Reféns detidos em Gaza voltam a ser lembrados com estrutura em Telavive
Israel diz que Irã lançou mísseis contra o país; o que se sabe
Artilharia israelenses atinge áreas próximas a vilas no sul do Líbano, ao longo da fronteira com Israel. @ATEF SAFADI/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Segundo as Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês), os cidadãos de Israel devem "permanecer alertas e seguir as instruções do comando" militar.
"Ao ouvir uma sirene [de ataque aéreo], procure um local protegido e permaneça lá até novas instruções."
Duas interceptações foram ouvidas por funcionários da BBC no escritório localizado no Oriente Médio, em Jerusalém.
Mais cedo, a Casa Branca havia afirmado à emissora CBS, parceira americana da BBC, que os Estados Unidos tinham indícios de que o Irã estava se preparando para "lançar um ataque de mísseis balísticos contra Israel".
"Um ataque militar direto do Irã contra Israel terá consequências severas para o Irã", alertou uma autoridade do governo americano, acrescentando que os Estados Unidos estão apoiando táticas “para defender Israel contra este ataque".
Tropas israelenses iniciaram entre a noite segunda-feira (30/9) e a madrugada de terça-feira no Líbano o que o Exército israelense chamou de uma operação terrestre "limitada, localizada e direcionada" contra o Hezbollah, que é, ao mesmo tempo, um partido político xiita e grupo armado com forte influência no Líbano.
Os alvos dentro do sul do Líbano representam "uma ameaça imediata às comunidades israelenses", afirmaram em nota as IDF.
As IDF disseram que suas tropas foram treinadas e preparadas "nos últimos meses" para esse tipo de incursão, e que a Força Aérea está dando apoio à ação.
O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, disse que o grupo estava pronto para uma ofensiva terrestre israelense e que a batalha "pode ser longa".
Foi o primeiro discurso de uma autoridade de alto escalão desde que Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27/9), acirrando ainda mais o conflito.
No sábado (28/9), Israel anunciou ter matado outras 20 lideranças do grupo em novos ataques.
O porta-voz árabe das IDF, Avichay Adraee, acusou o Hezbollah de usar a população civil como escudo para lançar ataques no sul do Líbano.
Ele fez um alerta para civis libaneses evitarem usar veículos para viajar para o sul do país através do rio Litani, onde há bombardeios.
O Hezbollah anunciou que disparou artilharia na área de Avivim, no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano.
Antes disso, o Hezbollah disse ter atacado tropas israelenses na cidade fronteiriça israelense de Metula.
As IDF afirmam que vários alertas foram ativados na área, onde "cerca de cinco lançamentos" de artilharia foram detectados.
O Exército israelense declarou as áreas ao redor de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi no norte de Israel como "zona militar fechada", proibindo o acesso.
Anna Foster, repórter da BBC que está em Beirute, afirmou que os efeitos da invasão do Líbano por Israel são imprevisíveis — uma das incógnitas é sobre a própria possibilidade de reação do Hezbollah, já que o grupo foi fortemente atingido por ataques de Israel nas últimas semanas.
Mas Foster apontou alguns cenários possíveis.
Na segunda-feira, Israel emitiu um aviso ordenando a evacuação de moradores de Dahieh, o reduto do Hezbollah nos subúrbios ao sul de Beirute.
O aviso foi seguido por uma série de ataques à capital do Líbano — o primeiro ocorrendo menos de 30 minutos após o alerta israelense.
Muitos moradores de Dahieh já estão desalojados e alguns deles estão dormindo na rua, por não ter abrigo.
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, disse na segunda-feira que esforços diplomáticos buscam um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, algo defendido pelo presidente Joe Biden.
Em uma entrevista coletiva em Washington, o presidente foi questionado se ele estava ciente e confortável com o plano de Israel de lançar uma "operação limitada no Líbano".
Biden respondeu: "Estou mais ciente do que você pode imaginar e estou certo de que vão parar."
Ele acrescentou: "Deveria haver um cessar-fogo agora."
Autoridades libanesas dizem que mais de mil foram mortas nas últimas duas semanas em meio aos ataques e bombardeios de Israel, e até 1 milhão de pessoas precisaram ser deslocadas.
A escalada da tensão teve início em 17 e 18 de setembro, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies no Líbano, matando mais de 30 pessoas e deixando mais de 2 mil feridos.
O Líbano e o Hezbollah responsabilizaram Israel pela explosão dos aparelhos.
Os dias que se seguiram representaram uma série de reveses catastróficos para o Hezbollah, incluindo uma série de bombardeios.
Brasil dialoga com Líbano sobre possível repatriação de brasileiros
Governo brasileiro também dialoga com a Síria sobre o assunto
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil
@ Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, discutiu neste sábado (28) com o chanceler do Líbano, Abdallah Bou Habib, a situação de brasileiros que vivem no país e um possível plano de repatriação em meio à escalada dos conflitos na região.
O encontro aconteceu em Nova York, onde Mauro Vieira e Abdallah Bou Habib participam da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em nota, o Itamaraty informou que a conversa entre os chanceleres abordou os ataques aéreos recentes feitos por Israel em território libanês e os impactos desse cenário para a comunidade brasileira radicada no país.
“Mauro Vieira informou ao chanceler libanês sobre o trabalho da embaixada [do Brasil] em Beirute de assistência e orientação à comunidade e de recomendações vinculadas à situação de segurança naquele país”, destacou a pasta, em post na rede social Bluesky.
A maior comunidade de brasileiros vivendo no Oriente Médio atualmente está no Líbano. Ao todo, 21 mil brasileiros vivem no país. A imigração libanesa no Brasil também é forte. Estima-se que 3,2 milhões de libaneses ou descendentes de libaneses vivam no Brasil.
Síria
Fontes do Itamaraty informaram à Agência Brasil que, além do Líbano, o governo brasileiro também dialoga com a Síria sobre uma possível repatriação de brasileiros afetados pelos conflitos crescentes na região.
Neste sábado (28), Israel confirmou que o chefe do grupo palestino Hamas na Síria, Ahmad Muhammad Fahd, foi morto durante um ataque israelense nesta sexta-feira (27).
“O terrorista foi eliminado enquanto planejava realizar um ataque terrorista iminente”, informaram as Forças Armadas de Israel na nota.
Antony Blinken encontra-se com familiares de reféns em Gaza
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou esta terça-feira em Gaza que a declaração do Hamas após a votação da ONU foi um "sinal de esperança". Entretanto, os mediadores Qatar e Egito já receberam uma resposta que estão a analisar.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em Israel desde segunda-feira, dia 10 de junho, no âmbito do plano de tréguas com o Hamas em Gaza.
Met with @IsraeliPM Netanyahu and Defense Minister @yoavgallant to reiterate the U.S. commitment to the deal on the table that would achieve a ceasefire in Gaza, secure the release of all hostages, and surge humanitarian aid. pic.twitter.com/Qthqxkv2FU
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) June 11, 2024
Esta terça-feira, Antony Blinken reuniu-se com familiares de reféns americanos em Gaza e assegurou que estão a ser feitos todos os esforços."Para mim, todos os reféns, mas especialmente as nossas oito famílias americanas que têm entes queridos em Gaza, estamos determinados a trazê-los para casa”, disse Blinken.
A proposta de cessar-fogo, segundo os Estados Unidos, já foi aceite por Israel, e o Hamas anunciou esta terça-feira que aceita uma resolução da ONU que apoia o plano e está pronto para negociar os detalhes. O Secretário de Estado dos EUA disse ser “um sinal de esperança”.
Entretanto, o Hamas confirma que já respondeu aos mediadores do Qatar e do Egipto à proposta de cessar-fogo, com algumas "observações" sobre o acordo.
O Hamas e o grupo militante Jihad Islâmica, de menor dimensão, afirmaram estar dispostos a "negociar positivamente para chegar a um acordo" e que a sua prioridade é pôr "completamente termo" à guerra. No entanto, não foram fornecidos quaisquer pormenores.
Os ministérios dos Negócios Estrangeiros do Qatar e do Egipto também afirmaram, numa declaração conjunta, que estavam a analisar a resposta e que iriam continuar os seus esforços de mediação juntamente com os Estados Unidos "até se chegar a um acordo".
Conselho de Segurança da ONU aprovou o acordo que envolve três fases.
“A proposta que o Presidente Biden apresentou é a melhor forma de o fazer", acrescentou Blinken.
Na visita a Gaza, Blinken reuniu-se também com o líder da oposição israelita, Yair Lapid, e aproveitou o momento para exortar os altos funcionários israelitas a aceitar e implementar um plano para o pós-guerra.
Esta terça-feira a ONU referiu possíveis crimes de guerra cometidos pelas forças israelitas e palestinianas após o ataque que libertou quatro reféns.
Notícia atualizada às 20h24
Ataque direto do Irã a Israel muda conflito no Oriente Médio
Para pesquisadores, reações ao bombardeio evidenciam alianças
A police officer inspects the remains of a rocket booster that, according to Israeli authorities critically injured a 7-year-old girl, after Iran launched drones and missiles towards Israel, near Arad, Israel, April 14, 2024. © REUTERS/Christophe van der Perre
Agência Brasil 🇧🇷
O ataque do Irã a Israel representa uma mudança na situação do Oriente Médio e pode levar a uma escalada nos conflitos na região, de acordo com especialistas entrevistados pela Agência Brasil. O ataque evidenciou alianças e mostrou claramente um posicionamento iraniano.
“O que aconteceu ontem muda a situação do Oriente Médio”, diz o professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman. “Não é novo que Israel e Irã se ataquem mutuamente nos últimos 40 anos, mas eles fazem isso de maneira a usar intermediários. O que aconteceu ontem é que o Irã ataca diretamente Israel”, acrescenta.
Segundo Gherman, o ataque marca o posicionamento iraniano na região. “Um reposicionamento se colocando frente à frente com Israel, em algum sentido se preparando para uma guerra regional em algum momento”, diz.
“Então o que o Irã mostrou é que ele está no jogo, que ele está disposto a avançar algumas casas, mas em algum sentido ele apostou no ataque médio. Não foi um ataque pequeno, foi longe de ser pequeno, mas não foi um ataque no limite das possibilidades do Irã. O Irã poderia ter lançado 3,5 mil mísseis e lançou 350”, destaca Michel Gherman.
No início do mês, aviões de combate supostamente israelenses bombardearam a Embaixada do Irã na Síria. O ataque matou sete conselheiros militares iranianos e três comandantes seniores. Neste sábado (13), a ofensiva foi do Irã, que atacou o território israelense com mísseis e drones, que em grande parte foram interceptados pelas forças de defesa israelenses.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Rashmi Singh diz que é importante contextualizar o ataque. “Precisamos lembrar que o Irã não está fazendo isso do nada, é uma retaliação do bombardeamento do consulado em Damasco, que foi uma coisa muito inaceitável em termos de normas internacionais. Ninguém pode tocar em consulados de outro país em um terceiro país. Então isso foi uma coisa bem errada do lado do Israel”, diz.
Rashmi Singh, que é codiretora da Rede de Pesquisa Colaborativa sobre Terrorismo, Radicalização e Crime Organizado e autora do livro Hamas e o Terrorismo Suicida, chama atenção ainda para uma falta de resposta do Conselho de Segurança das Nações Unidas em relação a esse ataque feito por Israel. “Então, isso já foi um problema em termos de a reposta do Ocidente, do Norte Global, que nós estamos vendo claramente, que não está tratando o conflito Oriente Médio de forma equilibrada, é totalmente em apoio do Israel, sem ver exatamente o que está acontecendo, e tentando pintar ou colocar qualquer país, especialmente o Irã, como se este fosse um ato irracional. Até agora o ato mais irracional nessa situação é de Israel. Então, nós precisamos colocar isso também no contexto”, enfatiza.
O pesquisador e professor do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Bruno Huberman acrescenta que o ataque do Irã respeitou as normas internacionais. “O Irã faz essa resposta previsível, essa informação já tinha sido vazada na sexta-feira, nos jornais, que isso poderia acontecer. No sábado, estava todo mundo esperando isso acontecer e, quando aconteceu, demorou horas para de fato acontecer o início do ataque e a realização dele. Então, teve toda uma preparação, que foi revelada. E esse ataque do Irã, ele respeita o direito internacional”, avalia.
Alianças em evidência
Para Gherman, o ataque evidenciou o apoio que Israel tem de outros países. “Os aliados foram aliados novos e velhos. Os novos, eu diria que tem o reposicionamento da Jordânia e da Arábia Saudita, e os velhos aliados que se colocaram ao lado de Israel foram Grã-Bretanha e Estados Unidos. Então, em algum sentido, o Irã produziu uma coalizão de apoio a Israel contra ele”, diz.
Apesar da aliança, Huberman ressalta que os Estados Unidos mostraram que não estão dispostos a uma ofensiva.
“Isso colocaria Israel sozinho nesse contra-ataque. Porque os Estados Unidos parecem dispostos a auxiliar na defesa israelense, mas não na ofensiva israelense. E esse ataque feito pelo Irã foi extremamente moderado”, destaca Bruno Huberman
O pesquisador enfatiza que não se conhece ao certo as capacidades bélicas iranianas. O conflito poderia levar ainda a um envolvimento da Rússia. “A gente não sabe das capacidades defensivas e ofensivas iranianas. E um movimento diretamente de Israel em território iraniano certamente levaria ao envolvimento russo nesse conflito.” A aliança entre Irã e Rússia vem da Guerra Civil de Síria, permanece e se torna uma aliança estratégica entre os dois atores, de acordo com o pesquisador. “Então, um escalonamento será certamente desastroso. E vai gerar diversas repercussões”, alerta.
O professor chama atenção ainda a outras possíveis repercussões para além dos conflitos externos. O apoio dado pela Jordânia a Israel pode gerar um descontentamento interno. “A Jordânia auxiliou Israel na defesa, o que vai contra completamente os interesses da sua população. Eu acredito que nos próximos dias, semanas, a gente vai ver revoltas populares bastante duras na Jordânia contra a manutenção do atual Reino Haxemita. A maior parte da população jordaniana é de descendência palestina, por exemplo. Então, essa aliança da Jordânia com Israel e com os Estados Unidos não é bem-vista pela população. Então, pode gerar diversos desdobramentos para além do confronto militar em si”.
De acordo com Gherman, a nova configuração pode gerar pressão para o fim do genocídio que Israel está promovendo em Gaza. “Essa guerra em Gaza tem que acabar, porque, enquanto ela não acaba, você tem a produção de mortes em Gaza, é uma situação de produção de instabilidade regional”, diz. “Eu acho que hoje, mostrando como o mundo está instável naquela região, é preciso que a haja um cessar-fogo imediato em Gaza para evitar um alastramento efetivo de uma guerra regional, que seria ruim para todo mundo, inclusive para Israel.”
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas fez um ataque surpresa a Israel, que deixou 1,4 mil mortos e capturou cerca de 200 reféns. Desde então, mais de 32 mil pessoas perderam a vida em toda a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridos, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Cerca de 1,7 milhão, quase 80% da população da Faixa de Gaza, foram deslocadas. Dessas, 850 mil são crianças.
Na análise do pesquisador, embora o ataque iraniano não impacte diretamente em Gaza, os países que apoiaram Israel nesse contexto podem também pressionar o país para o fim desse massacre. “Eu vejo possibilidades concretas agora de avanço, de esforços para o final do que está acontecendo em Gaza. O que está acontecendo em Gaza tem que parar. Eu acho que é isso que os países envolvidos na defesa de Israel ontem, inclusive Jordânia e Arábia Saudita, de algum jeito, podem avançar numa pressão junto com Biden [presidente dos Estados Unidos, Joe Biden] para que Netanyahu [primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu] se retire definitivamente e Gaza deixe de ser um locus de instabilidade no Oriente Médio.”
Posicionamento brasileiro
Após o ataque iraniano, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou, no sábado (13) à noite, uma nota no qual o governo brasileiro manifesta "grave preocupação" com relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel. De acordo com a nota, a ação militar deixou em alerta países vizinhos e exige que a comunidade internacional mobilize esforços para evitar uma escalada no conflito.
Na avaliação da pesquisadora Rashmi Singh, a resposta do Brasil foi equilibrada.
“Eu acho que a posição do Brasil ficou bem clara. O Brasil está criando um espaço próprio dentro do sistema internacional onde ele está claramente se colocando em uma posição de moralidade em termos do que está acontecendo contra os palestinos, ao mesmo tempo ele está tentando colocar um pouco mais de responsabilidade em ações de Israel”, diz a pesquisadora. “Foi [uma nota] muito equilibrada, que nós podemos perceber que eles não condenaram o ataque, mas ficaram bem preocupados com o ataque em termos da escalada do conflito regionalmente.”
Já para Gherman, o posicionamento do Brasil deixou a desejar. “É uma nota que diz pouco e em um momento em que ela poderia dizer muito mais. Eu acho que o Brasil tem que se colocar publicamente como uma alternativa concreta para o avanço da paz e de acordos na região. Não está fazendo isso. Está resolvendo as questões, tentando manter alianças que já tinha constituído. Parece que é pouco perto do papel que o Brasil pode exercer”, avalia.
Lula chama guerra em Gaza de genocídio e critica "hipocrisia"
Presidente voltou a abordar tema após fala sobre Holocausto
Cerimônia de Lançamento da Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos Fotos Ricardo Stuckert/PR © Foto Ricardo Stuckert |
@Agência Brasil 🇧🇷
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar publicamente sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza, dias após a repercussão de uma entrevista em que ele comparou as ações militares israelenses no território palestino ao Holocausto contra judeus da 2ª Guerra Mundial. Ao discursar no lançamento do programa Petrobras Cultural, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (23), o presidente classificou o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo de Israel pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.
"Quero dizer para vocês, agora, eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer a vocês que sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças", afirmou o presidente.
"Não tentem interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia, leia a entrevista ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. São milhares de crianças mortas e desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio", prosseguiu Lula, fazendo referência à declaração concedida no último domingo (18), em Adis Abeba, na Etiópia, quando comparou a ação de Israel em Gaza ao que Adolf Hitler tinha promovido contra os judeus na 2ª Guerra Mundial.
Na ocasião, o comentário fez o governo de Israel declarar Lula persona non grata no país. Em resposta, o governo brasileiro convocou de volta ao país o embaixador em Tel Aviv “para consultas”. Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou o chanceler do governo israelense, Israel Katz, por declarações dadas nos últimos dias sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Hipocrisia
O presidente ainda afirmou que o governo brasileiro trabalha para uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclua representações permanentes de países da América Latina, da África, da Índia e outras nações. Ele ainda criticou os vetos do governo dos Estados Unidos às resoluções da ONU para um cessar-fogo em Gaza e, sem citar nomes, chamou de "hipócrita" a classe política pela inação diante dos conflitos em curso.
"Somente quando a gente tiver um conselho [de segurança] da ONU democrático, com mais representação política, e somente quando a classe política deixar de ser hipócrita, somente quando ela encarar as verdades. Não é possível que as pessoas não compreendam o que está acontecendo em Gaza. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade com milhões de crianças que vão dormir todo santo dia com fome, porque não têm um copo de leite, apesar do mundo produzir alimento em excesso", afirmou.
O presidente apelou por mais política para a solução de guerras. "É importante que as pessoas saibam enquanto é tempo de saber. Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política. A gente não pode aceitar guerra na Ucrânia, como não pode aceitar a guerra em Gaza, como não pode aceitar nenhuma guerra", concluiu.
Netanyahu reage a fala de Lula sobre holocausto e convoca embaixador
Presidente brasileiro classificou as mortes em Gaza como genocídio
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. @ ABIR SULTAN/ Poo via REUTERS |
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, respondeu neste domingo (18) às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas às operações israelenses na Faixa de Gaza e ao corte de ajuda humanitária a habitantes da região.
Netanyahu disse que a fala feita por Lula equivale a “cruzar uma linha vermelha”, referindo-se a trecho da declaração de Lula, feita durante viagem oficial à Etiópia. Em entrevista coletiva, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza de “genocídio”, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus.”
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premiê israelense em sua conta verificada na rede social X.
Ele acrescentou que determinou a convocação do embaixador do Brasil em Israel para uma dura conversa de reprimenda. O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, também publicou no X que a fala de Lula foi “vergonhosa” e confirmou a convocação do embaixador brasileiro para esclarecimentos.
A declaração do presidente causou reação de entidades como a Confederação Israelita no Brasil (Conib), que divulgou nota repudiando a comparação e na qual diz que a declaração do presidente é uma “distorção perversa da realidade”.
“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa, somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, continua o texto da Conib.
A Federação Árabe Palestina no Brasil, por sua vez, comentou a declaração de Netanyahu e sugeriu que “talvez seja hora de cortar relações com o Israel”.
Brasil critica autoridades de Israel por apoiarem emigração em Gaza
- A group of Palestinian civilians walks while evacuating from the north of the Gaza Strip towards south, amid the ongoing conflict between Israel and Palestinian Islamist group Hamas, in the central Gaza Strip November 7, 2023. REUTERS/Ahmed Zakot TPX IMAGES OF THE DAY© REUTERS/Ahmed Zakot
Netanyahu nega possibilidade de interrupção de bombardeios em Gaza
Primeiro-ministro de Israel cita Torá e afirma que "é tempo de guerra"
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião semanal de seu gabinete em Jerusalém© ABIR SULTAN/Pool via REUTERS
@Agência Brasil 🇧🇷
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, negou, nesta segunda-feira (30) qualquer possibilidade de interromper os bombardeios na Faixa de Gaza.
“Pedir por um cessar fogo é pedir para Israel se render ao Hamas, se render ao terrorismo, se render à barbárie. Isso não vai acontecer. Senhoras e senhores, a Bíblia diz que há o tempo de paz e o tempo de guerra. Esse é o tempo da guerra”, disse, citando a Torá, livro sagrado do judaísmo.
Na sexta-feira (27), a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou por ampla maioria uma resolução que determina o cessar fogo imediato.
Antes de falar com a imprensa, Netanyahu usou as redes sociais para prestar solidariedade a três mulheres sequestradas pelo Hamas que tiveram um vídeo divulgado pelo grupo nesta segunda-feira (30). Elas foram capturadas no dia 7 de outubro. No vídeo, uma delas critica a inação do governo israelense em relação aos reféns.
O grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, propôs a troca dos cerca de 200 reféns pelo que eles chamam de presos políticos. Segundo o último relatório das Nações Unidas, divulgado em julho, há mais de 5 mil palestinos em prisões israelenses, incluindo 160 crianças. Cerca de 1,1 mil deles, segundo a ONU, foram detidos sem acusação ou julgamento.
No pronunciamento, Netanyahu exigiu a liberação de todos os reféns imediatamente e voltou a exigir que os civis evacuem o norte da Faixa de Gaza.
“Nós estamos nos esforçando para evitar ao máximo vítimas civis. Não apenas pedindo que os civis se mudem, mas também encontrando lugares para que eles estejam em segurança com suporte humanitário, com alimentos, com água, com medicamentos”, declarou o primeiro-ministro.
A região apontada por Netanyahu como área segura é o sul da Faixa de Gaza. Mas Hasan Rabee, uma das 34 pessoas que esperam ser resgatadas pelo governo brasileiro e que está em Khan Yunis, cidade que fica justamente ao sul da Faixa de Gaza, confirmou que o prédio ao lado onde os brasileiros estão abrigados foi bombardeado nesta segunda-feira (30) e foi preciso evacuar a área.
“A gente tem que esvaziar com medo de que eles vão bombardear de novo. A casa que foi atacada ao lado de onde a gente está. Bastante gente ferida. Cidadãos fazendo ajuda humanitária para resgatar os feridos. Absurdo”, lamentou Rabee.
Rabee e outros brasileiros também contam que é preciso racionar água e que para conseguir um único pão é preciso enfrentar filas de até 5 horas. No sábado (28), um depósito de alimentos da ONU, que tinha acabado de ser abastecido com alimentos vindos do Egito, foi invadido. Em nota, as Nações Unidas afirmaram que o saque de alimentos “é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir depois de três semanas de guerra”.
Hoje à tarde, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou ao telefone com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Eles falaram sobre novas tentativas de acordo no Conselho de Segurança da ONU em relação ao conflito.
Desde o começo da crise, quatro propostas de resolução foram apresentadas, uma delas do Brasil, mas foram vetadas ora pelos Estados Unidos, ora pela Rússia. Eles também falaram sobre a emergência humanitária na Faixa de Gaza e a situação da fronteira entre o Egito e Gaza. Há três semanas, o governo brasileiro negocia a abertura da fronteira para poder retirar seus nacionais da zona de conflito.
Desde o dia 7 de outubro, mais de 8 mil palestinos morreram em Gaza, aponta levantamento da ONU. Sete em cada dez vítimas são mulheres e crianças. Mais de 1,4 milhão de pessoas estão desabrigadas, o que representa cerca de 60% da população de Gaza. A violência também cresceu na Cisjordânia, território palestino que não está sob controle do Hamas, onde 121 pessoas foram mortas ou por colonos ou pelas forças armadas israelense. No mesmo período foram mortos mais de 1,4 mil israelenses, a maioria no dia 7 de outubro.
Gaza: Médicos Sem Fronteiras envia 26 toneladas de suprimentos médicos para o Egito
Carga é suficiente para a realização de 800 intervenções cirúrgicas em Gaza
Imagem Divulgação
Neste domingo (29/10), Médicos Sem Fronteiras (MSF) enviou 26 toneladas de suprimentos médicos em um avião da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Egito, sob a coordenação do Crescente Vermelho Egípcio, para apoiar a resposta médica de emergência em Gaza. Os suprimentos podem cobrir as necessidades de 800 intervenções cirúrgicas e são destinados a instalações de saúde em Gaza, em colaboração com as autoridades médicas locais, já que MSF tem parcerias de longa data com vários hospitais na Faixa de Gaza.
Precisamos que esta entrega aconteça o mais rápido possível, uma vez que as instalações de saúde em Gaza estão sobrecarregadas de pacientes e com muito pouco fornecimento de suprimentos médicos, após mais de três semanas de cerco total pelas forças israelenses. Reiteramos o nosso apelo a um cessar-fogo urgente em Gaza para evitar mais mortes e permitir a entrega da ajuda humanitária desesperadamente necessária.
Brasileiros podem deixar Gaza nesta segunda-feira, diz embaixador
Grupo retornará ao Brasil em avião da Presidência da República
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
O embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, disse neste domingo (15) esperar que os brasileiros que aguardam repatriação na Faixa de Gaza possam atravessar a fronteira para o Egito, em passagem próxima à cidade de Rafah, na segunda-feira (16). Segundo ele, a embaixada recebeu a informação de brasileiros que estão em Gaza de que "circulam rumores" de que a fronteira será aberta na segunda, e também confirmou essa informação por outro canal.
Um grupo de 28 pessoas, 22 brasileiros e seis palestinos com residência no Brasil, segue abrigado nas cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul de Gaza, aguardando autorização para cruzar a fronteira.
O embaixador afirmou que a saída dos brasileiros depende da abertura da passagem para o Egito e também da autorização das autoridades de imigração, que precisam carimbar os passaportes dos brasileiros. "No nível político tudo já está feito. É necessário apenas que, uma vez que seja aberta a fronteira, o funcionário que está ali, que vai receber os brasileiros, ele tenha a lista e autorize o ingresso. Esperamos que isso aconteça amanhã, essa é a nossa expectativa", disse Candeas.
Segundo o governo brasileiro, assim que o grupo puder cruzar para o Egito, eles serão trazidos ao Brasil no avião VC-2 da Presidência da República, que tem capacidade para transportar até 40 passageiros. Outros cinco voos de repatriação já foram feitos para trazer brasileiros e familiares de Israel.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vêm negociando a abertura da fronteira desde a semana passada para poder resgatar o grupo. Entre sexta e sábado, o presidente abordou a questão em telefonemas com o presidente de Israel, Isaac Herzog, o presidente do Egito, Abdul Fatah al-Sisi, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Reabertura da fronteira
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou neste domingo que a passagem fronteiriça controlada pelo Egito na Faixa de Gaza será reaberta e que os Estados Unidos estão trabalhando com egípcios, israelenses e a Organização das Nações Unidas (ONU) para que auxílio humanitário possa chegar à região.
Centenas de toneladas de ajuda foram enviadas de vários países e estão esperando há dias na península do Sinai, no Egito. Falta um acordo para sua entrega em segurança em Gaza, além da evacuação de estrangeiros por meio da fronteira em Rafah.
O Egito afirmou que intensificou seus esforços diplomáticos para resolver o impasse. “Colocamos para funcionar, o Egito botou para funcionar muitos materiais de apoio ao povo em Gaza, e Rafah será reaberta”, afirmou Blinken a repórteres no Cairo, depois do que disse ter sido uma “conversa muito boa” com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
“Estamos estabelecendo com a ONU, o Egito, Israel e outros o mecanismo pelo qual vamos receber a ajuda e como ela chegará às pessoas que precisam”, finalizou.
- *Agência Brasil 🇧🇷
- *Com informações da Reuters
Entenda o que são considerados crimes de guerra
Observadores da ONU apontam atrocidades cometidas pelo Hamas e Israel
Por Da Agência Brasil
Na avaliação de observadores independentes das Nações Unidas, o governo de Israel e o comando do Hamas estão cometendo crimes de guerra. Em relatório de avaliação, os observadores condenaram os atentados cometidos pelo Hamas em território israelense e o ataques de Israel que atingiram palestinos em Gaza.
O direito internacional humanitário regula as relações entre organizações e Estados e estabelece regras para limitar a legalidade de guerras, como restrição para uso de armamento químico.
A normas só autorizam o conflito armado no caso de autodefesa contra ataques armados ou mediante autorização do Conselho de Segurança da ONU. As regras básicas do direito internacional também estabelecem que as partes envolvidas devem distinguir entre civis e combatentes inimigos.
O estatuto do Tribunal Internacional de Haia e as convenções de Genebra definiram os crimes de guerra e as condições julgamento. Entre os crimes de guerra estão ataques à população civil, uso de armas ou métodos de guerra proibidos, homicídio, tortura, uso indevido de uniformes de entidades humanitárias, entre outros.
Em caso de descumprimento, os acusados devem ser processados e julgados pelo Tribunal Internacional.
Violações
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que as regras de direito humanitário internacional e os direitos humanos devem ser respeitados e cumpridos durante a guerra entre Israel e o Hamas.
De acordo com informações divulgadas por agências internacionais, o número de mortes após uma semana de guerra chegou a 4 mil, entre israelenses e palestinos. Segundo a ONU, cerca de 1 milhão de moradores da Faixa da Gaza estão fora de suas casas, sem acesso a comida, água, luz, medicamentos e atendimento médico.
A declaração de Guterres foi dada ontem (13) antes da reunião na qual o Conselho de Segurança da ONU não chegou a acordo sobre o texto final sobre a guerra.
Segundo o secretário-geral, os civis envolvidos no conflito devem ser protegidos e não podem ser usados como escudos. Para ele, “até mesmo guerras têm regras".
No mesmo sentido, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) defendeu que os civis em Gaza devem ter acesso à ajuda humanitária. A entidade trabalha para enviar alimentos, água e medicamentos, mas a fronteira com o Egito continua fechada e não foram criados corredores humanitários.
"Médicos Sem Fronteiras (MSF) está horrorizada com o brutal assassinato em massa de civis perpetrado pelo Hamas e com os intensos ataques a Gaza que estão sendo realizados por Israel. MSF pede a interrupção imediata do derramamento de sangue, o estabelecimento de espaços e passagens seguros para as pessoas chegarem a eles com urgência", afirmou a entidade.
O diretor da Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Fabrizio Carboni, defendeu a proteção dos civis e a autorização para entrada de ajuda humanitária.
"Com a falta de eletricidade em Gaza, falta luz nos hospitais, o que coloca em perigo recém-nascidos em incubadoras e pacientes idosos que precisam de oxigenação. A hemodiálise deixa de funcionar e não é possível tirar raios X. Sem eletricidade, os hospitais correm perigo de se transformar em necrotérios", alertou o diretor.
* Com informações da Reuters e Lusa.
Lula conversa com presidente de Israel e pede corredor humanitário
Presidente brasileiro reiterou a condenação aos ataques do Hamas
Presidente Lula. © Ricardo Stuckert / PR |
Agência Brasil 🇧🇷
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog, nesta quinta-feira (12). Em postagem nas redes sociais, Lula afirmou ter agradecido o apoio para a operação de retirada dos brasileiros de Israel, além de ter reiterado a condenação brasileira aos ataques promovidos pelo grupo Hamas, que o presidente classificou como atos terroristas.
"Agradeci o apoio para a operação de retirada dos brasileiros que desejam retornar ao nosso país. Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas", disse.
Lula também pediu ao chefe de Estado israelense para que não deixe faltar água, luz e remédios em hospitais, e fez um apelo pela abertura de um corredor humanitário que permita às pessoas saírem da Faixa de Gaza, a zona mais crítica da Palestina, que tem sofrido com bombardeios e cerco militar.
"Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz", escreveu.
Em Israel, o sistema de governo é parlamentarista. O presidente é o chefe de Estado, eleito pelo Parlamento do país. O Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro, o chefe de governo, escolhido entre o partido ou coalizão que obtenha a maioria das cadeiras no Legislativo. Atualmente, esse cargo é ocupado por Benjamin Netanyahu
A violência em Israel e na Palestina chegou ao sexto dia nesta quinta, com a continuidade de intensos bombardeios na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. Autoridades locais já contabilizam 1,2 mil mortes e mais de 5 mil feridos. Há pelo menos 180 mil desabrigados.
Em Israel, segundo a emissora pública Kan, o número de mortos havia aumentado para 1,3 mil desde o último sábado, quando começaram os ataques violentos promovidos pelo grupo islâmico Hamas.
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) também alertou nesta quinta que suprimentos essenciais, incluindo comida e água, estavam em um nível perigosamente baixo em Gaza, depois do bloqueio imposto por Israel ao enclave.
Fronteira entre Gaza e Egito foi atacada três vezes, diz embaixador
Brasileiros terão que atravessar a cidade de Rafah para chegar ao Egito, aonde um avião da Força Aérea Brasileira os aguardará. - Arte/ABR
Pronunciamento do presidente dos Estados Unidos Joe Biden
Pronunciamento do presidente dos Estados Unidos Joe Biden
Israel orienta população a se abrigar após entrada de aviões libaneses
Ao todo, 2.300 pessoas morreram e há dois brasileiros estão entre as vítimas
Foto: Reprodução: Flipar. O ataque do Hamas a Israel pegou especialistas de surpresa
Por: Lara Tôrres |ig | Último Segundo
Militares israelenses disseram que “aeronaves hostis” vindas do Líbano entraram no país, acionando sirenes em toda a região norte do país enquanto pediam para a população se abrigar.
Os militares não especificaram qual tipo de aeronave conseguiu penetrar o espaço aéreo de Israel, mas já é sabido que o Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, e os palestinos possuem drones e planadores.
Nesta quarta-feira (11), o Qassam, grupo armado ligado ao Hamas, afirmou ter bombardeado a região de Haifa, uma das maiores ao norte de Israel. Além disso, houve bombardeio no sul do Líbano.
Diante do ocorrido, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou grande preocupação com os relatos de ataques recentes que envolveram o Líbano e o Hezbollah no confronto.
“Apelo a todos os partidos, e àqueles que têm influência sobre esses partidos, para evitarem qualquer nova escalada e repercussões”, disse ele aos jornalistas.
Já o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que Israel tem o direito de se defender contra ataques, mas que espera por respostas para que a tensão e violência não levem a uma escalada da guerra, evitando mais mortes de pessoas inocentes.
Combate às mudanças climáticas será prioridade de "segurança nacional" em Israel
O governo de Israel estabeleceu neste domingo (24) que o combate às mudanças climáticas passa a ser uma prioridade de "segurança nacional" no país. Em um comunicado, o primeiro-ministro Naftali Bennett se compromete a "facilitar" investimentos em energias renováveis, às vésperas da abertura da COP26, em Glasgow.
"A luta contra as mudanças climáticas é um novo interesse de segurança nacional para Israel", informa a nota oficial. Em junho passado, a nova coalizão de governo israelense fixou a meta de reduzir em 27% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e em 85% até 2050 em relação aos níveis de 2015. Para isso, o país, que é um dos que menos investem no transporte público entre todos os Estados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), prevê promover transportes que consumam menos energia.
"Hoje, o governo aprovou muitas decisões para fomentar transportes limpos e de baixo consumo de carbono", disse Bennett, que pretende participar da COP26. A Conferência da ONU sobre mudanças climáticas acontece de 31 de outubro a 12 de novembro na Escócia.
"Queremos promover a inovação e facilitar [o trabalho] dos empresários no setor das energias verdes", declarou a ministra de Energia, Karine Elharrar. Para alcançar seus objetivos, Israel quer aproveitar a experiência acumulada por várias empresas dos setores de cibersegurança, defesa e tecnologia financeira. O setor da alta tecnologia emprega pouco mais de 10% da população economicamente ativa de Israel.
A ministra israelense do Meio Ambiente, Tamar Zandberg, acusou os governos precedentes de terem adiado os investimentos na descarbonização da economia.
Premiê da Índia confirma participação na COP26
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, confirmou que vai comparecer à COP26, um sinal positivo para as negociações que não contarão com as presenças dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping. Fontes do governo em Nova Délhi indicaram que a Índia, terceiro maior poluidor mundial de gases do efeito estufa, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, fará uma nova proposta de redução de emissões, mas não revelaram detalhes.
A China informou neste domingo que deseja limitar a menos de 20% o uso de energias fósseis até 2060, de acordo com um plano que inclui vários objetivos. O presidente chinês deseja começar a reduzir as emissões poluentes até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono 30 anos depois, afirma o projeto publicado pela agência oficial de notícias Xinhua. O documento também inclui a meta de que, até 2030, 25% da energia total consumida na China seja procedente de fontes renováveis.
Em abril, Xi Jinping afirmou que o país controlaria de maneira rígida os projetos de centrais de energia elétrica que utilizam carvão e reduziria progressivamente o consumo desta matéria-prima. O carvão é uma fonte muito poluente e responsável por 60% da produção de energia elétrica na China.
Em setembro, na Assembleia Geral da ONU, o presidente chinês também se comprometeu a parar de construir centrais de carvão no exterior. Porém, em meio a uma grave escassez de energia elétrica causada pelo aumento do preço do carvão, do qual o país é muito dependente, a China está aumentando sua produção de carvão em 6%. No início da semana, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas (NDRC) informou que em setembro foram autorizadas 53 minas, com o objetivo de aumentar a capacidade de produção em 220 milhões de toneladas anuais.
Com informações da AFP