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OMS abre consulta para mudar nome da varíola dos macacos

ÁUDIO DESTA NOTÍCIA


Nomenclaturas podem ser sugeridas por qualquer pessoa; padronização para variantes e subvariantes foi decidida adotando uso de numerais romanos e letras minúsculas; variante responsável por surto atual será identificada como como IIb; nomes para a doença serão avaliados para que não gere impactos negativos.


A Organização Mundial da Saúde, OMS, convocou um grupo de especialistas para avaliar a mudança do nome da varíola dos macacos. Após o aumento da incidência do vírus, a OMS declarou a doença uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

Segundo a agência da ONU, o esforço faz parte de um trabalho contínuo para alinhar nomes da doença, vírus e variantes, ou clados, da varíola dos macacos com as melhores práticas atuais. Os especialistas concordaram em nomear as cepas usando algarismos romanos.


Boas práticas

O vírus da varíola dos macacos foi descoberto em 1958, antes de regras e práticas para definir nomenclaturas serem adotadas. As principais variantes recebiam os nomes com base nas regiões geográficas onde o vírus circulava.

Atualmente, a recomendação é nomear vírus recém-identificados, doenças relacionadas e variantes de forma que evite “ofender qualquer grupo cultural, social, nacional, regional, profissional ou étnico” e minimizar qualquer impacto negativo no comércio, viagens, turismo ou bem-estar animal.


Novos nomes

A atribuição de novos nomes a doenças existentes é responsabilidade da OMS de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e a Família de Classificações Internacionais Relacionadas à Saúde da OMS.

A agência está realizando uma consulta aberta para um novo nome para a varíola dos macacos. Qualquer pessoa pode propor sugestões

Já para os vírus, a nomeação das espécies é de responsabilidade do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, que tem um processo em andamento para o nome do vírus da varíola dos macacos.

Por fim, a nomenclatura das variantes, ou clados, para doenças existentes é normalmente o resultado de debate entre cientistas.


Futuras pesquisas

Para acelerar o acordo por conta do atual surto, a OMS convocou uma reunião em 8 de agosto para permitir que virologistas e especialistas em saúde pública chegassem a um consenso sobre a nova terminologia.

Especialistas em virologia da varíola, biologia evolutiva e representantes de institutos de pesquisa de todo o mundo revisaram a evolução e a nomenclatura de variantes conhecidas e novos do vírus da varíola dos macacos.

Eles discutiram as características e a evolução das variantes do vírus da varíola dos macacos, suas aparentes diferenças e possíveis consequências para a saúde pública e futuras pesquisas virológicas e evolutivas.


Consenso no uso de números romanos

O grupo chegou a um consenso sobre uma nova nomenclatura para que as variantes estejam de acordo com as melhores práticas. Assim, a antiga variante da Bacia do Congo, na África Central, será Clado um (I) e o antigo clado da África Ocidental como Clado dois (II).

Para o tipo II, que possui duas subvariantes, ela será seguida de uma letra minúscula. Dessa forma, a nova convenção de nomenclatura compreende Clado I, Clado IIa e Clado IIb.

O Clado IIb é referente ao grupo de variantes que circulam amplamente no surto global de 2022.

A nomeação das linhagens será proposta pelos cientistas à medida que o surto evoluir.

Segundo a OMS, os especialistas serão convocados novamente conforme necessário. Os novos nomes para os clados devem entrar em vigor imediatamente enquanto o trabalho continua nos nomes de doenças e vírus.

OMS pede US$ 23 bi para nova estratégia de vacinação contra Covid-19 e aponta risco na África

O director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, na sede da organização, em Genebra. Fabrice COFFRNI AFP

 

Texto por: RFI

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou nesta quinta-feira (28) um novo plano de luta contra a Covid-19 nos países menos desenvolvidos e pediu US$ 23,4 bilhões nos próximos 12 meses para financiar sua estratégia. Na África, a campanha de imunização continua registrando enormes carências, como falta de vacinas, seringas e outros equipamentos de proteção.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, quer aproveitar a presença dos líderes do G20 neste fim de semana em Roma para pressioná-los a agir de "maneira decisiva", a fim de erradicar uma pandemia que já matou mais de 5 milhões de pessoas no mundo.

"Estamos em um momento decisivo, que exige uma liderança decisiva para tornar o mundo um lugar mais seguro", disse Tedros durante uma coletiva de imprensa em Genebra, destacando que "esta pandemia está longe de acabar". 

O acelerador ACT – uma associação das principais agências de saúde mundiais e entidades como o Banco Mundial e a Fundação Bill e Melinda Gates – precisa de US$ 23,4 bilhões para ajudar os países com mais risco a proteger e implantar as ferramentas de luta contra a Covid-19 a partir de agora e até setembro de 2022. "Financiar a totalidade do acelerador é uma necessidade absoluta para a segurança de todos no mundo. É preciso agir", enfatizou o representante da ONU. 

A OMS considera esta quantia "mínima", se comparada com as perdas econômicas provocadas pela pandemia e o custo dos planos de recuperação.

"O acesso não equitativo aos testes de Covid-19, aos tratamentos e às vacinas prolonga a pandemia no mundo inteiro e apresenta o risco de surgimento de novas variantes, mais perigosas, que poderiam escapar dos meios de combate à doença", destaca um comunicado da OMS.

"Até o momento apenas 0,4% dos testes e 0,5% das vacinas aplicadas no mundo foram administrados nos países de baixa renda, apesar do fato de que eles representam 9% da população mundial", insiste a agência da ONU.

Há seis meses meses, o diretor-geral da OMS critica a forma como os países ricos se apoderaram das vacinas disponíveis, esquecendo que o vírus e suas mutações potenciais não respeitam fronteiras. Mas Tedros continua não sendo ouvido. Na contramão de seu pedido para direcionar os imunizantes aos países onde o índice de vacinação permanece muito baixo, algumas nações começaram a vacinar crianças menores de 12 anos (China, Cambodja, Emirados Árabes Unidos e Cuba, por exemplo) e várias generalizaram a terceira dose. 

Na África faltam doses e seringas

Em nenhum lugar a desigualdade é tão gritante como no continente africano, onde apenas 8% da população recebeu uma dose da vacina", disse o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. 

A menos que haja uma aceleração significativa, apenas cinco países, ou menos de 10% das 54 nações do continente, atingirão a meta global de 40% das populações vacinadas até o final do ano. Segundo o escritório regional da OMS, Seychelles, Ilhas Maurício, Marrocos, Tunísia e Cabo Verde são os únicos a cumprir a meta.

Já em dificuldades, a campanha local de imunização ainda corre o risco de sofrer com a escassez de seringas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que até 2,2 bilhões de seringas específicas, utilizadas na aplicação da Pfizer/BioNTech, podem faltar na África em 2022.  


Balanço de ação

O acelerador ACT sofre de falta de financiamento e enfrentou uma série de dificuldades que impediram o sistema Covax, criado pelas Nações Unidas, de operar em plena capacidade.

Esses incidentes criaram uma demanda por mais transparência. Desde sua criação, apenas 425 milhões de doses de vacina anticovid foram entregues a 144 países, um número muito aquém das metas iniciais. O dispositivo permitiu reduzir pela metade o preço dos testes rápidos, com a transferência de tecnologia para países pobres e ampliou o acesso a oxigênio e equipamentos de proteção.

Também foi possível distribuir 3 milhões de doses de dexametasona, um corticóide eficaz na luta contra as formas graves da doença. 

A nova estratégia promete ser mais transparente. A OMS diz que ouvirá com mais atenção os pedidos das nações de baixa e média renda, bem como as organizações que representam a sociedade civil, além de dar prioridade à distribuição de vacinas.

O plano de ação também prevê a reformulação do sistema de contato com os países, para garantir que eles tenham os meios técnicos, operacionais e financeiros necessários para lutar contra a doença. As ferramentas de combate à Covid-19 devem chegar aos locais que precisam desse apoio.

Com informações da AFP

África: mudança climática agravou insegurança alimentar, pobreza e deslocamentos, diz ONU

Texto por: RFI

Mais de 100 milhões de pessoas extremamente pobres estão ameaçadas pela aceleração das mudanças climáticas na África, onde as poucas geleiras existentes desaparecerão até 2040, afirmou as Nações Unidas. Em um relatório sobre o estado do clima na África em 2020, publicado a menos de duas semanas da abertura da COP26, em Glasgow (Escócia), a ONU adverte sobre a vulnerabilidade desproporcional do continente africano.

O relatório destaca que as mudanças climáticas contribuíram para aumentar a insegurança alimentar, a pobreza e os deslocamentos de populações na África no ano passado.

"Para 2030, se considera que até 118 milhões de pessoas extremamente pobres (ou seja, que vivem com menos de 1,90 dólar por dia) estarão expostas à seca, às inundações e ao calor extremo na África, caso não sejam estabelecidas medidas de resposta adequadas", declarou a comissária de Economia Rural e Agricultura da Comissão da União Africana, Josefa Leonel Correia Sacko, na introdução do relatório. "Na África Subsaariana, a mudança climática poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em até 3% até 2050", acrescentou.

O relatório é resultado da colaboração da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Comissão da União Africana e a Comissão Econômica para a África (CEPA) por meio do Centro Africano de Política Climática, organizações científicas internacionais e regionais e organismos das Nações Unidas.

"Durante 2020, os indicadores climáticos na África se caracterizaram pela contínua elevação das temperaturas, a aceleração do aumento do nível do mar, fenômenos meteorológicos e climáticos extremos, como inundações, deslizamentos de terra e secas, e os efeitos devastadores conexos", explicou o secretário-geral da OMM, o professor Petteri Taalas.

"A rápida redução das últimas geleiras da África Oriental, que de acordo com as previsões devem derreter por completo em um futuro próximo, alerta para a ameaça de uma mudança iminente e irreversível no sistema Terra", destacou.

"Recuperação sustentável e ecológica"

Em 2020, a África registrou um aquecimento superior à temperatura média mundial. O ano passado ficou entre o terceiro e o oitavo mais quente nos registros de dados da África, mostra o relatório. A tendência de aquecimento em 30 anos correspondente a 1991-2020 foi superior à do período 1961-1990 em todas as sub-regiões africanas e consideravelmente superior à tendência de 1931-1960.

As taxas de aumento do nível do mar na costa atlântica tropical e meridional e na costa do Oceano Índico são superiores à taxa média mundial.

No que diz respeito às geleiras africanas, que são muito pequenas para desempenhar funções importantes, como depósitos de água, mas que têm uma grande relevância turística e científica, os índices de retrocesso atuais são superiores à média mundial. De acordo com a OMM, caso a tendência continue, "isto provocará um degelo total até a década de 2040".

Apenas três montanhas da África são cobertas por geleiras: o maciço do Monte Kenya (Quênia), os montes Rwenzori (Uganda) e o monte Kilimanjaro (Tanzânia).

Para enfrentar a intensificação de fenômenos meteorológicos de forte impacto, a OMM recomenda aos países africanos investimentos em infraestruturas hidrometeorológicas e sistemas de alerta.

A OMM considera que a rápida implementação de estratégias de adaptação no continente africano estimulará o desenvolvimento econômico e irá gerar mais postos de trabalho em apoio à recuperação econômica após a pandemia de Covid-19. Também ajudaria na "recuperação sustentável e ecológica" da região.

(Com informações da AFP)

Encontro na ONU discute como alimentar uma população em crescimento BR

Sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento começou esta segunda-feira, em Nova Iorque; em todo o mundo, havia 690 milhões de subnutridos mesmo antes da Covid-19; mas a crise pode ter elevado este número entre 83 milhões e 132 de milhões a mais. 


 

A 54ª sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento da ONU foi aberta em Nova Iorque na segunda-feira. “População, segurança alimentar, nutrição e desenvolvimento sustentável” é o tema deste ano. 

O encontro analisa como o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Icpd na sigla em inglês, pode ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.  

Desenvolvimento 

O embaixador de Burkina Fasso, Yemadaogo Eric Tiare, preside a Comissão este ano. Participaram do evento, a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, Natalia Kanem, e o diretor da Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Desa, John Wilmoth,  


Natalia Kanem pediu que “não haja obstáculos a um grande consenso de que a segurança alimentar e a nutrição sustentam todos os ODSs e são essenciais para a dignidade e o bem-estar humanos.” 

Antes da pandemia, o mundo tinha 690 milhões de pessoas subnutridas, mas com a crise da Covid-19, este número pode ter subido entre 83 milhões e 132 milhões a mais de pessoas. 

Impacto 

A chefe do Unfpa também destacou o impacto da pandemia de Covid-19, dizendo que as mulheres estão sendo mais afetadas. Para ela, a crise oferece lições de como reconstruir melhor para todos.  

Em declarações à ONU News, a diretora do Escritório do Unfpa em Genebra, Mónica Ferro, lembrou que Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento foi aprovado em 1994 e estabelece várias prioridades.  

“O Programa de Ação estabeleceu que os direitos, a saúde sexual reprodutiva, o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero eram fundamentais para o bem-estar das nações e das suas populações.

A sua implementação é chave também para a realização do desenvolvimento sustentável até 2030. 

Vamos ouvir falar sobre como a insegurança alimentar e a má nutrição aumentaram durante a pandemia e isso veio provocar um ambiente mais tenso e exacerbar a violência com base no gênero e o casamento infantil. 

A má nutrição tem também um impacto negativo sob as gravidezes e a saúde dos recém-nascidos comprometendo a saúde ao longo da vida.” 


Encontro de Cúpula 

A Icpd deve ajudar a preparar o Encontro de Cúpula dos Sistemas Alimentares, que o secretário-geral da ONU convocou para setembro.  

Mais de 3 bilhões de pessoas, no mundo, não podem comprar alimentos para uma dieta saudável e nutritiva.  

Mais de 20% das crianças menores de cinco anos têm problemas de desenvolvimento e 7% enfrentam desnutrição aguda.  

Cerca de 6% dos menores de cinco anos e 39% dos adultos estão acima do peso.  

Em todo o globo, apenas 19% das crianças com idade entre 6 e 23 meses comem uma dieta minimamente aceitável. 

Segundo a ONU, dietas que não são saudáveis são a causa de mais mortes de adultos e de deficiências de pessoas que o uso do tabaco. 

Fonte/ONUNews

Pfizer entra para a iniciativa da OMS para distribuir vacinas contra a Covid-19 BR


Agência da ONU anunciou contratos para comprar até 40 milhões de doses da vacina; OMS também deve adquirir 100 milhões de doses da imunização desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford, que ainda está em fase de aprovação; objetivo é imunizar 2 bilhões de pessoas até final do ano.  


A Covax, a iniciativa global para garantir acesso rápido e equitativo às vacinas para a Covid-19, anunciou um acordo com a Pfizer para comprar até 40 milhões de doses da vacina. 


A iniciativa também confirmou a compra das primeiras 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford, que está aguardando aprovação pela Organização Mundial da Saúde, OMS.

Acesso 

De acordo com a atualização da agência, a decisão deve ser conhecida em meados de fevereiro. Destas primeiras 100 milhões de doses, a maioria deve ser entregue no primeiro trimestre do ano. 


A Aliança de Vacinas Gavi é responsável pela aquisição e entrega das vacinas para a Covax. Em comunicado, o diretor executivo da Gavi, Seth Berkley, disse que “este é um grande passo em frente para o acesso equitativo às vacinas e uma parte essencial do esforço global para vencer esta pandemia.” Já o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “a distribuição urgente e equitativa de vacinas não é apenas um imperativo moral, é também um imperativo de segurança sanitária, estratégico e econômico.” 


Segundo ele, “este acordo com a Pfizer ajudará a capacitar a Covax para salvar vidas, estabilizar os sistemas de saúde e impulsionar a recuperação econômica global.” 


Confiança 

Por sua vez, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Henrietta Fore, disse que “esses acordos de compra abrem a porta para que essas vacinas se tornem disponíveis para as pessoas nos países mais vulneráveis.” Ao mesmo tempo, a chefe da agência contou que é preciso “garantir que os países estejam prontos para receber as vacinas, implantá-las e construir confiança.” 


Até o final deste mês, a Covax pretende fornecer uma alocação indicativa de doses a todos os Estados participantes. Com esses números, os países poderão iniciar os preparativos de suas campanhas.  


Com estes novos contratos, a iniciativa tem acordos para comprar pouco mais de dois bilhões de doses vacinas, algumas ainda não aprovadas.   O objetivo é proteger pelo menos 20% da população até o final do ano, a menos que algum participante tenha solicitado uma porcentagem menor de doses. Pelo menos 1,3 bilhão dessas doses estarão disponíveis para as 92 economias elegíveis até o final de 2021. 


Preparação 

Neste trabalho, a OMS está fazendo parceria com a Coalizão para Preparação Contra Pandemias, Cepi na sigla em inglês. Em comunicado, o diretor executivo da Cepi disse que “o surgimento de novas variantes coloca em foco a necessidade de estar um passo à frente do vírus, continuando a investir em pesquisa e desenvolvimento de vacinas.” 


Segundo Richard Hatchett, a comunidade internacional precisa continuar investindo, especificamente em vacinas de próxima geração, para estar pronta “para mudanças de cepas e garantir que tem ferramentas para atender às necessidades de todas as populações em todos os países a longo prazo.” 

Falsas vacinas: Interpol alerta para ações do crime organizado no mercado anti-Covid


A organização internacional Interpol enviou nesta quarta-feira (2) uma mensagem a seus 194 países membros, alertando-os para se prepararem para ações do crime organizado focadas nas vacinas contra o novo coronavírus. 

Bolsonaro critica OMS e diz que ninguém quer maquiar números da pandemia no Brasil

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira e disse que ninguém deseja maquiar números da pandemia no Brasil, depois das contestações sobre a divulgações de informações pelo governo.

“Ninguém quer esconder números, muito pelo contrário, nós queremos é mostrar os números reais”, disse o presidente em sua live semanal em uma rede social.

No início do mês, o Ministério da Saúde reduziu as informações divulgadas sobre mortes e casos do novo coronavírus, mas retomou a divulgação mais completa após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta quinta-feira, segundo dados do ministério, o Brasil chegou a 978.142 casos confirmados da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, e 47.748 mortes. O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos.

Na live, no entanto, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a veracidade dos números da pandemia no país.

“A questão dos números deixa muita gente em dúvida ainda, morreu de Covid-19 ou com Covid-19?”, questionou o presidente.

Bolsonaro também aproveitou a transmissão para mais uma vez criticar a OMS.

“Com todo o respeito, o que menos tem de ciência é a nossa OMS. Parece que não acerta nada, fica num vaivém o tempo todo”, disse o presidente, que já ameaçou retirar o Brasil da organização após a pandemia.

Investimento Direto Estrangeiro deve cair 40% em 2020 por causa da pandemia

Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, indica que retomada global deve ocorrer apenas em 2022; volume total deve ficar abaixo de US$ 1 trilhão, pela primeira vez desde 2005.

Foto: OIT/Marcel Crozet
Multinacionais cancelaram projetos de construção, como esta em Yangon, em Mianmar


Os fluxos de Investimento Direto Estrangeiro, IDE, devem cair até 40% este ano, de acordo com o Relatório Global de Investimento da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, publicado esta terça-feira.

Pela primeira vez desde 2005, esse valor deve ficar abaixo de US$ 1 trilhão. Para o próximo ano, a previsão é de queda leve entre 5% e 10%. Uma recuperação só deve acontecer em 2022.

Previsões
Em entrevista à ONU News, o chefe da Divisão Africana e Países Menos Avançados da Unctad, Rolf Traeger, explicou as grandes conclusões da pesquisa.

“Nesse clima, obviamente, para as empresas investirem, ainda mais no exterior, estão muito diminuídos. Tecnicamente, também há um problema. Os lucros das filiais das multinacionais, os lucros gerados nos países receptores do investimento, tambem serão reduzidos e são uma fonte muito importante desse investimento. Com uma queda muito abruta dos lucros, a fonte de financiamento também está diminuindo abruptamente.”

Segundo o especialista, a crise não afetará todas as regiões da mesma forma. Alguns países, produtores de matérias primas e mais dependentes do investimento externo, serão os maiores prejudicados.

“Os tipos de países mais afetados vão ser os países em desenvolvimento, incluindo na África, América Latina e, em certa medida, Ásia. Principalmente, porque a grande parte do investimento dirigido à África e à América Latina se aplica, principalmente, na produção de commodities, seja agrícola, café, algodão, ou energia, principalmente petróleo, gás e carvão, ou metais. E são justamente esses setores que estão sofrendo mais diretamente os efeitos da recessão mundial.”

Brasil e Angola
Nos países de língua portuguesa, Angola registrou redução nos investimentos diretos estrangeiros, quando várias empresas retiraram capital do país, confirmando uma tendência que ocorre desde 2016. Em 2019, uma carteira de US$ 4 bilhões abandonou Angola, ao contrário de uma perda de US$ 6,5 bilhões sofrida em 2018. 

Já no Brasil, houve um aumento de cerca de 20% dos investimentos num total de US$ 72 bilhões, com destaque para extração de petróleo e gás, e eletricidade. Mas no primeiro trimestre deste ano, o fluxo caiu para cerca de metade do valor médio de 2019. 

Cabo Verde teve uma ligeira descida, passando de US$ 104 milhões para US$105 milhões. 

Em Portugal, os investimentos diretos cresceram cerca de 21% ultrapassando os US$ 8,2 bilhões. Moçambique teve uma queda de 18%, com os investimentos no montante de US$ 2,2 bilhões de dólares.

Alta também na Guiné-Bissau de quase 48%, passando de US$ 21 milhões para US$ 31 milhões. Em são Tomé e Príncipe foram investidos US$ 57 milhões, um aumento de 84% face aos US$ 31 milhões do ano anterior. Por fim, Timor-Leste teve uma subida de mais de 56%, com US$ 75 milhões de investimento.

Previsões
Segundo o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, “as perspectivas são incertas”, porque “dependem da duração da crise da saúde e da eficácia das políticas que combatem os efeitos econômicos da pandemia.”

A Covid-19 afeta o investimento sob todos os ângulos, oferta, demanda e políticas.

Por um lado, os bloqueios desaceleram projetos de investimento existentes. Por outro, as empresas multinacionais reavaliam novos projetos devido as perspectivas de recessão. Finalmente, medidas adotadas pelos governos incluem novas restrições ao investimento.

As 5 mil maiores empresas multinacionais do mundo, responsáveis pela maior parte do IDE global, baixaram suas projeções de lucro para o ano cerca de 40%, em média. Algumas indústrias estão agora prevendo prejuízos. 

Segundo o relatório, o investimento de multinacionais aumentou 72%, mas ainda representa apenas metade do valor recorde, atingido em 2007.

O indicador cresceu cerca de 13% na Europa, sobretudo devido a empresas holandesas e alemãs. Nos EUA, depois do investimento ser negativo devido à repatriação de fundos em 2018 causada por um benefício fiscal, os valores são agora positivos. As empresas japonesas continuam sendo os maiores investidos do mundo, tendo investido um recorde de US$227 biliões no ano passado, um aumento de 58%.

Fusões e aquisições
Tanto os novos anúncios de projetos de investimento inicial quanto as fusões e aquisições caíram mais de 50% nos primeiros meses de 2020. No financiamento global de projetos, uma importante fonte para projetos de infraestrutura, os novos negócios caíram mais de 40%.

Após declínios consideráveis  em 2017 e 2018, os investimentos estrangeiros diretos tinham subido no ano passado cerca de 3%, ou US$ 1,54 trilhão. 

Fluxos para economias de rendas alta e média aumentaram, enquanto os das economias em desenvolvimento caíram um pouco. Os fluxos para economias menores e vulneráveis  permaneceram estáveis.

Covid-19 levaria à redução de US$ 100 bilhões em remessas de migrantes

Secretário-geral disse que migrantes precisam de apoio e solidariedade de todos; este 16 de junho é o Dia Internacional de Remessas Familiares; Banco Mundial estima que pandemia causou queda de mais de 20% no dinheiro enviado às famílias, muitas vezes a única fonte de subsistência delas.

Foto:Ifad/Christine Nesbitt

Os US$200 ou US$300 que os migrantes enviam todos os meses representam, em média, 60% de todo o rendimento familiar


As remessas familiares que os migrantes enviam a seus países de origem para sustentar suas famílias devem cair mais de US$ 100 bilhões este ano. O número equivale a cerca de 20% da quantia total destinada por esses trabalhadores, segundo estimativas do Banco Mundial. 

Para marcar o Dia Internacional de Remessas Familiares, o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou uma mensagem pedindo que “pessoas em toda parte” apoiem os migrantes nesta época de crise.

Problemas
Segundo ele, a diminuição de remessas pode causar problemas como fome, desistência escolar e deterioração dos cuidados de saúde para dezenas de milhões de famílias.

Com milhões de migrantes desempregados pela crise da Covid-19, as famílias devem ser lançadas para abaixo da linha da pobreza. Essas remessas representam "quase três quartos de toda a assistência oficial ao desenvolvimento”, (ODA, na sigla em inglês).

Guterres lembrou que 200 milhões de migrantes, regularmente, mandam dinheiro para casa. Em todo o mundo, 800 milhões de famílias em países em desenvolvimento dependem desses recursos para sobreviver.

No ano passado, as remessas atingiram um recorde de US$ 554 bilhões. Mas com a crise econômica provocada pela pandemia, deve ocorrer o "declínio mais acentuado da história recente".

Soluções
O secretário-geral disse que os migrantes eram “motores da economia global”, com “contribuições cruciais para o bem-estar em todo o mundo.”

Ele destacou uma série de soluções, como redução nos custos de transferência de remessas e criação de serviços financeiros para migrantes e suas famílias, particularmente em áreas rurais.

Essas medidas constam do Pacto Global das Nações Unidas para Migração Segura, Ordenada e Regular, que António Guterres descreveu como uma "plataforma de ação essencial".

Pandemia
No início de junho, o secretário-geral lançou um resumo de políticas sobre a proteção de “pessoas em movimento”, nas quais se referia à “crise socioeconômica”.

Ele citou os migrantes no setor informal, que não têm acesso a programas de proteção social. O chefe da ONU pediu  respeito à dignidade humana durante a crise. Para Guterres, todos podem aprender com os países que implementaram restrições de viagens respeitando os princípios internacionais de proteção de refugiados.

Covid-19 pode ser causa indireta de 51 mil mortes infantis no Oriente Médio e Norte da África

Faltam serviços de saúde e nutrição na região que ainda conta com baixo cumulativo de infetados pela Covid-19; Unicef e OMS relançam iniciativas para envolver comunidades em sensibilização, prevenção e controle de infeções.

Foto: Unicef/Juan Haro
No Níger, crianças estão sendo afetadas por várias crises humanitárias


Sobrecarga do pessoal de saúde, bloqueios, restrições de movimento e barreiras econômicas devido à Covid-19 podem levar à morte de 51 mil menores de cinco anos no Oriente Médio e Norte da África ainda em 2020.

O total de crianças equivale a um aumento de quase 40% em óbitos, se comparado ao momento anterior à pandemia. Este cenário pode reverter os progressos regionais na sobrevivência infantil em quase duas décadas, alertam o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e a Organização Mundial da Saúde, OMS,

Pressão
Em carta emitida em Amam, na Jordânia, as duas agências da ON indicam que estas crianças devem sofrer com a pressão que acontece nos sistemas da saúde e, principalmente, na área de atenção primária.

O documento assinado pelo diretor regional do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, De Ted Chaiban, e o diretor regional da OMS Ahmed Al-Mandhari, para o Mediterrâneo Oriental aponta vários receios e incertezas.

Nos serviços de saúde, muitos funcionários temem contrair o vírus durante sua atividade. Com isso, crianças e mães podem perder serviços de prevenção como imunização, tratamento de infeções neonatais e da infância. Outras áreas a serem afetadas são cuidados durante a gravidez, parto e outros serviços.

Ainda que os casos de Covid-19 não sejam muito altos, o receio é que a atual interrupção dos serviços essenciais de saúde e nutrição faça aumentar a desnutrição infantil.

Para evitar esse cenário, as agências querem retomar campanhas de vacinação completa e segura, ligadas aos serviços de nutrição. Nessas atividades será exigido mais rigor na precaução para prevenir infecções, uso de equipamentos de proteção individual, desencorajar a superlotação e promover o distanciamento,

Com pessoal e suprimentos adicionais, as duas agências querem priorizar e facilitar o acesso aos serviços de atenção a crianças, especialmente as mais vulneráveis.

Outra ideia é aumentar a sensibilização das comunidades em toda a região sobre o que é preciso para prevenção e controle de infeções, além de iniciativas públicas de comunicação e engajamento.

20 anos de Pacto global da ONU, proteção de idosos durante pandemia e bicicletas contra Covid-109



Neste programa, Pacto Global da ONU faz 20 anos e Nações Unidas destacam importância da proteção de idosos durante e depois da pandemia. No final, a corrida das bicicletas para combater a Covid-19 no maior assentamento de refugiados do mundo.

Pediatras alertam para possível relação do coronavírus com casos de inflamação multiorgânica grave em crianças

Ministro britânico da Saúde diz que vários menores morreram por esta causa, mas especialistas pedem calma e observam que são quadros clínicos muito pouco frequentes
FOTO: JAIME VILLANUEVA
Crianças nas ruas de Madri, no domingo passado, primeiro dia em que as crianças foram autorizadas a deixar o confinamento doméstico

JESSICA MOUZO| RAFA DE MIGUEL|MANUEL JABOIS / EL PAÍS
Barcelona / Londres / Madri - 28 ABR 2020 - 15:52 BRT

Pediatras de vários países europeus alertaram para o surgimento de casos de crianças com um quadro clínico de inflamação multiorgânica grave que poderia estar relacionado com o coronavírus. Os primeiros a dar o alerta foram os britânicos e, conforme informou nesta terça-feira o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, causou a morte de vários menores que não tinham condições patológicas subjacentes. Dor abdominal e outros sintomas gastrointestinais como diarreia e/ou vômitos “podem evoluir em poucas horas para um choque, com taquicardia e hipotensão, inclusive na ausência de febre”, segundo o alerta distribuído nesta segunda-feira pela Associação Espanhola de Pediatria (AEP), que cita casos no Reino Unido, Itália, França e Bélgica. Estes sintomas “costumam ser acompanhados de febre, escamação da pele e injeção conjuntival”, compatíveis com a chamada doença de Kawasaki [uma inflamação dos vasos sanguíneos] e uma síndrome de choque tóxico. Os especialistas consultados apontam que, na Espanha, foram descritos casos, pelo menos, nas províncias de Madri, Málaga e Barcelona, mas pedem calma: trata-se de um quadro clínico muito pouco frequente.

“São tão poucos os casos que é apenas uma suspeita que tenham relação com a covid-19, mas tudo coincidiu no tempo. Todas estas manifestações têm um denominador comum: uma inflamação dos vasos sanguíneos. E não é de estranhar que a covid-19, com capacidade de provocar inflamações, possa provocar isto nas crianças”, avalia Carlos Rodrigo, diretor clínico de Pediatria do Hospital Germans Trias i Pujol, em Badalona, cidade vizinha a Barcelona. O pediatra, que já comandou o comitê de crise em outros alertas sanitários, como a crise do enterovírus na Catalunha em 2016, que provocou dano neurológico em dezenas de crianças, pede calma e cautela. “Felizmente, estamos preparados. Conhecemos estes quadros clínicos e é preciso tratá-los como o estávamos fazendo, não necessitamos de tratamentos novos. E como não estivemos submetidos a pressão durante a crise sanitária, porque os sintomas em crianças eram leves, temos disponível toda a capacidade de meios e UTI do sistema sanitário para atendê-las. Mas são quadros clínicos muito pouco frequentes”, reitera. O alerta da Associação Espanhola de Pediatria (AEP) é mais “preventivo, para estar atentos”, salienta. “É prioritário reconhecer estes quadros para encaminhar urgentemente estes pacientes a um centro hospitalar”, sustenta a AEP em sua mensagem aos pediatras.

“É uma nova doença que acreditamos que pode ser causada pelo coronavírus, não estamos 100% seguros, porque alguns dos pacientes deram positivo nos testes, então estamos investigando, mas é algo que nos preocupa”, afirmou Hancock nesta terça-feira numa entrevista à LBC Radio. “É raro, embora seja muito significativo para as crianças que a têm; o número de casos é pequeno”, acrescentou. Médicos no norte da Itália relataram um alto número de crianças menores de nove anos com o que parecem ser casos graves da doença de Kawasaki, mais comum na Ásia, segundo a Reuters. Esta enfermidade é uma vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos ou linfáticos) que tende a afetar crianças de 1 a 8 anos. Caracteriza-se por febre prolongada, conjuntivite ou inflamação das mucosas. A Associação Espanhola de Pediatria recomenda, ante a aparição de alguns destes sintomas “ter um alto índice de suspeita, monitorar a frequência cardíaca e a tensão arterial e avaliar o encaminhamento urgente a um hospital próximo”.

“Trata-se de uma situação rara, mas considero completamente plausível que tenha sido causada pelo vírus, ao menos em alguns casos. Sabemos que nos adultos os problemas graves surgem quando começa um processo inflamatório, e o que observamos nas crianças é um claro processo inflamatório, embora diferente", explicou o professor Whitty. Por ter surgido ao mesmo tempo que o coronavírus, a possibilidade de que exista uma relação ―embora não seja nem de longe definitiva― é certamente plausível".

Rodrigo observa que a síndrome de Kawasaki e o choque tóxico têm semelhanças com a covid-19. “A síndrome de Kawasaki também é uma resposta inflamatória exageradíssima, com lesões na pele e na boca e inflamação nos gânglios. A covid-19 costuma afetar mais os pulmões, e esta síndrome gera mais problemas no coração pela inflamação das vias coronárias e pode provocar enfartes. Mas, no nosso meio, se for detectada cedo ―e daí a alerta da AEP― a mortalidade é muito inferior a 1%”, diz o pediatra. O choque tóxico é provocado pelas toxinas desprendidas por certas bactérias. “Os vasos sanguíneos perdem sua capacidade de fazer os movimentos para que o sangue circule, e este é incapaz de chegar ao seu destino. A mortalidade é inferior a 10%”, aponta.

Sylvia Belda, médica da UTI pediátrica do Hospital 12 de Outubro, em Madri, faz coro ao apelo por calma. “Muitas das crianças que dão entrada nas UTIs nas semanas de pandemia tinham patologia prévia, e a covid-19 não era necessariamente a razão de sua internação. Tivemos também crianças que foram internadas por outra coisa e tinham covid positivo que não lhes causava sintomas. A mensagem de que as crianças são pouco afetadas continua vigente. O que vimos nas últimas semanas é que há uma alta de algumas enfermidades que são muito pouco frequentes em crianças. E isso é chamativo.” “São pequenos em número”, continua, “mas foram vistos acima do normal nestas semanas, e estão sendo vistos em lugares onde a curva do coronavírus está baixando. Não é alarmante pelo número total de afetados, e sim pelo acúmulo em um espaço de tempo curto, mas primeiro temos que descrevê-lo bem e descobrir se tem relação real com a pandemia. Estes casos estão sendo reunidos e há redes nacionais e internacionais para seu estudo.”

Desde o início da crise, na Espanha somente 48 pessoas entre 0 e 19 anos foram internadas em unidades de terapia intensiva por causa de uma infecção oculta por covid-19,de acordo com dados do Ministério da Saúde. Trinta e uma crianças entre 0 e 9 anos e 17 entre 10 e 19 anos. Segundo relatos do ministério, no momento não parece haver um aumento evidente, apenas um acúmulo progressivo de casos.

Os médicos de família do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) receberam uma instrução do Conselho de Diretores Médicos do país pedindo que prestem atenção especial a esses pacientes. "Existe uma preocupação crescente de que esteja surgindo entre as crianças do Reino Unido uma síndrome inflamatória relacionada à covid-19", diz a circular, "ou que haja algum outro patógeno infeccioso, ainda não identificado, associado a esses casos". de acordo com a revista médica especializada Health Service Journal (HSJ).

“Foi detectado tanto em crianças que tinham dado positivo no teste de PCR como naquelas que deram negativo. Havia também traços sorológicos de uma possível infecção prévia por SARS-CoV-2”, especifica a nota que circulou nos consultórios. Isto é relevante porque, de acordo com especialistas consultados por este jornal, na Espanha, Itália, França e Reino Unido surgiram casos de crianças com alteração hemodinâmica após terem passado ou estarem passando por uma infecção por covid-19. Estes quadros não são manifestações diretas da infecção, mas "provavelmente reações do sistema imunológico que provocam uma resposta inflamatória sem que seja o vírus que esteja atacando diretamente o organismo”.

A AEP pediu calma, especialmente entre os pais: “É um quadro muito raro. Graças ao modelo pediátrico espanhol, pelo qual os pediatras da atenção básica são o primeiro contato das crianças com o serviço de saúde, isso nos permite agir logo nos primeiros sintomas", ressalvou. Os agentes infecciosos que causam esses quadros clínicos são diversos e, de qualquer forma, existe um tratamento estabelecido para combatê-los. “Se uma criança tem vômito e diarréia, precisa ser avaliada por um médico, mas não por causa da covid-19, sempre. Este já é um motivo de consulta pediátrica em si. Este alerta era para pediatras. Os pais precisam fazer o mesmo que já vinham fazendo”, disse Fernando Moraga-Llop, pediatra e vice-presidente da Sociedade Espanhola de Vacinação.

Os especialistas insistem em que os sintomas clínicos que a covid-19 causa em crianças são muito leves. "É aconselhável ser alertado pelos médicos, mas a doença ainda é muito leve nas crianças. Geralmente pára na primeira fase, com uma síndrome pseudogripal. Muito poucos casos evoluem para pneumonia e, excepcionalmente, passam a sofrer danos sistêmicos ", conclui Moraga-Llop.

Outros síntomas
Não é a única manifestação do coronavírus que não está relacionada com as típicas de uma pneumonia. A Academia Espanhola de Dermatologia observou há duas semanas que urticária e outras lesões cutâneas ―em crianças, mas também em adultos― podem estar associadas ao vírus, relata Emilio de Benito. E a Sociedade Espanhola de Neurologia alertou em 20 de abril que um em cada três pacientes com covid-19 apresentava problemas neurológicos como convulsões epilépticas, AVCs ou síndrome de confusão.

Todas essas evidências, que mudam à medida que o vírus e seus efeitos se tornam mais conhecidos, já fizeram com que o Centro de Controle de Doenças dos EUA incluísse, por exemplo, a dor muscular, dor de garganta e calafrios entre os sintomas que podem indicar uma infecção por coronavírus.

Sobre o assunto, o British Medical Journal alertou, em um editorial de 17 de abril, que essas manifestações da doença precisam ser levadas em consideração para que os afetados tenham o cuidado de não contagiar outros, algo especialmente importante num momento em que se começava a discutir o fim do confinamento.

Derrotem o coronavírus primeiro e critiquem depois, diz enviado especial da OMS

DUBAI (Reuters) - O enviado especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate à Covid-19 exortou os críticos nesta quarta-feira a se dedicarem primeiro a derrotar o vírus depois que os Estados Unidos suspenderam o financiamento da entidade devido à maneira como esta lida com a pandemia.

Foto: REUTERS/Pierre Albouy

A decisão de terça-feira do presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender o financiamento dos EUA à instituição sediada em Genebra foi repudiada por especialistas em doenças contagiosas, já que o número de mortes continua a crescer.Trump vem hostilizando cada vez mais a OMS e acusou a organização de divulgar a “desinformação” da China sobre o vírus, o que ele disse que provavelmente provocou um surto maior do que aquele que teria ocorrido sem isso.

“Há um ou dois países que parecem bastante preocupados com ações que foram tomadas logo no início da pandemia... dizemos a todos, apelamos a todos, olhem para frente”, disse David Nabarro.“Concentrem-se na luta épica neste momento e deixem as recriminações para mais tarde”, disse Nabarro durante uma conferência virtual, sem citar os EUA ou Trump.

“Se neste decurso decidirem que querem declarar que retirarão fundos ou fazer outros comentários sobre a OMS, lembrem que não se trata só da OMS, trata-se de toda a comunidade de saúde pública que está envolvida neste momento, e toda e qualquer pessoa do mundo é um profissional de saúde pública agora, todos estão assumindo responsabilidades, todos estão se sacrificando, todos estão envolvidos.”

OMS registra 92 casos de transmissão de coronavírus entre humanos fora da China

GENEBRA (Reuters) - Houve 92 casos de disseminação do coronavírus entre humanos em 12 países fora da China, mas a Organização Mundial da Saúde não possui dados para fazer comparações com a China, disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na terça-feira.

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus 11/02/2020 REUTERS/Denis Balibouse

Ele disse que a OMS não tem visto transmissão local sustentada, exceto em casos específicos, como no navio Diamond Princess em quarentena no Japão.

A China relatou um total de 72.528 casos à OMS, incluindo 1.850 mortes, até esta terça-feira, disse Tedros.

Reportagem de Stephanie Nebehay
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