A Copa Africana de Nações (CAN) tem início neste domingo (9) com a estreia dos Camarões, anfitriões da competição, contra o Burkina Faso. Duas seleções lusófonas participam desta edição e tentam fazer história : Cabo Verde e Guiné Bissau.
A Copa Africana de Nações movimenta as ruas de Yaoundé, a capital de Camerões poucos dias antes da estreia do torneio |
Elcio Ramalho e Marco Martins (enviado da RFI aos Camarões)
Prevista para ser realizada no ano passado, mas suspensa devido à pandemia da Covid-19, a competição foi reprogramada para o início deste ano.
A Confederação Africana de Futebol (CAF) manteve a realização da CAN entre os meses de janeiro e fevereiro, apesar das críticas e dos pedidos da Fifa e de clubes europeus para cancelar ou adiar a competição para julho devido à propagação fulgurante da variante ômicron.
Muitas equipes da Europa devem ceder jogadores importantes para a competição continental prejudicando o desempenho em campeonatos nacionais e de outras competições internacionais. É o caso do Liverpool que perde dois importantes titulares de seu ataque : o senegalês Sadio Mané e o egípcio Mohamed Salah. A decisão de manter o calendário é vista como uma forma de a CAF confirmar sua independência em relação a outras instâncias do futebol mundial e mostrar que também tem condições de organizar um grande evento respeitando as condições de segurança sanitárias.
Para esta 33ª edição, os organizadores decidiram limitar em até 80% a capacidade total dos estádios para os jogos de Camarões e 60% para os torcedores de outras de seleções. As restrições incluem ainda a obrigatoriedade de apresentação do comprovante de vacina contra a Covid ou teste negativo recente para o vírus.
Chances das equipes lusófonas
No total, 24 seleções iniciam a disputa e tentam chegar à grande final no dia 6 de fevereiro. As duas seleções lusófonas iniciam a competição com ambições de passar pelo menos da fase de grupos.
Cabo Verde participa pela terceira vez da CAN depois de um jejum de sete anos, quando não conseguiu a classificação. Em 2013, a seleção chegou às quartas de final depois de três empates, e deu adeus ao torneio ao ser derrotada por Gana, por 2 a 0. Dois anos depois, os Tubarões Azuis voltaram a empatar nos três jogos e não avançaram devido ao critério da diferença de gols.
O objetivo do atual grupo, que traz uma mistura de jogadores veteranos e jovens da nova geração caboverediana de futebol, é superar as quartas de final. "O Nosso objetivo é fazer melhor do que fizemos nas outras duas participações. Temos apenas uma derrota. O objetivo é fazer melhor do que as quartas de final de 2013, mas, acima de tudo, nosso maior objetivo é honrar nossa camisa, Cabo Verde, e fazer com que todo caboverdiano sinta-se orgulhoso da sua seleção", diz Marco Soares, que participou da competição em 2013.
Cabo Verde está no grupo A e estreia contra a Etiópia antes de enfrentar os outros dois adversários, Burkina Faso e os favoritos Camarões.
Já Guiné Bissau, que disputa pela terceira vez consecutiva a Copa Africana de Nações, terá um desafio considerado ainda maior pela frente. A seleção, formada basicamente por jogadores que atuam no exterior devido às dificuldades de organizar torneios de futebol no próprio país, caiu no grupo D, onde estão duas das maiores potências do continente, Egito e Nigéria.
Os guineenses encaram na primeira rodada o Sudão, e um bom resultado pode trazer esperanças para a equipe tentar avançar pela primeira vez à segunda etapa e fazer história na competição.