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Netanyahu nega possibilidade de interrupção de bombardeios em Gaza

Primeiro-ministro de Israel cita Torá e afirma que "é tempo de guerra"



Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião semanal de seu gabinete em Jerusalém© ABIR SULTAN/Pool via REUTERS

@Agência Brasil 🇧🇷 

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, negou, nesta segunda-feira (30) qualquer possibilidade de interromper os bombardeios na Faixa de Gaza.


“Pedir por um cessar fogo é pedir para Israel se render ao Hamas, se render ao terrorismo, se render à barbárie. Isso não vai acontecer. Senhoras e senhores, a Bíblia diz que há o tempo de paz e o tempo de guerra. Esse é o tempo da guerra”, disse, citando a Torá, livro sagrado do judaísmo.


Na sexta-feira (27), a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou por ampla maioria uma resolução que determina o cessar fogo imediato.


Antes de falar com a imprensa, Netanyahu usou as redes sociais para prestar solidariedade a três mulheres sequestradas pelo Hamas que tiveram um vídeo divulgado pelo grupo nesta segunda-feira (30). Elas foram capturadas no dia 7 de outubro. No vídeo, uma delas critica a inação do governo israelense em relação aos reféns.


O grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, propôs a troca dos cerca de 200 reféns pelo que eles chamam de presos políticos. Segundo o último relatório das Nações Unidas, divulgado em julho, há mais de 5 mil palestinos em prisões israelenses, incluindo 160 crianças. Cerca de 1,1 mil deles, segundo a ONU, foram detidos sem acusação ou julgamento.


No pronunciamento, Netanyahu exigiu a liberação de todos os reféns imediatamente e voltou a exigir que os civis evacuem o norte da Faixa de Gaza.


“Nós estamos nos esforçando para evitar ao máximo vítimas civis. Não apenas pedindo que os civis se mudem, mas também encontrando lugares para que eles estejam em segurança com suporte humanitário, com alimentos, com água, com medicamentos”, declarou o primeiro-ministro.


A região apontada por Netanyahu como área segura é o sul da Faixa de Gaza. Mas Hasan Rabee, uma das 34 pessoas que esperam ser resgatadas pelo governo brasileiro e que está em Khan Yunis, cidade que fica justamente ao sul da Faixa de Gaza, confirmou que o prédio ao lado onde os brasileiros estão abrigados foi bombardeado nesta segunda-feira (30) e foi preciso evacuar a área.


“A gente tem que esvaziar com medo de que eles vão bombardear de novo. A casa que foi atacada ao lado de onde a gente está. Bastante gente ferida. Cidadãos fazendo ajuda humanitária para resgatar os feridos. Absurdo”, lamentou Rabee.


Rabee e outros brasileiros também contam que é preciso racionar água e que para conseguir um único pão é preciso enfrentar filas de até 5 horas. No sábado (28), um depósito de alimentos da ONU, que tinha acabado de ser abastecido com alimentos vindos do Egito, foi invadido. Em nota, as Nações Unidas afirmaram que o saque de alimentos “é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir depois de três semanas de guerra”.


Hoje à tarde, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou ao telefone com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Eles falaram sobre novas tentativas de acordo no Conselho de Segurança da ONU em relação ao conflito.


Desde o começo da crise, quatro propostas de resolução foram apresentadas, uma delas do Brasil, mas foram vetadas ora pelos Estados Unidos, ora pela Rússia. Eles também falaram sobre a emergência humanitária na Faixa de Gaza e a situação da fronteira entre o Egito e Gaza. Há três semanas, o governo brasileiro negocia a abertura da fronteira para poder retirar seus nacionais da zona de conflito.


Desde o dia 7 de outubro, mais de 8 mil palestinos morreram em Gaza, aponta levantamento da ONU. Sete em cada dez vítimas são mulheres e crianças. Mais de 1,4 milhão de pessoas estão desabrigadas, o que representa cerca de 60% da população de Gaza. A violência também cresceu na Cisjordânia, território palestino que não está sob controle do Hamas, onde 121 pessoas foram mortas ou por colonos ou pelas forças armadas israelense. No mesmo período foram mortos mais de 1,4 mil israelenses, a maioria no dia 7 de outubro.

Entenda por que o Brasil não trata o Hamas como organização terrorista

Classificação de organizações terroristas é atribuição da ONU, diz MRE


@Reuters/Ronen Zvulun

  • Por Pedro Rafael Vilela 
  •  Repórter da Agência Brasil

Os ataques do grupo extremista islâmico Hamas em uma festa rave no último sábado (7), em Israel, deram início a um novo capítulo sangrento no histórico conflito entre esse grupo e o exército israelense. As características do ataque, com centenas de mortes de civis e outras vítimas sendo levadas como reféns, levantou a questão sobre a denominação do Hamas como um grupo terrorista.


Veículos de imprensa de todo o mundo e algumas nações classificam assim o grupo extremista que controla a Faixa de Gaza. Ao lamentar o episódio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelas redes sociais, se referiu ao ataque como terrorista, mas não estendeu tal adjetivo ao Hamas. Assim, o presidente segue a linha adotada pelo governo brasileiro.


O Palácio do Itamaraty emitiu um comunicado, nesta quinta-feira (12), para informar que segue as avaliações do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na designação dos grupos considerados terroristas. Pela Carta da ONU, o Conselho de Segurança é o órgão encarregado de zelar pela paz internacional.


“O Conselho de Segurança mantém listas de indivíduos e entidades qualificados como terroristas, contra os quais se aplicam sanções. Estão incluídos o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, além de grupos menos conhecidos do grande público”, diz um trecho do comunicado.


Na nota, o Ministério das Relações Exteriores reafirma que, “em aplicação dos princípios das relações internacionais previstos no Artigo 4º da Constituição, o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”.


Apesar da definição da ONU, países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão, integrantes União Europeia e outras nações classificam o Hamas como uma organização terrorista.


Já maioria dos países-membros da ONU, incluindo países europeus como Noruega e Suíça, além de China, Rússia, nações latino-americanas, como o próprio Brasil, México, Colômbia, seguem a definição atual da ONU que não classifica o Hamas como grupo terrorista. A ideia de uma posição mais neutra também é uma forma de manter os países como mediadores de conflitos, além de ampliarem a capacidade de proteção a seus cidadãos em áreas conflagradas.


“A prática brasileira, consistente com a Carta da ONU, habilita o país a contribuir, juntamente com outros países ou individualmente, para a resolução pacífica dos conflitos e na proteção de cidadãos brasileiros em zonas de conflito – a exemplo do que ocorreu, em 2007, na Conferência de Anápolis, EUA, com relação ao Oriente Médio”, diz ainda a nota do Itamaraty, para reforçar a posição brasileira atual.


Um grupo de deputados de oposição chegou a pedir, essa semana, que o Ministério das Relações Exteriores mude a classificação brasileira sobre o Hamas.


A violência em Israel e na Palestina chegou ao sexto dia nesta quinta, com a continuidade de intensos bombardeios na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. Autoridades locais já contabilizam 1,2 mil mortes e mais de 5 mil feridos. Há pelo menos 180 mil desabrigados.


Em Israel, segundo a emissora pública Kan, o número de mortos havia aumentado para 1,3 mil desde o último sábado, quando começaram os ataques violentos promovidos pelo grupo islâmico Hamas.


Quem é o Hamas

O Hamas, nome que significa, em árabe, Movimento de Resistência Islâmica, é um movimento palestino constituído de uma entidade filantrópica, um braço político e um braço armado. Foi criado em 1987, no contexto da 1ª Intifada, que foi uma das revoltas Palestinas contra a ocupação de Israel.


Em 2006, o Hamas derrotou o Fatah nas eleições legislativas para a Autoridade Nacional Palestina (ANP), conquistando o direito de formar o novo governo. Os dois partidos, no entanto, entraram em conflito. O Hamas expulsou o Fatah da Faixa de Gaza. Em resposta, o Fatah rejeitou o governo de unidade e se manteve à frente da ANP, que passou a ter uma administração política voltada para as áreas da Cisjordânia.


Segundo o cientista político Leonardo Paz, o Hamas não reconhece o Estado de Israel e briga pela independência de um Estado Palestino. “Israel, por sua vez, diz que o território é seu e não tem como oferecer qualquer tipo de soberania a esse Estado palestino porque não haveria nenhuma garantia de segurança de que esse Estado não seria um posto avançado para atacar Israel”, acrescenta.

Entenda o que são considerados crimes de guerra

Observadores da ONU apontam atrocidades cometidas pelo Hamas e Israel


@Reuters 


Por Da Agência Brasil 

Na avaliação de observadores independentes das Nações Unidas, o governo de Israel e o comando do Hamas estão cometendo crimes de guerra. Em relatório de avaliação, os observadores condenaram os atentados cometidos pelo Hamas em território israelense e o ataques de Israel que atingiram palestinos em Gaza.


O direito internacional humanitário regula as relações entre organizações e Estados e estabelece regras para limitar a legalidade de guerras, como restrição para uso de armamento químico. 


A normas só autorizam o conflito armado no caso de autodefesa contra ataques armados ou mediante autorização do Conselho de Segurança da ONU. As regras básicas do direito internacional também estabelecem que as partes envolvidas devem distinguir entre civis e combatentes inimigos.


O estatuto do Tribunal Internacional de Haia e as convenções de Genebra definiram os crimes de guerra e as condições julgamento. Entre os crimes de guerra estão ataques à população civil, uso de armas ou métodos de guerra proibidos, homicídio, tortura, uso indevido de uniformes de entidades humanitárias, entre outros.


Em caso de descumprimento, os acusados devem ser processados e julgados pelo Tribunal Internacional.


Violações


O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que as regras de direito humanitário internacional e os direitos humanos devem ser respeitados e cumpridos durante a guerra entre Israel e o Hamas.


De acordo com informações divulgadas por agências internacionais, o número de mortes após uma semana de guerra chegou a 4 mil, entre israelenses e palestinos. Segundo a ONU, cerca de 1 milhão de moradores da Faixa da Gaza estão fora de suas casas, sem acesso a comida, água, luz, medicamentos e atendimento médico.


A declaração de Guterres foi dada ontem (13) antes da reunião na qual o Conselho de Segurança da ONU não chegou a acordo sobre o texto final sobre a guerra.


Segundo o secretário-geral, os civis envolvidos no conflito devem ser protegidos e não podem ser usados como escudos. Para ele, “até mesmo guerras têm regras".


No mesmo sentido, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) defendeu que os civis em Gaza devem ter acesso à ajuda humanitária. A entidade trabalha para enviar alimentos, água e medicamentos, mas a fronteira com o Egito continua fechada e não foram criados corredores humanitários. 


"Médicos Sem Fronteiras (MSF) está horrorizada com o brutal assassinato em massa de civis perpetrado pelo Hamas e com os intensos ataques a Gaza que estão sendo realizados por Israel. MSF pede a interrupção imediata do derramamento de sangue, o estabelecimento de espaços e passagens seguros para as pessoas chegarem a eles com urgência", afirmou a entidade.


O diretor da Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Fabrizio Carboni, defendeu a proteção dos civis e a autorização para entrada de ajuda humanitária.


"Com a falta de eletricidade em Gaza, falta luz nos hospitais, o que coloca em perigo recém-nascidos em incubadoras e pacientes idosos que precisam de oxigenação. A hemodiálise deixa de funcionar e não é possível tirar raios X. Sem eletricidade, os hospitais correm perigo de se transformar em necrotérios", alertou o diretor.


* Com informações da Reuters e Lusa.

Lula conversa com presidente de Israel e pede corredor humanitário

Presidente brasileiro reiterou a condenação aos ataques do Hamas

Presidente Lula.  © Ricardo Stuckert / PR

Agência Brasil
🇧🇷 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog, nesta quinta-feira (12). Em postagem nas redes sociais, Lula afirmou ter agradecido o apoio para a operação de retirada dos brasileiros de Israel, além de ter reiterado a condenação brasileira aos ataques promovidos pelo grupo Hamas, que o presidente classificou como atos terroristas. 


"Agradeci o apoio para a operação de retirada dos brasileiros que desejam retornar ao nosso país. Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas", disse.


Lula também pediu ao chefe de Estado israelense para que não deixe faltar água, luz e remédios em hospitais, e fez um apelo pela abertura de um corredor humanitário que permita às pessoas saírem da Faixa de Gaza, a zona mais crítica da Palestina, que tem sofrido com bombardeios e cerco militar.


"Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz", escreveu.


Em Israel, o sistema de governo é parlamentarista. O presidente é o chefe de Estado, eleito pelo Parlamento do país. O Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro, o chefe de governo, escolhido entre o partido ou coalizão que obtenha a maioria das cadeiras no Legislativo. Atualmente, esse cargo é ocupado por Benjamin Netanyahu


A violência em Israel e na Palestina chegou ao sexto dia nesta quinta, com a continuidade de intensos bombardeios na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. Autoridades locais já contabilizam 1,2 mil mortes e mais de 5 mil feridos. Há pelo menos 180 mil desabrigados.


Em Israel, segundo a emissora pública Kan, o número de mortos havia aumentado para 1,3 mil desde o último sábado, quando começaram os ataques violentos promovidos pelo grupo islâmico Hamas.


O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) também alertou nesta quinta que suprimentos essenciais, incluindo comida e água, estavam em um nível perigosamente baixo em Gaza, depois do bloqueio imposto por Israel ao enclave.

Fronteira entre Gaza e Egito foi atacada três vezes, diz embaixador

Avião presidencial decolou para tentar repatriar brasileiros na região

Publicado em 12/10/2023 - 19:04 Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Um avião da frota aérea da Presidência da República, com capacidade para 40 passageiros, decolou na tarde desta quinta-feira (12), da Base Aérea de Brasília, com destino ao Egito. A missão é resgatar um grupo de brasileiros que estão na Faixa de Gaza, zona que tem sido intensamente bombardeada pelas forças armadas israelenses nos últimos dias, em uma nova escalada da violência no conflito entre Palestina e Israel, que já dura sete décadas. Este já é o quarto voo da Operação Voltando em Paz - uma mobilização do governo federal, por meio da Força Aérea, para repatriar brasileiros que estão região -, mas o primeiro a tentar buscar brasileiros na área mais crítica do conflito.

De Brasília, o avião seguirá em direção a Roma, na Itália, com escala técnica no Cabo Verde. Da capital italiana, a tripulação aguarda autorização para se deslocar e buscar os brasileiros assim que houver permissão para que o grupo cruze a fronteira entre Gaza e o Egito.

Em entrevista à TV Brasil, diplomata Paulino Franco de Carvalho Neto, embaixador do Brasil no Egito, afirmou que, até o momento, são 22 brasileiros que estão em Gaza e manifestaram desejo de sair. O maior desafio, segundo ele, é conseguir fazer a travessia terrestre pela fronteira com o Egito, o único ponto de passagem para sair de Gaza, que se tornou um enclave completamente cercado e monitorado por Israel, que não permite que a população saia.

“São circunstâncias excepcionalmente complexas, para não dizer, dramáticas”, reconheceu. A travessia deve ser dar pela passagem de Rafah, uma cidade palestina no extremo sul de Gaza, na divisa com o Sinai, no Egito. O problema é que, de acordo com embaixador, a fronteira está fechada porque o posto de controle do lado palestino foi bombardeado três vezes essa semana. "Não há como passar, por enquanto", admitiu. Outros países, como Reino Unido, França e Estados Unidos, também estão tentando evacuar seus cidadãos de Gaza pelo Egito.



Brasileiros terão que atravessar a cidade de Rafah para chegar ao Egito, aonde um avião da Força Aérea Brasileira os aguardará. - Arte/ABR

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, “a passagem fronteiriça de Rafah está aberta ao funcionamento e não foi fechada em qualquer fase desde o início da crise atual, exceto que suas instalações básicas no lado palestino foram destruídas como resultado dos repetidos bombardeamentos israelitas [israelenses], impedindo-o de funcionar normalmente”.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a fazer um apelo ao governo egípcio para facilitar a passagem dos brasileiros. De acordo como embaixador brasileiro no Egito, o governo do país árabe está sendo sensível. “Isso é importante ressaltar, que as autoridades egípcias têm sido muito receptivas às nossas demandas”.

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Pronunciamento do presidente dos Estados Unidos Joe Biden

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Sitiados e sob bombardeio: a vida dos moradores da Faixa de Gaza



Muitos edifícios em Gaza foram danificados ou destruídos desde que as tensões aumentaram esta semana. Foto: Reuters 

BBC BRASIL

Lar de 2,2 milhões de pessoas, a Faixa de Gaza tem 41 km de comprimento e 10 km de largura, um espaço limitado pelo Mar Mediterrâneo, Israel e Egito.


Originalmente ocupada pelo Egito, Gaza foi tomada por Israel durante a guerra de 1967 no Oriente Médio. Israel retirou as suas tropas e cerca de 7.000 colonos em 2005.



A Faixa de Gaza está sob o controle do grupo militante islâmico radical Hamas, que expulsou as forças leais à Autoridade Palestina (AP) na época, após um conflito violento em 2007.


Desde então, Israel e Egito têm restringido o movimento de bens e pessoas de dentro e para fora de Gaza, alegando que o bloqueio é necessário por razões de segurança.


O Hamas, considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outras países, travou várias guerras com Israel desde que assumiu o poder em Gaza.


Além disso, lançou ou permitiu que outros grupos militantes lançassem milhares de foguetes contra Israel e realizassem outros ataques mortais.



Foto de arquivo mostra um combatente do braço armado do Hamas durante uma parada militar em 19 de julho


O que desencadeou a mais recente onda de violência?

No dia 7 de outubro, centenas de militantes do Hamas lançaram um ataque sem precedentes no sul de Israel, resultando na morte de pelo menos 1.200 pessoas, segundo fontes israelenses, e no sequestro de dezenas de reféns que foram levados para Gaza.


Em resposta, Israel realizou sucessivas ondas de ataques aéreos e de artilharia contra Gaza, resultando na morte de mais de 1.200 palestinos, e suas tropas estão estcionadas no entorno da área o que pode ser indicação de que está sendo preparado uma possível operação terrestre.


O primeiro-ministro de Israel prometeu derrotar o Hamas na guerra e "mudar o Oriente Médio".


'Isolamento total'

Como parte de sua resposta ao ataque do Hamas, o ministro da Defesa de Israel ordenou um "isolamento total" de Gaza em 9 de outubro, acrescentando: "Não haverá eletricidade, comida, combustível, tudo estará fechado."


Posteriormente, o ministro da Infraestrutura de Israel também cortou o fornecimento de água para a Faixa de Gaza.


Essa medida imediatamente agravou a já delicada situação humanitária em Gaza, onde 80% da população já dependia da ajuda internacional.



Israel diz que está bombardeando alvos do Hamas em Gaza em resposta ao ataque do grupo


A única usina de energia de Gaza parou de funcionar após ficar sem combustível em 11 de outubro, sobrecarregando hospitais que dependem de geradores de energia de reserva para atender aos feridos. Alguns hospitais com estoques limitados esperam ficar sem combustível em questão de dias.


Mais de 600 mil pessoas também ficaram sem água potável devido à decisão de Israel de cortar o fornecimento de água. As bombas de água locais e sistemas de esgoto também precisarão de combustível para funcionar.


O fechamento do posto de entrada e saída de mercadorias de Kerem Shalom resultou no esgotamento dos estoques de alimentos: um terço das lojas em Gaza está relatando escassez de produtos.


A ONU afirma que a maioria dos estabelecimentos s possui comida suficiente para cerca de duas semanas.


Pelo menos 200 mil pessoas foram desalojadas, após fugirem temendo por suas vidas ou porque suas casas foram destruídas em ataques aéreos da aviação israelense. A maioria está se abrigando em escolas da ONU ou permanece ao relento ao redor de hospitais.



Gaza ficou na escuridão depois que a sua única central eléctrica ficou sem combustível na quarta-feira, 11 de outubro. Foto: Reuters


Apagões intermitentes

Mesmo antes do atual conflito, os cortes de energia eram ocorrências cotidianas em Gaza, com residências recebendo eletricidade, em média, por apenas 13 horas por dia, de acordo com a ONU.


A Faixa de Gaza comprava quase dois terços de sua energia de Israel, enquanto o restante era gerado pela Usina de Energia de Gaza (GPP). No entanto, o fornecimento combinado atendia a menos da metade da demanda.


Para lidar com os apagões, provedores de serviços e residências precisam recorrer a geradores de energia de reserva. No entanto, esses geradores são pouco confiáveis devido à dependência de combustível escasso e peças de reposição, sujeitas a restrições de importação, já que Israel as classifica como tendo capacidade "de uso duplo" civil e militar.


Fechamento de fronteiras

Civis têm pouca esperança de poder deixar Gaza para escapar do conflito.


Israel fechou indefinidamente o cruzamento de Erez no norte da Faixa, enquanto o posto de cruzamento de fronteira de Rafah controlado pelo Egito no sul foi fechado nos dias 9 e 10 de outubro devido a ataques aéreos israelenses perto do portão do lado palestino.



Israel só emite autorizações de saída para diaristas, empresários, pacientes médicos e trabalhadores humanitários de Gaza. Foto: Reuters 


Antes da escalada, os palestinos estavam proibidos de sair de Gaza via Israel, a menos que obtivessem uma permissão de saída emitida por Israel. As permissões eram limitadas a trabalhadores diários, empresários, pacientes médicos e seus acompanhantes, e trabalhadores de ajuda humanitária.


Em agosto, 58.600 pessoas tiveram permissão para viajar através de Erez, o que representou um aumento de 65% em relação à média mensal de 2022, de acordo com a ONU.


Por sua vez, os palestinos que desejavam sair via Rafah precisavam se registrar com as autoridades palestinas com várias semanas de antecedência e solicitar permissão ao Egito, que impõe limites de números e rigorosos controles de segurança.


Em agosto, o Egito permitiu que 19.600 pessoas saíssem de Gaza através de Rafah, o maior número desde julho de 2012.


Superlotação e casas danificadas

Gaza tem uma das maiores densidades populacionais do mundo.


Na Cidade de Gaza há cerca de 9 mil pessoas por quilômetro quadrado. Na cidade de São Paulo a densidade é de 7,5 mil por quilômetro quadrado.




Um pouco mais de 75% da população de Gaza, cerca de 1,7 milhão de pessoas, são refugiados registrados, de acordo com a ONU. Mais de 500 mil deles vivem em oito campos superlotados localizados em toda a Faixa.


Os conflitos entre militantes palestinos em Gaza e Israel, bem como a lenta reconstrução, deixaram muitas pessoas em Gaza sem habitação adequada.


A ONU informou em janeiro que, das 13 mil casas destruídas desde os atauqes de Israel em 2014, cerca de 2.200 ainda não haviam obtido financiamento para reconstrução. Outras 72 mil casas parcialmente danificadas não receberam qualquer assistência de reparo.


A reconstrução tem sido prejudicada devido ao acesso limitado a materiais de construção e equipamentos especializados devido às restrições israelenses sobre itens de "uso duplo".



Muitas famílias vivem nos oito campos de refugiados de Gaza. Getty imagens 


Autoridades palestinas relatam que os ataques aéreos israelenses atuais destruíram 1.000 casas e que 500 delas foram danificadas de forma tão intensa que se tornaram inabitáveis.


Sobrecarga dos serviços de saúde

As instalações de saúde pública em Gaza estão sobrecarregadas e frequentemente afetadas por cortes de energia e escassez de suprimentos e equipamentos médicos. Muitos serviços e tratamentos especializados não estão disponíveis.



Os hospitais de Gaza lutam para fornecer cuidados adequados à população. Foto: Reuters 


Segundo a ONU, o bloqueio de Israel e do Egito, os baixos gastos com saúde por parte da Autoridade Palestina, sediada na Cisjordânia, e os conflitos políticos internos entre a Autoridade Palestina - responsável pela assistência médica nos territórios palestinos - e o Hamas são todos responsáveis pela situação.


Pacientes de Gaza que necessitam de cuidados avançados ou de salvamento em hospitais na Cisjordânia ou em Jerusalém Oriental precisam, em primeiro lugar, obter aprovação da Autoridade Palestina e, em seguida, passar por um processo de autorização das autoridades israelenses.


De 2008 a 2022, mais de 70 mil pedidos de autorização de pacientes, equivalente a um terço deles, sofreramo atrasados ou foram negados. Alguns pacientes também faleceram enquanto aguardavam uma resposta para sua solicitação.


Restrições à agricultura e à pesca

A ONU relata que cerca de 1,3 milhão de pessoas em Gaza sofrem com a insegurança alimentar e dependem de ajuda assistencial para comer. A população local depende de importações para suprir suas necessidades.


Aproximadamente 22% dos 12 mil caminhões de mercadorias permitidos por Israel e Egito nos postos de entrada de de Kerem Shalom e Rafah em agosto de 2023 eram suprimentos alimentares, segundo a ONU.


Restrições israelenses ao acesso à terra para agricultura e à pesca reduziram a capacidade de Gaza de produzir alimentos localmente.


Áreas a até 100 metros do longo perímetro israelense de 60 km são consideradas "áreas restritas". Agricultores não podem cultivar nada lá, mesmo que sejam donos da terra. Pessoas que não sejam agricultores não têm permissão para se aproximar a menos de 300 metros.



Israel também impõe um limite de navegação no Mar Mediterrâneo, o que significa que os habitantes de Gaza só podem pescar dentro de uma certa distância da costa - atualmente entre 6 e 15 milhas náuticas (11-28 km) - prejudicando os meios de subsistência de cerca de 5 mil pescadores e trabalhadores relacionados.


Após o início do último conflito, Israel fechou Kerem Shalom e proibiu a pesca.


Para contornar o bloqueio, o Hamas construiu uma rede de túneis que utiliza para trazer clandestinamente mercadorias para a Faixa a partir do Egito e também como um centro de comando subterrâneo.


Israel alega que os túneis também são usados por militantes para contrabandear armas e se movimentar sem serem vistos. Frequentemente, esses túneis são alvos de ataques da força aérea de Israel.


Escassez de água é uma ocorrência rotineira

Água potável está indisponível para 95% da população de Gaza.


Devido à superexploração do aquífero costeiro e à infiltração de água do mar e esgoto, a água da torneira é salgada e poluída, não adequada para o consumo.


A Organização Mundial da Saúde estabeleceu a necessidade mínima diária de água em 100 litros por pessoa - para beber, lavar, cozinhar e tomar banho. Em Gaza, o consumo médio é de cerca de 84 litros, sendo apenas 27 litros considerados adequados para uso humano.


As autoridades locais em Gaza apelam aos residentes para que economizem água face à crescente escassez. Foto: Reuters 


Em 10 de outubro, a ONU alertou que a decisão de Israel de cortar o fornecimento de água, eletricidade e combustível resultaria em uma grave escassez de água potável.


A ONU informou que as autoridades locais estavam pedindo aos moradores que economizassem água para manter os serviços essenciais e alertavam que as estações de tratamento de esgoto haviam parado de funcionar devido à falta de combustível, o que resultou no despejo diário de dezenas de milhões de galões de esgoto bruto no mar.


Escolas usadas como abrigos

Muitas crianças frequentam escolas administradas pela ONU, e muitas delas estão servindo como locais de abrigo para dezenas de milhares de pessoas que fugiram do conflito mais recente.


De acordo com a agência de refugiados palestinos UNRWA, 71% de suas 278 escolas em Gaza operam em sistema de "turno duplo", com um grupo de estudantes pela manhã e outro à tarde.



Muitas pessoas estão se refugiando nas escolas da ONU durante o conflito atual. Foto: Reuters 


Em 2022, o tamanho médio da turma era de cerca de 41 alunos.


A taxa de alfabetização para jovens de 15 a 19 anos foi de 98% em 2021.


Alto desemprego juvenil

Gaza possui uma das populações mais jovens do mundo, com quase 65% da população com menos de 25 anos, de acordo com o CIA World Factbook.


Isso se compara a pouco mais de 20% em Londres, onde, segundo dados do censo de 2021, mais de 65% das pessoas têm entre 25 e 64 anos.


Mais de 80% da população vive na pobreza em Gaza, onde os níveis de desemprego estão entre os mais altos do mundo, atingindo 45% em 2022.


O desemprego entre os jovens é ainda mais alto, com 73,9% das pessoas com idades entre 19 e 29 anos que possuem diplomas do ensino médio ou diplomas universitários desempregadas.




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Por: Lara Tôrres |ig | Último Segundo  

Militares israelenses disseram que “aeronaves hostis” vindas do Líbano entraram no país, acionando sirenes em toda a região norte do país enquanto pediam para a população se abrigar. 


Os militares não especificaram qual tipo de aeronave conseguiu penetrar o espaço aéreo de Israel, mas já é sabido que o Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, e os palestinos possuem drones e planadores.


Nesta quarta-feira (11), o Qassam, grupo armado ligado ao Hamas, afirmou ter bombardeado a região de Haifa, uma das maiores ao norte de Israel. Além disso, houve bombardeio no sul do Líbano.

Diante do ocorrido, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou grande preocupação com os relatos de ataques recentes que envolveram o Líbano e o Hezbollah no confronto.


“Apelo a todos os partidos, e àqueles que têm influência sobre esses partidos, para evitarem qualquer nova escalada e repercussões”, disse ele aos jornalistas.


Já o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que Israel tem o direito de se defender contra ataques, mas que espera por respostas para que a tensão e violência não levem a uma escalada da guerra, evitando mais mortes de pessoas inocentes.


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