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Hoerner foi um dos primeiros músicos da Camerata Antiqua de Curitiba, grupo musical mantido pela Prefeitura de Curitiba e que é formado por coro e orquestra. Instituída há 50 anos, a Camerata foi criada para pesquisar e divulgar a música antiga.
“Estive na Camerata desde o primeiro ensaio”, revela. “Se eu pudesse, faria tudo de novo, com algumas variações apenas. Fiz amigos nesse tempo todo e tive muitos alunos”, comemora.
Na avaliação de Hoerner, o público da Camerata se divide em dois: os que batem ponto e os variáveis, que vão aos espetáculos porque gostam do programa. Agora aposentado, ele pretende frequentar os espetáculos, sempre que puder. “Agora serei plateia.”
Além da Camerata, ele deve prestigiar a filha, Luciana, que é cantora lírica. “Ela tem a voz da minha mãe”, diz o orgulhoso pai.
Aposentadoria
Os primeiros dias de aposentadoria têm sido muito tranquilos. Além dos planos de viagens pelo Paraná e a Santa Catarina, ele conta que continua dando aulas de violino e cuidando do jardim de casa. “Também gosto de brincar de fazer bonsai”, revela.
“É como se eu estivesse de férias. Nunca fui de fazer muitos planos. Deixo a vida me levar. Vou vivendo as oportunidades que ela proporciona. Foi assim quando comecei a trabalhar na Prefeitura e vai ser assim na nova fase”, contou.
O mesmo violino
“Este violino está comigo desde os 15 anos. Lembro que, na época, os reparos que fizemos no instrumento foram mais caros do que o que ele pagou pelo violino usado”. “É o violino que levava para os concertos. O outro que tenho é mais para usar em casa, ensaiar”, conta.
O início na Prefeitura
Na Prefeitura de Curitiba, Hoerner começou a carreira como professor de Educação Artística, depois de fazer o concurso público. Naquele mesmo ano, ele prestou concurso para a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde lecionou por 48 anos.
Hoerner deixou a sala de aula na rede municipal de ensino, quatro anos depois, quando foi convidado para coordenar o setor de música erudita da Fundação Cultural. Dali em diante, passou a dedicar-se exclusivamente à Camerata, que estava apenas começando.
Com a música, visitou países como México, Dinamarca, Itália, Estados Unidos e, mais recente, a Argentina. A Camerata foi convidada para tocar no tradicional Teatro Cólon, em Buenos Aires, em junho deste ano, mais um marco do jubileu de ouro do grupo. O concerto, na mais importante sala da América Latina, atraiu mais de 8 mil espectadores através do YouTube e Instagram. No programa, música barroca brasileira.
Na ocasião do concerto na Argentina, Walter Hoerner celebrou: “Tocar no Colón foi a realização de um sonho. Tenho muita firmeza em dizer que é o concerto mais importante de toda essa história."
Do barroco ao contemporâneo
Ao longo dos anos, o grupo conquistou uma sólida formação musical que foi sendo aperfeiçoada. No início, o repertório barroco e da renascença dominaram. Alguns anos depois, a Camerata dedicou-se também a obras brasileiras que chamavam a atenção onde quer que se apresentassem.
A versatilidade e a maturidade musical garantiram o respeito do grupo Brasil afora e também em outros países, além de ter possibilitado a gravação de LPs e CDs.
Ao longo dos seus 50 anos, a Camerata teve papel fundamental na formação da plateia curitibana. Em diferentes locais da cidade, nem sempre em salas de concerto, o grupo levou música para todos, democratizando o acesso.