais credibilidade entre cientistas e especialistas.


O potencial transformador da nanotecnologia na saúde humana é um tema central de discussão e pesquisa na comunidade científica atualmente.


Em 1999, Kurzweil fez uma previsão ousada: ele projetou que até 2023, um notebook de US$ 1.000 teria o mesmo poder computacional e capacidade de armazenamento que um cérebro humano.


Apesar de suas outras previsões, talvez nenhuma seja tão impressionante quanto sua visão da singularidade.


Em seu livro, ele argumentou que as máquinas já estão nos tornando mais inteligentes e que, ao conectá-las ao neocórtex, as pessoas pensarão de forma mais inteligente.


Ao contrário da visão convencional sobre a conexão entre nossos cérebros e máquinas, Kurzweil defende veementemente que os implantes cibernéticos podem nos aprimorar.




Saiba tudo sobre o Smart City Expo Curitiba, que começa nesta quarta-feira



Saiba tudo o que acontece no 5º Smart City Expo Curitiba a partir desta quarta-feira -
Foto: Daniel Castellano / SMCS


@SMCS

Eleita a Cidade Mais Inteligente do Mundo, Curitiba se transforma mais uma vez, a partir desta quarta-feira (20/3), no centro das discussões mundiais sobre soluções inovadoras e inteligentes, com o início da 5ª edição do Smart City Expo Curitiba, no Centro de Eventos do Positivo (Parque Barigui).


Até sexta-feira (22/3), a capital paranaense é a anfitriã de visitantes de diversos estados e países que chegam para participar do fórum internacional, a versão brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo.


"Uma cidade só é realmente inteligente quando adota inovações que se transformam em processos sociais e melhoram o dia a dia das pessoas. Curitiba é uma cidade inteligente que tem coração e nos orgulha muito receber comitivas de todos lugares, que querem conhecer nossas iniciativas de smart city e nosso Vale do Pinhão", afirma o prefeito Rafael Greca.

Criado pelo prefeito em 2017, o Vale do Pinhão é o ecossistema da inovação da cidade.


Comemoração dos 331 anos

O evento, que reúne congresso e feira e tem como tema Reinventando Cidades para Todos, faz parte das comemorações dos 331 anos da capital paranaense e está alinhado ao zelo da Prefeitura pela inovação.


O Smart City Expo Curitiba 2024 é organizado pelo hub curitibano iCities, com a chancela da Fira Barcelona, organizadora do principal Congresso Mundial de cidades inteligentes, o Smart City Expo World Congress e, tem apoio da Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap), e do Vale do Pinhão.


Os ingressos para a área de exposições – que dão acesso às iniciativas da Prefeitura no fórum, a Smart Plaza Vale do Pinhão e a Experiência em Realidade Virtual – são gratuitos e podem ser adquiridos pelo site do evento, na categoria Visitante.


Smart Plaza

Coração do Smart City Expo Curitiba 2024, a Smart Plaza Vale do Pinhão vai compartilhar com os visitantes as inovações da Prefeitura e seus reconhecimentos internacionais. Entre as atrações, o público poderá ver e tirar fotos com o troféu internacional de Cidade Mais Inteligente do Mundo recebido por Curitiba no fim de 2023.


A Smart Plaza abre espaço para empresas, startups e instituições da cidade contarem suas experiências e será palco de lançamentos de projetos e programas que seguem o conceito da inovação curitibana.


Curitiba em realidade virtual

Também na área de exposições, Curitiba vai oferecer a experiência em realidade virtual O Rosto da Cidade Mais Inteligente do Mundo, em que os participantes vão "viajar" pela capital paranaense sem sair do lugar, em um tour para contemplar a paisagem em 360º.


Congresso

Na área do Congresso, palestrantes de diversos países vão compartilhar soluções para tornar comunidades, municípios, estados e países cada vez mais inteligentes,


Entre os destaque, estão o artista urbano brasileiro Eduardo Kobra, o diretor executivo da Corporação da Oficina de Resiliência de Medelín (Colômbia), Santiago Uribe; a pesquisadora em inovação da Fab Lab Rita Wu; o CEO da Fira Barcelona International, Ricard Zapatero; a especialista em tecnologia na UN-Habitat, Lívia Schaeffer; o diretor de competitividade do Governo de Bogotá (Colômbia), Juan Felipe Penagos; e o gerente-geral de desenvolvimento corporativo de Santiago (Chile), Jaime Pilowsky.


CLIQUE AQUI para os ingressos para a área do Congresso do Smart City Expo Curitiba

 

Primeiro dia

Nesta quarta, primeiro dia de Smart City Expo, o prefeito Rafael Greca participa da cerimônia de abertura (8h45) e, na sequência (10h30), integra o painel Diálogo Entre Prefeitos - Transformando Cidades: Perspectivas de Municípios Brasileiros, na área do congresso.


O vice-prefeito e secretário estadual das Cidades, Eduardo Pimentel, participa, às 11h15, do painel (Re)definindo uma Governança Inteligente: Por onde começar?.


Às 18h30, Greca e a Agência Curitiba lançam o livro Innovate Curitiba, com as empresas do programa Tecnoparque e do Vale do Pinhão participantes do projeto que coloca Curitiba em uma grande vitrine mundial para negócios internacionais.


A Smart Plaza recebe, nesta quarta-feira, o lançamento de um empreendimento inovador, com 12 pavimentos, no Rebouças (16h); a entrega do Prêmio do Nota Curitibana especial pelo aniversário da cidade (16h30) e o lançamento para o público do programa de inovação aberta Link, uma parceria da Agência Curitiba e do Sebrae-PR que vai gerar negócios entre grandes empresas, pesquisadores e startups (17h).


Premiação e Camerata

O Smart City Expo Curitiba 2024 terá o inédito prêmio Smart City Expo Curitiba Brazilian Awards, que reconhece municípios que, assim como Curitiba, investem em projetos sustentáveis e inovadores.


A cerimônia de premiação será na quinta-feira (21/3), às 19h, no Teatro Positivo, seguida da apresentação da Camerata Antiqua de Curitiba e convidados especiais, sob a batuta do norte-americano Ira Levin, em um tributo à soprano greco-americana Maria Callas.


Haverá ônibus Hibribus gratuito para levar o público do Centro de Eventos no Parque Barigui até o Teatro Positivo, com saídas do Parque Barigui às 18h e às 18h30.


Ações ESG

Entre as novidades desta edição Smart City Expo Curitiba, está um conjunto de ações ESG (governança ambiental, social e corporativa) da organização do evento para torná-lo mais inclusivo, principalmente para pessoas com deficiência e neurodivergentes, além de estratégias de carbono e lixo zero.


Estimativa de público

Com 65 expositores confirmados, a Smart City Expo Curitiba 2024 estima receber, nos três dias de evento, 16 mil participantes, superando os 15 mil do ano passado, primeira edição realizada em três dias.


Somando as quatro edições anteriores (2018, 2019, 2022 e 2023) do evento na capital paranaense, Curitiba já recebeu 37,30 mil visitantes durante o Smart City Expo Curitiba, vindos de 450 cidades e mais de 35 países diferentes.


O Smart City Expo Curitiba 2024

O Smart City Expo Curitiba é a versão brasileira do maior e mais importante evento de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo World Congress, organizado todos os anos pela Fira Barcelona. O evento mundial reúne mais de 25 mil participantes de 150 países.


Organizado pelo iCities, hub brasileiro de negócios em cidades inteligentes, o Smart City Expo Curitiba tem chancela internacional da Fira Barcelona, apoio da Prefeitura de Curitiba, do Vale do Pinhão e da Secretaria Municipal de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap) e tem a parcerias das empresas Arlequim, Intelbras, ICI, Ligga, Sebrae, Governo do Estado do Paraná, SP Negócios, Polkadot e Intel.


Serviço: Smart City Expo Curitiba 2024

Finep/MCTI anunciam suplementação de R$ 240 milhões de recursos FNDCT para o apoio a 19 parques tecnológicos

Montante é equivalente a cerca de 80% do valor total destinado emtodo o ano de 2022


A Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e o presidente da Finep, Celso Pansera, anunciaram na manhã de terça-feira (29/8) a aprovação da suplementação de recursos concedida aos projetos do Edital Parques Tecnológicos, no valor de R$ 240 milhões, o equivalente a cerca de 80% do valor total destinado a todo o ano de 2022, de R$ 297 milhões.  O montante irá atender 19 parques sendo 18 em operação (aqueles já em plena atividade, com empresas instaladas, equipe gestora e infraestrutura operacional consolidadas, que permitam seu funcionamento) e um em implantação (que integra um programa formal de desenvolvimento econômico regional e já tem iniciadas as obras de infraestrutura, construção ou reformas da sede e outros edifícios e possui estrutura gestora para sua implantação).


Graças à recomposição do FNDCT, ocorrida este ano, a Finep aprovou, junto ao Conselho Diretor do Fundo, suplementação de recursos não reembolsáveis no valor de R$ 1,1 bilhão, para atender propostas qualificadas em editais lançados no âmbito do PAI – Plano Anual de Investimentos 2021 e 2022. O valor equivale a, aproximadamente, 20% do orçamento total de recursos do FNDCT em 2022, da ordem de R$ 5,5 bilhões. Ao todo foram aprovados 133 projetos, 78 da Diretoria de Inovação e 55 da Diretoria Científica e Tecnológica, esses envolvendo Parques Tecnológicos. (A relação dos apoiados pode ser conferida aqui ).


A Finep obteve nos editais correspondentes, grande número de propostas com elevado grau de maturidade, que na ocasião, por falta de recursos, não puderam ser contempladas. Agora, com a recomposição do FNDCT e a aderência dos projetos às diretrizes do PAI 2023, o apoio foi aprovado.


Os Parques Tecnológicos são estrutura fundamental para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico tanto local como regional. Contribuem para o aumento da competitividade do País e a interação entre empresas e instituições de Ciência e Tecnologia. Além disso, alavancam e integram ecossistemas de Inovação e da sociedade do Conhecimento.


O Edital Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no Diagnóstico, Tratamento e Reabilitação de Pessoas com Doenças Raras, da Diretoria de Inovação, obteve suplementação de R$ 34 milhões. Os projetos resultantes da chamada envolvem diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com Doenças Raras, com o objetivo de reduzir a incapacidade causada por essas patologias, contribuir para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes e melhorar seu acesso aos serviços de saúde e educação.


Por: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)

SindCT leva a Amazônia para Curitiba!


O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial – SindCT, participará da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que acontece de 23 a 29 de julho na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.


A participação do SindCT será no espaço SBPC Jovem, destinado aos alunos de ensino médio e superior, com a Exposição Amazônia Vive.


Após o sucesso da participação do SindCT na reunião de 2022, com uma exposição sobre as urnas eletrônicas, um metaverso da urna eletrônica e o lançamento nacional do livro sobre a história das urnas eletrônicas brasileiras, o SindCT foi convidado pela SBPC a participar da reunião de 2023.


Neste ano, a Exposição Amazônia Vive, leva para Curitiba a experiência de estar dentro da Floresta Amazônica através de óculos de realidade virtual. Além da experiência em realidade virtual, os visitantes também poderão visitar um metaverso 3D especialmente criado sobre a Amazônia.


A Exposição aborda os principais elementos da floresta, sua composição, fauna, flora, povos originários, desmatamento, queimadas, garimpo ilegal, ações de monitoramento, fiscalização e preservação da floresta e as instituições públicas federais que atuam na região.


O objetivo da Exposição é mostrar, além da importância da Floresta Amazônica e sua bacia hidrográfica, como a pesquisa científica colabora para a preservação da vida na região.


Os alunos que visitarem o stand do SindCT receberão, entre outros brindes, a História em

Quadrinhos “Amazônia Vive – Uma aventura na Amazônia” explicando o conteúdo da exposição. O artista ilustrador da HQ, Zeco Rodrigues, também estará na exposição, produzindo caricaturas dos visitantes para presenteá-los.


Além disso, o jornalista contratado pelo SindCT, Júlio Cancellier, responsável pela criação do metaverso da urna eletrônica e do metaverso da Amazônia, promete muito mais surpresas para os alunos.


A Exposição também estará conectada com o Instagram, mostrando em tempo real as atividades que serão realizadas na exposição através do perfil: https://www.instagram.com/expoamazoniavive/


Por enquanto, apenas o site da exposição dá uma pequena amostra do que será apresentado na SBPC Jovem deste ano: https://sindct.org.br/expoamazonia/

Nova técnica pode facilitar a descoberta de alvos terapêuticos e mecanismos de doenças

 

Em estudo publicado na Science, time internacional de pesquisadores descreve ferramenta que possibilitou encontrar mais de 800 interações até então desconhecidas entre proteínas e metabólitos. Trabalho pode facilitar a busca de tratamentos para diferentes moléstias (imagem: Minutemen/Wikimedia Commons)

André Julião | Agência FAPESP – Estudo publicado na revista Science descreve uma técnica que pode facilitar descobertas relacionadas tanto a mecanismos de doenças quanto a possíveis tratamentos.

Batizada de MIDAS (sigla em inglês para diálise acoplada a espectrometria de massas para a descoberta alostérica sistemática), a metodologia permitiu detectar 830 interações consideradas de baixa afinidade entre proteínas e metabólitos (produtos do metabolismo das células), que dificilmente poderiam ser descobertas pelos métodos até então existentes.

“As diferentes vias metabólicas trocam informações entre si e se regulam, o que é muito importante para o metabolismo. No entanto, essas interações são de baixa afinidade, muito difíceis de se detectar com as técnicas usadas atualmente. É uma conversa muito sutil, como um cochicho”, ilustra Maria Cristina Nonato, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e coautora do artigo.

A pesquisadora foi convidada a fazer parte do estudo por conta do seu trabalho – apoiado pela FAPESP – com a fumarase, uma enzima com potencial para ser alvo farmacológico contra parasitas como Leishmania e Trypanosoma. A proteína também tem relação com alguns tipos de câncer e doenças genéticas (leia mais em: agencia.fapesp.br/24367/).

Segundo Nonato, as técnicas atualmente usadas foram desenvolvidas para captar interações dentro de uma mesma via metabólica, onde são muito mais evidentes ou esperadas. A MIDAS tem uma sensibilidade maior e pode encontrar mesmo as interações inesperadas, que passariam despercebidas por outras metodologias.

A MIDAS é baseada numa técnica bioquímica clássica conhecida como diálise de equilíbrio, que faz medidas de afinidade de ligação para interações entre receptores e ligantes. O grupo de Jared Rutter, professor da Universidade de Utah e coordenador do estudo atual, publicou o primeiro piloto da metodologia para estudo de interações entre proteínas e metabólitos em 2012.

A plataforma publicada agora tem uma série de melhorias, que permitiram identificar sistematicamente interações de metabólitos com mais de 200 proteínas humanas em um tempo relativamente curto.

Caminho promissor

Para Kevin Hicks, primeiro autor do estudo e pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, o trabalho, junto com outros realizados recentemente por outros grupos, demonstra que existe uma profunda e até então pouco valorizada rede conectando o metabolismo de pequenas moléculas e proteínas funcionais.

“À medida que aprendemos mais sobre essa rede de interações, obtemos uma nova compreensão de como as células respondem ao seu estado metabólico. Essas interações, até então desconhecidas, vão proporcionar uma profunda compreensão sobre o que é saúde e doença, além de contribuir para a descoberta de novos tratamentos”, afirma à Agência FAPESP.

No trabalho publicado agora, os pesquisadores focaram no metabolismo de carboidratos, importante para a obtenção de energia por todos os seres vivos. No entanto, a ferramenta tem potencial para o estudo do metabolismo de modo geral.

“Uma das estratégias para a busca de novos tratamentos se baseia na modulação da atividade de proteínas e enzimas pela interação com pequenas moléculas. Essa é uma busca constante da ciência que pode ser facilitada com esses estudos, uma vez que revela não somente novas interações, mas novos mecanismos de modular a ação de proteínas. Isso pode ser explorado desde já com os resultados obtidos, mas ainda há muito espaço para ser ampliado”, explica Nonato.

Entre todas as proteínas analisadas no estudo, em apenas duas delas foi possível determinar a estrutura tridimensional, um passo importante para descobrir possíveis moléculas que possam regulá-las. Uma delas foi justamente a fumarase humana, para a qual foi descoberta e caracterizada a interação com o metabólito AP-3, um componente do metabolismo de fosfonato.

Para a determinação da estrutura 3D, foi utilizada a linha de luz Manacá, da nova fonte de luz síncrotron brasileira do Sirius, localizada no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.

Com o trabalho, não apenas o grupo de Nonato pode seguir num caminho promissor para o estudo de doenças causadas por parasitas, como outras equipes terão a possibilidade de usar a biblioteca de interações resultante do estudo. Pesquisadores podem ainda usar a MIDAS para encontrar novas interações no metabolismo das células tanto em condições normais quanto frente a diferentes patologias.

O artigo Protein-metabolite interactomics of carbohydrate metabolism reveal regulation of lactate dehydrogenase pode ser lido em: www.science.org/doi/10.1126/science.abm3452.
 


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Agências de fomento de 63 países ratificam compromisso por pesquisas mais amplas e inclusivas

 

Carta de princípios foi referendada durante encontro anual do Global Research Council, que teve a FAPESP como coorganizadora e ocorreu em Haia, nos Países Baixos. Objetivo é estabelecer práticas comuns para avaliar qualidade da ciência produzida e facilitar colaborações internacionais (foto:Karina Toledo/Agência FAPESP)

André Julião | Agência FAPESP – Pesquisa, instituições e pesquisadores precisam ser avaliados de forma ampla e holística, levando em conta o contexto em que a pesquisa é feita, como o campo de estudo ou o estágio da carreira do pesquisador. Além disso, é preciso reconhecer a diversidade das atividades de pesquisa, inovação e resultados que demandam habilidades e competências diversas. Práticas e abordagens responsáveis de pesquisa devem ser guiadas pela promoção da equidade, diversidade e inclusão.

Esses são alguns dos princípios ratificados pelas agências participantes do encontro anual do Global Research Council (GRC), que encerrou na sexta-feira (02/06) no Palácio da Paz, em Haia, nos Países Baixos. O encontro teve como organizadores a Organização Neerlandesa para a Pesquisa Científica (NWO) e a FAPESP.

“Temos muita influência na cultura e no comportamento de pesquisadores e instituições de pesquisa. Portanto, chegar a um conjunto de princípios sobre recompensar e reconhecer pesquisadores é absolutamente crítico e fundamental para fazer o que fazemos”, disse Prue Williams, ministra de Negócios, Inovação e Emprego da Nova Zelândia, que conduziu a sessão “Reconhecendo e Recompensando Pesquisadores”, ocorrida na quarta-feira (31/05).

Membro do Conselho Executivo da NWO e professor do Centro Médico da Universidade Erasmus, em Roterdã, Arfan Ikram lembrou sua própria trajetória como professor e pesquisador para ressaltar a importância de recompensar e reconhecer os pesquisadores nos diferentes estágios da carreira.

“Esse movimento de reconhecimento e recompensa tem pelo menos uma década e hoje busco contribuir no papel de financiador de pesquisa. Mas quando olho para trás, vejo que reconhecimento e recompensa beneficiaram enormemente minha carreira como pesquisador e professor, de forma que sem isso eu não estaria aqui”, contou.

Novos desafios

A palestra principal foi proferida por Laura Rovelli, membro do Conselho Executivo da Dora (Declaração de Avaliação de Pesquisa, na sigla em inglês) e coordenadora do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), com sede em Buenos Aires.

Segundo Rovelli, há alguns desafios atualmente à avaliação de pesquisas devido a diferentes transformações que ocorrem na sociedade, algumas relacionadas a problemas urgentes e críticos. Um deles é a busca por sustentabilidade enquanto se enfrentam mudanças climáticas globais e outras questões sociais.

“É preciso reforçar o papel da ciência como um bem comum, de forma a obter engajamento dos cidadãos na atividade científica. Por outro lado, para proteger o acesso aos benefícios da ciência, que podem trazer o bem-estar de indivíduos e sociedades, é também um desafio alinhar a qualidade da pesquisa com integridade e impacto social”, ressaltou.

Nesse sentido, a pesquisadora lembrou que algumas medidas estão sendo tomadas para melhorar a qualidade da avaliação de pesquisas na América do Sul, como a rede de dez universidades brasileiras que trabalham em reformas alinhadas aos princípios da Dora, grupo internacional que desde 2012 formula e propõe melhorias nesse tipo de avaliação.

Em seguida à palestra, os participantes se dividiram em cinco grupos e levantaram questões a serem incorporadas às futuras discussões sobre o tema no GRC. Por fim, ratificaram a carta de princípios, com nove itens elaborados para avançar em novas formas de avaliar pesquisas e pesquisadores.

Para mais notícias do encontro anual do GRC acesse: fapesp.br/grc23.


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Editoras científicas e agências de fomento se unem em prol da diversidade étnica e racial na pesquisa

 

Iniciativas desenvolvidas por Elsevier, Royal Society of Chemistry, NRF e DFG foram apresentadas em evento realizado em Haia, nos Países Baixos (foto:Karina Toledo/Agência FAPESP)


Karina Toledo, de Haia | Agência FAPESP – Tornar o ecossistema de pesquisa mais diverso e inclusivo tem sido, nos últimos anos, uma das principais preocupações do Global Research Council (GRC) – entidade que congrega representantes das principais agências de fomento público à pesquisa do mundo. E há entre os membros do conselho um entendimento de que, para promover mudanças estruturais e de impacto nessa direção, é preciso aprimorar os métodos de coleta de dados – sobretudo no que se refere a informações relativas às dimensões étnica e racial dos pesquisadores.

O grande desafio, porém, é que esse tipo de dado é considerado sensível, pois, se vazado, pode deixar os indivíduos suscetíveis a práticas abusivas ou de discriminação. Para trocar experiências nessa área e buscar meios de superar os obstáculos, representantes da FAPESP e de duas grandes editoras científicas – a Elsevier e a Royal Society of Chemistry – promoveram um evento na terça-feira (30/05) em Haia, nos Países Baixos. O encontro integrou a programação da Reunião Anual do Global Research Council (GRC) de 2023.

“Começamos a discutir esse tema em 2021 com a Royal Society of Chemistry e algumas agências de fomento, entre elas a FAPESP, a DFG [German Research Foundation, da Alemanha] e a NRF [National Research Foundation, da África do Sul]. Já foram feitos dois workshops anteriores, nos quais identificamos algumas ideias interessantes. Funders [financiadores] e publishers [editoras] podem trabalhar juntos em direção a um objetivo comum, que é a obtenção de dados que permitam às organizações estruturar planos de ação e fazer o monitoramento desses planos”, contou Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior de Redes de Pesquisa da Elsevier e ex-diretor científico da FAPESP, que foi o moderador do debate.

Representando a FAPESP estava Ana Maria Fonseca de Almeida, uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho sobre Gênero do GRC (Gender Working Group), que foi recentemente renomeado Grupo de Trabalho sobre Igualdade, Diversidade e Inclusão (EDI, na sigla em inglês) e teve seu escopo ampliado, passando a abordar o tema a partir de aspectos que vão além de sexo e gênero, considerando também raça, etnia, idade e deficiência, entre outros fatores (leia mais em: fapesp.br/16123/).

“Editoras e financiadores têm papéis diferentes no ecossistema de pesquisa. As agências atuam no início do processo, provendo fundos, equipamentos, viagens etc. E as editoras atuam no fim do ciclo, quando a hipótese já foi testada. Mas ambos desempenham funções importantes de gatekeeping [escolher o que é relevante e deve ser abordado] no ecossistema de pesquisa. Quando usamos o processo de revisão por pares para selecionar quem financiar ou para selecionar qual artigo publicar, gerenciamos como a comunidade científica se vê”, comentou Fonseca.

Jo Reynolds, diretora de Ciência e Comunidades da Royal Society of Chemistry, contou que a entidade divulgou em 2018 um relatório sobre a diversidade na área de química que evidenciou a falta de progresso no que se refere à inclusão de mulheres em posições de liderança.

“Ainda há barreiras que atrapalham o progresso, criam incerteza e pressão desnecessárias e dificultam a conciliação do trabalho com outras responsabilidades”, relatou.

A partir desse trabalho, o grupo desenvolveu um guia prático que visava reduzir ao máximo os vieses de gênero em cada etapa do processo de publicação de artigos científicos. “Mas sabíamos que o impacto seria limitado se outros publishers não começassem a agir da mesma forma. Então criamos um compromisso conjunto em prol da inclusão e diversificação, que já foi assinado por 56 organizações que representam mais de 1.500 revistas científicas.”

Em março de 2022 a Royal Society of Chemistry divulgou outro relatório que tratou das dimensões étnica e racial da diversidade na área de química, contou Joanna Jasiewicz, que coordena a Unidade de Raça e Etnia da entidade.

“O relatório mostrou que, após a graduação, estamos perdendo químicos negros em uma taxa alarmante [porque abandonam a carreira após a formatura]. Ao ponto que, estatisticamente falando, há 0% de professores de química [de ensino superior] negros no Reino Unido. E quando falamos de professoras negras o número é realmente zero. Observamos a mesma tendência quando olhamos os dados de filiação [à Royal Society of Chemistry]. E não teve uma mudança significativa nos últimos dez anos”, relatou.

Um programa intitulado Missing Elements Grants Scheme foi lançado para tentar reverter o quadro. Além de financiamento, a iniciativa oferece mentoria, ajuda com networking e outros auxílios.

Critérios variáveis

Ao comentar sobre os workshops anteriores promovidos pelo grupo, Max Voegler, vice-presidente de Redes Estratégicas Globais da Elsevier, explicou por que coletar dados sobre raça e etnia é uma tarefa bem mais complexa do que obter informações sobre o gênero dos pesquisadores. Um dos motivos é que as categorias de autoidentificação podem variar de acordo com a região geográfica e com o passar dos anos. Além disso, há diferentes formas de estabelecer a identidade étnica, que pode considerar aspectos físicos, culturais (língua e religião, por exemplo) ou geográficos.

“Dificilmente haverá um instrumento perfeito, capaz de captar todas essas nuances. Nos workshops anteriores discutimos como fazer essa coleta de dados e também por que fazê-la. Como o dado será usado? Qual é o nível de detalhe necessário?”, relatou Voegler. Parte do trabalho realizado foi apresentada no evento por Holy Falk, também da Elsevier.

Eva Reichwein, vice-chefe da Divisão de Igualdade de Oportunidades, Integridade de Pesquisa e Desenvolvimento de Programas da DFG, relatou algumas medidas que a agência alemã tem implementado para promover um cenário de pesquisa que reflita a diversidade da sociedade e ofereça igualdade de oportunidades. As iniciativas foram reunidas em um estatuto disponível on-line. E têm sido apresentadas em workshops que a DFG promove nas universidades.

Já a diretora-executiva da NRF, Gugu Moche, falou sobre o Black Academics Advancement Programme, que busca aumentar a proporção de negros adequadamente qualificados nas universidade sul-africanas. À Agência FAPESP, ela afirmou que o maior desafio em seu país é aumentar o financiamento à pesquisa de modo geral. “Temos muitas pessoas que se qualificam, mas não há recursos suficientes”, disse.

Para mais informações sobre a Reunião Anual do GRC acesse: fapesp.br/grc23.


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Entidades científicas pedem recriação do Comitê de Plantas Medicinais

 Colegiado foi extinto em 2019


Por Agência Brasil 

A biodiversidade brasileira tem potencial para transformar o país em um dos principais agentes mundiais na área de biotecnologia, mas ainda é pouco explorada. A conclusão é de organizações que participaram, nesta semana, do Webinário Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), evento organizado pelas Redes de Inovação em Medicamentos da Biodiversidade e pelo Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS) de Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


Na carta final do evento, entidades científicas pedem a reestruturação do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos da PNPMF, contemplando representantes de órgãos de governo e da sociedade civil para realizar seu trabalho à luz dos conceitos da bioeconomia e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).


O evento esclareceu, inicialmente, a distinção entre as políticas nacionais de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e de Práticas Integrativas e Complementares, abordando a trajetória do movimento pela fitoterapia no Brasil e a abrangência e os limites da PNPIC, além das circunstâncias da formulação da PNPMF.


O representante do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Daniel Nunes, cobrou uma representação política, pensando no comitê e nas instâncias colegiadas como entidades democráticas da sociedade.


Segundo Nunes, é preciso haver diálogo entre o conhecimento tradicional e o conhecimento científico, revelando os desafios e avanços no âmbito da política, e trazendo, ainda, o status do marco legal da biodiversidade.


Ele frisou que a fitoterapia faz parte de uma luta histórica de quem vivencia e utiliza a prática. “A fitoterapia é um desdobramento do movimento sanitário que criou o SUS [Sistema Único de Saúde], movimento que lutou politicamente nas bases e irradiou democracia para as pessoas que precisavam de saúde equitativa e de qualidade”, lembrou.


A representante da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), Ana Cláudia Dias, defendeu a necessidade de revisitar a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e recriar o comitê para que se possa enxergar a complexidade do programa e para que ocorra uma real interação entre os diversos atores envolvidos, principalmente entre os ministérios.


“Tudo isso surge como uma oportunidade para o Brasil. Temos um país megabiodiverso, é a nossa oportunidade de não depender de insumos farmacêuticos ativos do exterior. Largada essa dependência química que temos da China e da Índia, temos a maior biodiversidade do planeta, vamos usá-la, vamos trabalhar, pesquisar”, afirmou.


De acordo com Ana Cláudia, o tema precisa fazer parte do currículo das faculdades de medicina e agronomia. São necessárias também ações ministeriais para implementação total do programa e da política para que tenham continuidade como ações de estado, e não de governo.


Relatório

Ao final de três dias de debate, o coordenador do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde, Glauco Villas Bôas, informou que será lançado um amplo relatório sobre o evento. “Este documento será encaminhado ao Ministério da Saúde, como a instituição que abriga todo o programa, para à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde como contribuição para revisão e atualização da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a todos os ministérios relacionados com esta política. Posteriormente, o documento se tornará público, acrescentou Villas Boas. 


O debate reuniu representantes dos Ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional; Meio Ambiente e Mudança do Clima; da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Desenvolvimento Agrário; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; da Educação; Cultura e Saúde; da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das associações Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especificidades, Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos e Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção a Saúde (Abifisa). 


Histórico

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi criada em junho de 2006, com o objetivo de garantir à população brasileira acesso seguro e uso racional desse tipo de plantas e promover o uso sustentável da biodiversidade e o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional.


Em 2008, as diretrizes da política foram detalhadas como ações no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Também foi criado o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.


Em 2019, todos os colegiados foram extintos e novas regras foram impostas para recriação deles.

Conselho de classe automático? Sim! Tecnologia do PR já possibilita tal façanha

Case de Sucesso - Centro Europeu


Sistemas já automatizam até 80% dos processos internos das escolas, impactando a qualidade do serviço oferecido


Boletim digital, entrega de atividades e até conselho de classe automático, que decide se o aluno passará ou não de ano. Sim! Essas são algumas das evoluções que a tecnologia trouxe para as escolas nos últimos anos, inovações aceleradas pelas exigências que a pandemia da Covid-19 gerou no Brasil e no mundo. 


O uso dos chamados sistemas de gestão integrados tornou-se cada vez mais comum em instituições de ensino, automatizando tarefas e organizando todas as áreas, fazendo, até mesmo, as escolas ganharem competitividade no mercado, já que, com tempo e mão de obra de sobra, é possível focar boas estratégias, como melhorar o atendimento aos alunos. Uma pesquisa feita pela IDG Research Services, por exemplo, revela que empresas de pequeno e médio porte dos Estados Unidos que utilizam um sistema de gestão são 10% mais produtivas que as que não usam, além de crescerem 35% mais rápido. 


Prova desse crescimento da digitalização no setor educacional são os números da Matheus Soluções. A plataforma, que permite automatizar 80% dos processos internos de uma escola, registra 100 mil alunos impactados em 119 unidades de ensino, grande parte dessas, adquiridas nos últimos dois anos. 


O software, que funciona em nuvem, propõe-se justamente a auxiliar alunos, funcionários, professores e gestores educacionais em diversas tarefas cotidianas, como realização e entrega de trabalhos e lições de casa, gerenciamento de notas, de faltas e muito mais. A tecnologia também auxilia no conselho de classe, mensurando qualitativa e quantitativamente o desempenho dos discentes no ambiente escolar e respondendo ao questionamento mais delicado do ano: se o aluno reprova ou não.


“Com o sistema integrado, o professor consegue inserir os dados individuais do aluno ao longo do ano, como notas, faltas, rendimento em classe, desenvolvimento em sala de aula e o que é preciso melhorar. Essas informações são levadas ao conselho de classe, e, de maneira democrática, definem-se os próximos passos de cada discente”, diz Tiago Rafael, gestor de operações da empresa. 


As instituições também conseguem ter mais agilidade em outras atividades operacionais e estratégicas, desde matrícula, rematrícula, meio de pagamentos das mensalidades e inadimplências. As dúvidas e as requisições dos alunos ou dos responsáveis, por exemplo, passam a ser resolvidas com mais rapidez e precisão por meio da plataforma.


“Imagine o volume de decisões que uma escola ou uma faculdade, por exemplo, precisa tomar. Automatizar esses fluxos representa mais agilidade à rotina, otimização do tempo, mensuração da performance das atividades e organização das finanças”, ressalta Thiago.


Expansão para pequenas escolas

Para o ano de 2023, a Matheus Soluções pretende expandir o uso de seu sistema para escolas com uma quantidade menor de alunos, estejam eles na educação infantil, estejam no fundamental, médio ou técnico. "Calcula-se que existem no país 40 mil escolas privadas com até 8.136.345 alunos, e muitas vezes, nessas instituições, gestores estão sobrecarregados de funções e tarefas que poderiam ser automatizadas, trocando-se o operacional diário para pensar estrategicamente tanto no bem-estar do aluno quanto no negócio como um todo", destaca Tiago.


Segundo Tiago, pensar de forma estratégica passou de para fundamental após o período de pandemia do novo coronavírus, quando entre 30% a 50% das escolas da rede privada de pequeno e médio porte entraram em risco de falência devido a cancelamentos de matrículas e atrasos nas mensalidades. Os dados são da União das Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte, uma organização sem fins lucrativos criada durante o período de crise para dar suporte às instituições. 


Uma pesquisa realizada pela consultoria de gestão escolar Rabbit, que tem como base mais de 1.500 escolas particulares em todo o Brasil, mostra que essas instituições de ensino perderam um terço das matrículas, ou seja, 2,7 milhões, no ano de 2021.


"A automatização vem ajudar as escolas a reverterem esse quadro, quando garantem melhores condições de ensino e liberam professores e gestores para focar os alunos e o aprendizado", finaliza o gestor da Matheus Soluções. 


SERVIÇO

Para saber mais, https://www.matheussolucoes.com/.



Lula entregará a cientistas medalha retirada por Bolsonaro

Premiação havia sido concedida e depois foi retirada por decreto

 Lula entregará a cientistas medalha retirada por Bolsonaro. © Valter Campanato/Agência Brasil


Agência Brasil 

O infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e a sanitarista Adele Benzaken serão condecorados pelo governo federal com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Em novembro de 2021, os dois chegaram a ser agraciados com a honraria em decreto assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro. No entanto, dois dias depois, ele editou um novo decreto cancelando a condecoração. Em protesto contra a medida, outros 21 cientistas agraciados assinaram uma carta renunciando coletivamente à honraria.


"Lula devolverá a medalha a esses dois cientistas. E todos aqueles que recusaram a condecoração no governo anterior também irão receber a medalha", anunciou a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em discurso hoje (2) no Rio de Janeiro, durante a 13º Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE).


A Ordem Nacional do Mérito Científico foi criada em 1993 para reconhecer contribuições científicas e técnicas de personalidades brasileiras e estrangeiras. A indicação dos agraciados é realizada por uma comissão formada por nove membros, designados de forma paritária pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pela Academia Brasileira de Ciências e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A lista de nomes deve ser elaborada levando em conta os serviços relevantes à ciência, tecnologia e inovação e o destaque dentre por suas qualidades intelectuais, acadêmicas e morais entre os pares.


Ao cancelar a condecoração de Marcus Lacerda e Adele Benzaken, Bolsonaro não apresentou nenhuma justificativa. Após o episódio, a renúncia coletiva de outros 21 agraciados não foi a única reação da comunidade científica. Mais de 270 pesquisadores condecorados em anos anteriores também publicaram uma carta. Eles acusaram o governo de censurar e perseguir cientistas e manifestaram preocupação com o uso da honraria com interesses políticos e ideológicos.


Adele Benzaken havia sido diretora do Departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde entre 2016 e 2019, quando foi demitida do cargo pelo governo federal após a publicação de uma cartilha voltada para homens trans. Já Marcus Lacerda liderou um estudo no qual concluiu em 2020 que a cloroquina era ineficaz para o tratamento de covid-19. Seu artigo foi publicado na Journal of the American Medical Association, uma revista científica de referência internacional.


Bolsonaro defendia o uso da cloroquina para enfrentar a pandemia de covid-19, embora não tivesse respaldo científico. Após publicar os resultados de sua pesquisa, Marcus Lacerda chegou a ser atacado nas redes sociais por apoiadores do então presidente, incluindo seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Recursos do fundo de ciência e tecnologia serão recompostos

Anúncio foi feito pela ministra Luciana Santos

© Wesley Sousa/Ascom MCTI

Agência Brasil 

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou nesta terça-feira (17) que os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) serão recompostos integralmente. O valor previsto para 2023 ainda não foi divulgado.


Luciana Santos também anunciou que será revogada a Medida Provisória nº 1.136/2022, que estabelece limites para a aplicação dos recursos do FNDCT em despesas. Atualmente, dispositivo permite o contingenciamento dos recursos e prevê que utilização de 100% só poderá ser alcançada em 2027.

“Tenho a satisfação de anunciar a recomposição integral do orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e o fim dos limites impostos pela MP 1.136, editada pelo governo anterior e que perderá validade nos primeiros dias de fevereiro”, afirmou.


Ricardo Galvão

A declaração foi feita durante o anúncio oficial do físico Ricardo Galvão como novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Nossa ciência sobreviveu a um cataclismo político. No dia de hoje viramos essa página triste de nossa história com a convicção que a ciência voltará a promover grandes avanços para nossa sociedade através da autoridade do conhecimento”, disse ele durante o evento.


Ricardo Galvão é doutor em física de plasmas aplicada pelo Instituto de Tecnologia e Massachussetts (MIT). Professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, foi diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) de 2004 a 2011; diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 2016 a 2019, presidente da Sociedade Brasileira de Física (2013-2016) e membro da Sociedade Europeia de Física (2013-2016). Em 2019, foi eleito pela revista Nature como o primeiro em uma lista das dez pessoas mais importantes para a ciência naquele ano. Em 2021, recebeu o Prêmio da Liberdade e Responsabilidade Científica da Associação Americana para o Avanço da Ciência.


O nome de Galvão ganhou destaque no noticiário em 2019, quando ele foi exonerado da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após ter divulgado resultados do monitoramento via satélite do desmatamento da Amazônia, que mostravam recordes na derrubada de árvores. À época, o então presidente Jair Bolsonaro criticou a divulgação, dizendo que ela “prejudicava o país”.

Cientistas ressaltam contribuição de técnica criada no Brasil para o estudo do câncer e do genoma humano

O segundo dia do Genome Workshop 20+2 reuniu participantes do Projeto Genoma do Câncer Humano e prestou homenagem ao ex-diretor-presidente da FAPESPSP Ricardo Brentani (Ilustração: Uplash)

Karina Toledo | Agência FAPESP – A ideia pioneira de congregar grupos de cientistas sediados em diferentes partes do Estado de São Paulo em uma rede virtual de pesquisa colaborativa foi, possivelmente, decisiva para o sucesso do Projeto Genoma FAPESP, que começou efetivamente em 1998 e tinha como meta o sequenciamento da bactéria Xylella fastidiosa. “O que fizemos foi criar um instituto de genômica virtual. Nós já éramos virtuais antes de o virtual estar na moda. Nós éramos virtuais 20 anos à frente de nosso tempo. E esse foi um movimento brilhante”, disse o bioquímico inglês Andrew Simpson, que coordenou a iniciativa.


A análise foi feita durante a apresentação de Simpson no segundo dia (22/11) do Genome Workshop 20+2. O evento integra as atividades comemorativas do 60º aniversário da FAPESP e celebra os 22 anos da empreitada científica que inaugurou a pesquisa em genômica e a biologia molecular no Brasil.


“Naquele tempo a genômica era o assunto. Todo mundo queria sequenciar alguma coisa. E todos, exceto o Estado de São Paulo, cometeram o mesmo erro: tentaram criar um instituto de genômica. Isso requer tempo, dinheiro e, geralmente, barganhas políticas. Quando nós concluímos o nosso genoma, todos ainda estavam tentando construir seus institutos”, afirmou Simpson, ressaltando que o objetivo do projeto foi alcançado seis meses antes do prazo determinado e a um custo menor que o previsto.


O sucesso da fase inicial possibilitou à chamada rede Onsa (sigla em inglês para Organização Virtual para Sequenciamento de Nucleotídeos) abraçar metas ainda mais ousadas. Em abril de 1999 teve início o Projeto Genoma do Câncer Humano (HCGP), o mais ambicioso do grupo. O objetivo era sequenciar genes expressos em tumores de grande incidência no país usando uma metodologia nova e desenvolvida no Brasil. O trabalho foi conduzido por 29 laboratórios e um centro de bioinformática, com recursos (US$ 20 milhões) fornecidos pela FAPESP e o Ludwig Institute for Cancer Research.


A necessidade é a mãe da inovação

Conhecida pelo acrônimo ORESTES (open reading frame expressed sequence tag), a técnica de sequenciamento usada no Projeto Genoma do Câncer Humano foi desenvolvida durante o doutorado de Emmanuel Dias Neto na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a orientação de Simpson. Sem recursos para investigar o genoma do esquistossomo (Schistosoma mansoni) pelos métodos convencionais, o grupo criou uma estratégia alternativa baseada em PCR (reação da cadeia de polimerase) – equipamento que amplifica o DNA e permite detectar e medir genes específicos.


Dias Neto descreveu a técnica no periódico The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 1997. Na mesma época, a convite do então diretor-presidente da FAPESP Ricardo Brentani, mudou-se para São Paulo e iniciou no Hospital A C Camargo (hoje chamado AC Camargo Cancer Center) um projeto de pós-doutorado focado no uso da metodologia ORESTES para estudo do câncer.


“Em 1999 nós submetemos o pedido de financiamento para o Projeto Genoma do Câncer Humano. No lançamento, Fernando Reinach (um dos idealizadores do Projeto Genoma FAPESP) disse: ‘Estou muito orgulhoso porque, no projeto da Xylella, estudamos um organismo pequeno, para o qual não tínhamos competidores e usamos a tecnologia mais tradicional. Dois anos depois, estamos desafiando o padrão estabelecido para sequenciamento do genoma humano. Usando uma tecnologia desenvolvida no Brasil, estamos indo para a área mais competitiva e para um genoma realmente grande’”, lembrou Dias Neto em palestra ministrada no workshop.


Enquanto os métodos considerados padrão-ouro na época focavam as extremidades dos genes, a metodologia brasileira permitia sequenciar a porção central, onde se localiza a informação genética. Com o avançar do projeto, ficou evidente que a ORESTES também era útil para identificar genes que não estão entre os mais abundantes nos tecidos humanos e, muitas vezes, passavam despercebidos nos estudos feitos com técnicas tradicionais. Inúmeras sequências inéditas foram geradas pelo grupo, contribuindo para o esforço internacional – conduzido entre 1990 e 2003 – que visava decifrar o genoma humano.


“Tivemos de inventar algo porque não conseguíamos fazer o que todo mundo estava fazendo. E no fim o que nós estávamos fazendo era melhor. Hoje concluo que não foi só um bom trabalho, como também um trabalho fortemente subestimado. Nossa contribuição para o sequenciamento dos genes humanos nunca foi realmente reconhecida”, disse Simpson.


Por meio da rede Onsa foram sequenciados mais de 1 milhão de fragmentos gênicos expressos (expressed sequences tags ou ESTs) provenientes de diferentes tumores humanos. Grande parte desses dados está disponível no Gene Bank, repositório mantido pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI). Ainda hoje as informações geradas pelo grupo subsidiam projetos de pesquisa na área.


“Lembro de Andy [Simpson] uma vez me dizer: você pode passar o resto de sua vida trabalhando em algo que não é importante. Mas se você dedicar seu tempo e seu entusiasmo a algo relevante, eventualmente poderá fazer algo de bom”, contou Dias Neto no final de sua apresentação. “Temos de fazer big Science, temos de acreditar em nós mesmos”, acrescentou.


O segundo dia do Genome Workshop 20+2 também contou com a participação de Sergio Verjovsky, que coordenou um dos laboratórios da rede Onsa e hoje é pesquisador do Instituto Butantan. Ele falou sobre sua linha de pesquisa relacionada aos genes não codificadores. Por muito tempo essa parte do genoma foi considerada não importante e até chamada de lixo. Hoje se sabe que participa da regulação dos genes codificadores de proteínas.


Outro palestrante foi Rui Manuel Vieira Reis, diretor científico do Laboratório de Diagnóstico Molecular do Hospital de Amor (antigamente conhecido como Hospital do Câncer de Barretos). Ele contou que o banco de tumores mantido pela instituição foi criado a partir de uma sugestão de Brentani. Como o hospital atende pacientes de todo o país, o material armazenado tem grande diversidade genética e tem sido útil em muitos estudos relacionados à genômica do câncer.


A moderação foi feita por Anamaria Aranha Camargo, que integrou a equipe do HCGP e hoje é pesquisadora do Hospital Sírio-Libanês e membro da Coordenação Adjunta - Ciências da Vida na FAPESP.


Homenagem a Brentani

A última mesa do evento foi dedicada a homenagear o legado do professor Brentani, que faleceu em 2011 e é considerado um dos principais nomes no mundo em pesquisa oncológica. Entre os participantes estava Chi Van Dang, diretor científico do Ludwig Cancer Research, que apresentou um panorama sobre a evolução das pesquisas em genômica do câncer e contou como esse conhecimento tem ajudado a cuidar dos pacientes.


“Pretendemos usar a informação genômica para interceptar o desenvolvimento do câncer. Tenho participado de um esforço para criar um atlas pré-câncer para tumores de mama e de ovário relacionados à mutação no gene BRCA. A ideia é identificar pistas que indiquem lesões ainda muito iniciais nesses tecidos usando técnicas de sequenciamento de célula única, transcriptômica e proteômica. Esperamos que olhando para a genômica seja possível aprender com todos esses dados e interceptar – seja por estratégias farmacológicas ou imunológicas – o desenvolvimento da doença”, contou Dang.


Outras áreas que o cientista apontou como promissoras são relacionadas com biópsia líquida (que permite acompanhar a evolução do câncer por meio de exames de sangue) e a metagenômica do câncer, que estuda a influência do microbioma tanto no desenvolvimento de tumores como na resposta aos tratamentos.


“Creio que o estudo do microbioma do câncer é uma grande oportunidade, uma área em que nós – Ludwig e FAPESP – podemos atuar no futuro”, concluiu Dang.


A última mesa também contou com a participação de Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP; Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da FAPESP; Paulo Hoff, diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp); e Giovanni Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e ex-secretário da Saúde de São Paulo.


“Brentani sempre será lembrado, pois é uma das poucas pessoas que conseguiu, ao mesmo tempo, ser um cientista bem-sucedido, um formulador de políticas científicas e diretor do maior hospital do câncer de São Paulo em sua época”, disse Zago, lembrando ainda que Brentani dirigiu o braço paulista do Ludwig Institute for Cancer Research desde que foi criado, em 1986, até sua morte.


“Talvez seu legado mais duradouro seja derivado dessa posição de diretor do Ludwig Institute for Cancer Research. Isso tornou possível unir as duas instituições, Ludwig e FAPESP, em um dos programas de maior impacto dos 60 anos da FAPESP. O Projeto Genoma, como ficou conhecido, transformou o panorama científico do Brasil. A biotecnologia brasileira tem amadurecido a ponto de seus cientistas serem agora atores no palco internacional. As habilidades e conhecimentos que começamos a adquirir naquele momento são altamente valiosos hoje. O legado desse período se estende a todos os campos da pesquisa em ciências da vida”, afirmou Zago.


 

Veja também a íntegra das apresentações do segundo dia do Genome Workshop 20+2

 

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

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