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As notícias do dia | 30 agosto 2024 - Noite

 As notícias do dia | 30 agosto 2024 - Noite

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 Euronews em Português

Zelenskyy apresentará em setembro “plano de vitória” da Ucrânia aos Estados Unidos

O presidente ucraniano afirmou que a contraofensiva militar na região de Kursk, onde existe uma central nuclear, faz parte do plano de vitória da Ucrânia.


Direitos de autor
De Oliveira Guedes, Christina Maria/

Volodymyr Zelenskyy anunciou que a Ucrânia vai apresentar o seu “plano de vitória” aos Estados Unidos em setembro. Pretende partilhá-lo com Kamala Harris e Donald Trump, afirmando que o seu êxito depende do apoio de ambos. 


O líder ucraniano desenhou um plano de vitória em quatro fases: “Uma das áreas onde parte do trabalho foi feito é a região de Kursk. A segunda é o lugar estratégico da Ucrânia na infraestrutura de segurança mundial. A terceira passa por medidas para forçar a Rússia a pôr termo à guerra através de meios diplomáticos. A quarta será a nível económico - não vou falar sobre isso”, afirmou. 


Zelenskyy sublinhou ainda a importância da região de Kursk no plano de vitória, referindo que a incursão surpresa iniciada a 6 de agosto levou à retirada de tropas russas do leste da Ucrânia. 


A Rússia tem manifestado o seu interesse na ocupação total do Donbass ucraniano. Zelenskyy afirma que a incursão de Kursk ajudou a evitar a potencial ocupação das regiões de Kharkiv, Sumy e Chernihiv. 


Risco de incidente nuclear na central russa de Kursk

A incursão da Ucrânia na região russa de Kursk, que faz parte do plano de vitória de Kiev, tornou-se um motivo de preocupação para a agência de controlo nuclear da ONU.  


O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica, Rafael Grossi, partilhou os seus receios sobre os riscos para a central nuclear na cidade de Kurchatov, depois de visitar as instalações na terça-feira. 


Numa reunião com os responsáveis da central nuclear, o chefe da agência das Nações Unidas para o controlo nuclear disse que o seu objetivo era “determinar um caminho a seguir” e “maximizar a cooperação necessária” para “preservar e prevenir qualquer acidente ou qualquer violação dos pilares de segurança e proteção estabelecidos pela AIEA”. 


Grossi sublinhou as potenciais ameaças que os drones podem representar para a central, observando que os recentes desenvolvimentos perto das instalações, decorrentes da incursão da Ucrânia na Rússia, aumentaram essas preocupações. 


“O núcleo do reator que contém material nuclear está protegido apenas por um telhado normal. Isto torna-o extremamente exposto e frágil, por exemplo, ao impacto da artilharia, de um drone ou de um míssil”, afirmou.  


 “Esta guerra não é da responsabilidade da AIEA, o que é da responsabilidade da AIEA [...] é garantir que não ocorre nenhum acidente nuclear”, acrescentou ainda.


 Grossi deslocar-se-á a Kiev na próxima semana para se encontrar com o presidente Volodymyr Zelenskyy. 

Assim é a vida dos russos detidos pelas forças ucranianas


Dezenas de russos terão sido capturados pelas forças ucranianas durante a incursão do país em Kursk. As forças da Ucrânia revelaram o interior de um dos centros de dentenção no país.


 De  Euronews com AP

Publicado a 18/08/2024 - 20:05 GMT+2•Últimas notícias 20:08


Trata-se de um raro olhar sobre o que se passa no interior de um centro de detenção ucraniano. A localização exata permanece secreta por razões de segurança mas algures em território ucraniano, vários prisioneiros russos conhecem a sua nova realidade.


Este local alberga dezenas de prisioneiros de guerra. Um número que aumentou substancialmente desde o início da incursão ucraniana em Kurks.


“Mais de 300 prisioneiros de guerra passaram pela nossa instituição desde 7 de agosto de 2024" explica Vadym, diretor-adjunto do departamento educativo do centro de detenção. Um facto surpreendente é que 80% destes prisioneiros são recrutas, o que esclarece a composição das forças russas envolvidas no conflito.


As cenas observadas mostram estes homens a caminhar pelos corredores com as mãos atrás das costas, guiados por guardas - imagens que evocam a dura realidade da sua situação de prisioneiros em território inimigo.


As forças ucranianas forneceram alguns detalhes sobre as condições e vida destes reclusos. Numa espécie de cozinha é possível ver uma taça com uma sopa rala com alguns legumes, nomeadamente repolho e cenoura - faz parte da alimentação básica recebida.


Além da alimentação, são fornecidas aos prisioneiros condições para dormirem, tal como roupa e outros bens de primeira necessidade.


"Todos os prisioneiros de guerra recebem um local para dormir, colchão, roupa de cama, almofada, cobertor, artigos de primeira necessidade, tais como: colher, prato, copo, pasta e escova de dentes, detergente em pó, sabão. Também lhes fornecemos roupa", explica Vadym, dando conta de outras necessidades, também elas satisfeitas pelos serviços do centro penitenciário. "Todos os prisioneiros de guerra podem passear durante o dia, pelo menos durante uma hora. Uma vez por semana, há sauna", explica.


Para além da alimentação, foi dada atenção às necessidades intelectuais dos prisioneiros. Têm acesso a livros, incluindo obras do famoso escritor russo Mikhail Bulgakov. Este pormenor sugere uma tentativa de manter alguma normalidade e estímulo mental no meio destas circunstâncias, no mínimo, diferentes.


Mais de 150 russos capturados por dia

Desde o início da incursão ucraniana, centenas de russos terão sido capturadas pelas forças da Ucrânia, segundo as informações fornecidas pelo país.


Segundo explicou Oleksii Drozdenko, responsável pela administração militar da região ucraniana de Sumy, ao jornal The Guardian, houve dias em que mais de 150 russos foram capturados.


“Por vezes há mais de 100 ou 150 prisioneiros de guerra num dia”, explicou Drozdenko, sublinhando que a maioria dos militares russos que os ucranianos têm encontrado na fronteira são jovens recrutas que “não querem lutar” contra os ucranianos.


Apesar das informações fornecidas, persiste a incerteza quanto ao número exato de soldados russos capturados pelas tropas ucranianas durante o ataque a Kursk.

126 milhões de euros em apoio militar para a Ucrânia ainda este ano, promete Portugal

Presidente ucraniano teve encontro com Montenegro em São Bento e Marcelo Rebelo de Sousa em Belém. Ajuda portuguesa inclui treino de pilotos para uso de F-16. Portugal apoia adesão da Ucrânia à UE e à NATO. Zelenskyy agradece apoio, considerando Portugal um "sincero amigo e parceiro" da Ucrânia.


A ajuda militar fornecida por Portugal à Ucrânia será de 126 milhões de euros em 2024, anunciou esta terça-feira o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, num encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy no palácio de São Bento em Lisboa.


O avião que transportou Zelenskyy de Bruxelas para Lisboa aterrou em Figo Maduro ao início da tarde. O chefe de Estado ucraniano foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro e várias altas entidades políticas e militares.


"Quando a Rússia lançou a sua brutal invasão, muitos pensaram que a Ucrânia não iria sobreviver mais do que algumas semanas como Estado livre e soberano. A sua presença aqui, as demonstrações de coragem e resistência que o povo ucraniano tem demonstrado ao longo dos anos, são uma clara demonstração da vontade férrea em preservar a liberdade, soberania e a integridade do seu território”, disse Montenegro, já em São Bento.


Portugal e Ucrânia assinaram um acordo bilateral de cooperação e segurança com um horizonte de dez anos. Além do apoio de 126 milhões de euros em 2024, Lisboa fornecerá a Kiev caças F-16, assegurando a manutenção e o treino dos pilotos para o uso das aeronaves.


Apesar de o acordo não ser vinculativo em termos jurídicos, Montenegro garantiu um “compromisso a 100%” quer por parte de Portugal, quer da Ucrânia. 


O chefe do governo português salientou que a diplomacia portuguesa apoia “as aspirações da Ucrânia" na adesão à União Europeia e à NATO, mencionando os “níveis de integração absolutamente fantásticos" da comunidade ucraniana em Portugal, a segunda mais numerosa, só atrás da brasileira.


Zelenskyy vê em Portugal "sincero amigo e parceiro"

Volodymyr Zelenskyy agradeceu o apoio anunciado por Portugal, que considera um "sincero amigo e parceiro" da Ucrânia.

O presidente ucraniano realçou que o acordo de segurança com Portugal é a prova de que a ajuda dos aliados de Kiev vai para além das palavras.

"Todos os acordos sobre segurança mostram que a solidariedade dos nossos aliados não são palavras, são ajudas concretas”, disse Zelenskyy.

“É muito importante que as narrativas russas não sejam adoptadas e por isso não nos podemos cansar da guerra.", acrescentou.

Zelenskyy lembrou ainda a comunidade ucraniana que vive em território nacional.

“Está muito bem integrada”, sublinhou o chefe de Estado ucraniano.


Encontro em Belém

Volodymyr Zelenskyy foi recebido com honras militares por Marcelo Rebelo de Sousa ao final da tarde desta terça-feira no Palácio de Belém, onde terá um jantar oficial, com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e a vice-presidente da Assembleia da República Teresa Morais. No livro de honra do Palácio de Belém, Volodomyr Zelensky escreveu que é “uma grande honra e prazer visitar hoje Portugal"


Frisou que os ucranianos estão "muito agradecidos pela solidariedade de Portugal (...) em tempos de difíceis desafios provocados pela agressão armada da Rússia.”

"Juntos com os nossos amigos, como Portugal, a Ucrânia irá definitivamente ganhar e a paz justa e duradoura será restaurada na nossa casa europeia comum”.

“Desejo a Portugal e ao seu povo amigo paz e prosperidade. Glória à Ucrânia. Viva Portugal”, conclui o líder ucraniano.

Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Rangel vão representar Portugal na conferência da paz na Suíça, a 15 e 16 de junho.

Moscou, padre Caruso: a visita do cardeal Zuppi foi um evento histórico

Padre Caruso: renovada esperança de que a guerra "não tenha a última palavra".



No dia seguinte à viagem de dois dias do enviado do Papa Francisco à Rússia, o capelão da comunidade católica italiana e missionário há 25 anos no país, expressa renovada esperança de que a guerra "não tenha a última palavra". Ele compartilha a experiência de ter concelebrado a liturgia solene na Catedral de Moscou com dom Zuppi, confirmando a necessidade de se concentrar na unidade entre as Igrejas, que é o fundamento da paz.



Antonella Palermo – Vatican News

Após a missão de dois dias em Moscou do cardeal Matteo Zuppi, enviado do Papa, a comunidade católica local se agarra ainda mais à esperança. O missionário italiano padre Giampiero Caruso, capelão da comunidade italiana em Moscou, onde vive há onze anos, depois de passar quatorze deles na Sibéria, fala de um "evento histórico".
A missão do enviado do Papa dará frutos inesperados


"Minha impressão pessoal é que este é definitivamente um evento histórico", comentou ao Vatican News. "O próprio fato da presença de Sua eminência Zuppi aqui em Moscou é, na minha opinião, um fato do qual somente no futuro seremos capazes de entender o alcance real. Há fatores políticos e históricos que devem ser considerados e julgados, certamente, mas não devemos nos esquecer de que há um fator que está além de tudo isso e que escapa a qualquer análise humana: a certeza de que é Cristo quem conduz a história. Portanto, tenho certeza de que ela dará frutos, imprevisíveis e imprevistos".




Missa com Zuppi: unidade entre as Igrejas, fundamento da paz
Padre Caruso participou, junto com os bispos da Conferência dos Bispos Católicos da Rússia e um grande grupo de sacerdotes, e na presença de embaixadores e representantes do Ministério das Relações Exteriores, da Santa Missa celebrada em 29 de junho na Catedral de Moscou. Uma liturgia solene e "imponente", conta ele, especificando que "não foi casual a coincidência com a solenidade dos Santos Pedro e Paulo". Recorda quanto "o coro estava maravilhoso", tanto que "o cardeal no final agradeceu, dizendo que não tinha nada a invejar ao coro da Capela Sistina". As palavras de sua homilia foram muito significativas para o contexto histórico em que estamos vivendo. Ele enfatizou a unidade como a base entre as Igrejas para que a paz possa acontecer".
"Vivemos com medo"


Que os cristãos estejam juntos por uma paz justa e estável na Ucrânia é precisamente o desejo que o Papa Francisco expressou novamente neste dia 30 de junho, quando recebeu a delegação ecumênica do Patriarcado de Constantinopla no Vaticano. Até que ponto a unidade cristã realmente afeta a resolução do conflito? "Acredito que ela afeta não apenas o conflito, mas o cumprimento da história tout court", aponta padre Giampiero, referindo-se ao clima de suspensão vivido pelos fiéis neste momento, após a tentativa de golpe no país. "Nós, da capelania italiana, estávamos em peregrinação em Vladimir naqueles dias (cerca de duzentos quilômetros a nordeste de Moscou, ndr), no sábado, quando aconteceu, e estávamos logicamente preocupados, tanto que decidimos retornar a Moscou prontamente porque as notícias não eram totalmente claras e para evitar não poder voltar", conta ele. Então vivemos com medo e temor".



Que cada crente se pergunte: o que posso fazer pela paz?


É necessária uma paz criativa, disse dom Paolo Pezzi, arcebispo de Moscou. Falar de paz criativa "significa que cada crente deve se perguntar em consciência o que pode fazer pessoalmente para que haja paz, mesmo que não viva em um contexto tão próximo ao nosso", explicou o padre italiano. Ele insiste nesse aspecto que realmente deve unir as intenções em diferentes latitudes. "Acredito que é responsabilidade de qualquer crente entender na vida cotidiana como se pode levar a paz de que o mundo inteiro precisa e alguns de maneira mais precisa."




A última palavra não é a guerra, mas a vitória de Cristo ressuscitado
Padre Caruso, com um tom amargo, diz que muitos italianos voltaram para casa ou que as empresas internacionais para as quais trabalham pediram que eles fossem para outros lugares. "Trabalho como professor de religião na escola Italo Calvino. Muitas famílias italianas foram embora e, como dizer, é uma característica da comunidade italiana em Moscou, essa reciclagem contínua, mas agora, neste último período, não há retorno. As pessoas estão indo... mas não há famílias chegando". E conclui sobre o movimento de esperança que deve continuar a animar os corações: "O que eu continuo dizendo às pessoas a quem sou confiado é que a esperança é a certeza de algo que já aconteceu. O Senhor da história é Cristo, como eu disse, o Cristo ressuscitado. E o fato de ele ter ressuscitado não significa simplesmente que ele voltou à vida, mas que ele realmente mudou o curso da história, e não devemos nos esquecer disso: mesmo que com dor essas coisas ainda aconteçam, elas não são a última palavra. A última palavra é certamente a vitória de Cristo, sua ressurreição".

Ofensiva russa na Ucrânia provoca a morte de pelo menos seis civis nas últimas 24 horas

Forças ucranianas destruíram um depósito de munições "muito significativo" na cidade portuária de Henichesk, atualmente ocupada pela Rússia, em Kherson.

 © EuroNews

Na Ucrânia, os ataques com mísseis e bombardeamentos russos mataram pelo menos seis pessoas nas últimas 24 horas.


A informação foi avançada pelas autoridades do país.


Em Kharkiv, no leste, quatro pessoas morreram quando um míssil antitanque russo atingiu um carro civil, disse o governador Oleh Synyehubov.




Em Kherson, a sul, duas pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas na sequência dos bombardeamentos russos.


O governador da região diz que as forças russas atacaram bairros residenciais, um centro comercial e edifícios educativos.


Já as forças ucranianas destruíram um depósito de munições "muito significativo" na cidade portuária de Henichesk, atualmente ocupada pela Rússia, em Kherson.


Enquanto isso, o número de mortos no rescaldo da destruição da barragem de Kakhovka aumentou para 16 no território controlado pela Ucrânia. As autoridades russas disseram que 29 pessoas morreram nos territórios controlados por Moscovo.

Lula recebe chanceler russo e discute sobre proposta de paz na Ucrânia

Brasil quer reunir países dispostos a conversar sobre o fim da guerra

Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

@Agência Brasil 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (17), no Palácio da Alvorada, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que cumpre agenda oficial em Brasília. O encontro foi reservado. Segundo o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, foi uma visita de cortesia. Após o encontro, Vieira falou a jornalistas na entrada da residência oficial e comentou sobre a disposição do governo brasileiro em ajudar a dialogar sobre o fim da guerra na Ucrânia.


"A conversa, tanto comigo como com o presidente, não entramos em questão de guerra. Entramos em questões de paz. O Brasil quer promover a paz, está pronto para arregimentar ou se unir a um grupo de países que estejam dispostos a conversar sobre a paz. Essa foi a conversa que nós tivemos", afirmou. O ministro evitou comentar críticas de países ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, sobre a posição brasileira em relação ao conflito. "O Brasil e a Rússia completam, este ano, 195 anos de relação diplomática, com embaixadores residentes", destacou.


Mauro Vieira também relatou que Lula recebeu, das mãos de Lavrov, uma carta enviada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em que o convida para visitar a Rússia, em junho, para um fórum econômico em São Petesburgo. "O convite está sendo examinado", disse o chanceler.


Ainda este ano, os governos de Brasil e Rússia devem se reunir novamente por meio da comissão de alto nível dos dois países, que são presididas pelo vice-presidente brasileiro e o primeiro-ministro russo.


"Identificamos uma quantidade bem grande de interesses comuns, em ciência e tecnologia, cultural e pesquisa espacial", destacou Vieira.


Visita oficial

Mais cedo, no Palácio do Itamaraty, Lavrov agradeceu o empenho do Brasil para negociar o fim da guerra na Ucrânia e disse que o governo russo está interessado em solucionar o conflito o mais rapidamente possível. Lavrov fez a declaração após se reunir com o ministro das Relações Exteriores do Brasil.


Desde o início do governo, Lula tem defendido a criação de um grupo de países neutros para negociar uma saída pacífica entre Rússia e Ucrânia. A guerra já dura mais de um ano, desde que as forças russas invadiram o território ucraniano, em meio a conflitos regionais e à atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em países próximos à fronteira com a Rússia.


“Reiterei nossa posição em favor de um cessar-fogo imediato, do respeito ao direito humanitário e de solução negociada com vistas a uma paz duradoura e que contemple as preocupações de ambos os lados”, disse o chanceler brasileiro em declaração à imprensa após o encontro.


Em viagem à China na semana passada, o presidente Lula disse que, com “boa vontade” mútua, seria possível convencer os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que a paz interessa a todo o planeta.


O presidente brasileiro pediu paciência para convencer os países que estão fornecendo armas à Ucrânia, dizendo que os Estados Unidos devem parar de “incentivar a guerra” e sugerindo que a União Europeia e os demais países comecem a falar em paz.


Sanções

O conflito tem impactado o comércio global, com as sanções impostas à Rússia pelos Estados Unidos, Japão e países europeus. Além disso, Rússia e Ucrânia são grandes produtores agrícolas, e a guerra está causando aumento nos preços dos alimentos em todo o mundo. A Europa também está sendo fortemente impactada pela falta do fornecimento de gás natural da Rússia.


Nesta segunda-feira, Mauro Vieira reiterou a posição brasileira contrária à aplicação de sanções unilaterais. “Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tem impacto negativo a todo o mundo, em especial aos países em desenvolvimento, muitos dos quais ainda não se recuperaram plenamente da pandemia”, disse.


Para o Brasil, a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes, insumo essencial para o agronegócio brasileiro. No ano passado, o presidente russo garantiu o fornecimento ininterrupto de fertilizantes para o país. Hoje, os chanceleres conversaram sobre medidas para garantir o fluxo desse insumo.


Brasil e Rússia também atingiram quase US$ 10 bilhões em comércio bilateral este ano. "Era o volume que tinha sido estabelecido como meta, há cerca de 12 anos, quando foi criada a comissão de alto nível [entre os dois países]", afirmou Mauro Vieira.



Chanceler russo Sergei Lavrov visita o Brasil; Ricardo Caldas comenta

Os adolescentes que desafiaram Stalin e sobreviveram para contar a história

Milhões foram perseguidos durante os tempos em que Stalin liderou a União Soviética. 

Quando o líder soviético Joseph Stalin morreu em 5 de março de 1953, parecia que toda a União Soviética havia mergulhado em luto. Mas por trás dessa imagem de pesar, havia sentimentos variados em relação ao líder sob o qual milhões de pessoas morreram por causa de fome ou perseguição. E outros milhões caíram na pobreza.


Houve um episódio em que a autoridade de Stalin foi contestada por três adolescentes.


Durante as quase três décadas que esteve no poder, Stalin procurou projetar uma autoridade inquestionável, reprimindo com brutalidade as vozes dissidentes.


No entanto, houve protestos na União Soviética. Eles não eram frequentes ou em grande escala, mas indicavam que muitos discordavam do regime totalitário.

Joseph Stalin não era tão incontestável na União Soviética quanto parecia na época. CORBIS VIA GETTY IMAGES


Um desses episódios de contestação ocorreu em Chelyabinsk, uma cidade industrial nos Urais, uma região montanhosa que separa as partes europeia e asiática da Rússia. A cidade abrigava uma fábrica de construção de tratores.


Um dia, na primavera de 1946, três adolescentes começaram a espalhar panfletos no centro da cidade. Os residentes locais na fila para comprar comida os observavam com cansaço.


Os meninos não tinham cola, então usaram pão embebido em água para colar folhas de papel, arrancadas de seus cadernos escolares, em paredes e postes.


"Pessoas famintas, insurjam-se e lutem!", dizia um dos panfletos rabiscado a mão por um aluno.


Uma mulher na fila leu o panfleto. "Uma pessoa inteligente escreveu isso", comentou ela.


Os jovens eram Alexander (conhecido como Shura) Polyakov, Mikhail (Misha) Ulman e Yevgeny (Genya) Gershovich. Eles tinham 13 anos na época. Shura Polyakov era o líder do grupo.


Sua família era originária de Kharkiv, na Ucrânia, e ele foi levado para os Urais com sua mãe, avó, irmã e tia. Sua família de cinco pessoas dividia um quarto. A cidade tinha dificuldades para acomodar refugiados de guerra.


O pai de Shura havia sido morto na guerra. Sua mãe agora sustentava a família, trabalhando como advogada.

Alexander - ou Shura - Polyakov, quando adulto.  ARQUIVO DA FAMÍLIA POLYAKOV


Genya Gershovich também estava crescendo sem a presença do pai, mas por um motivo diferente. Ele nasceu em Leningrado e, em 1934, seu pai foi preso, falsamente acusado de pertencer a uma rede clandestina que planejava derrubar o governo.


Ele morreu sem deixar vestígios.


Para manter seus dois filhos seguros, a mãe de Genya mudou-se para Chelyabinsk. Apesar de seu marido ser considerado "um inimigo do povo", ela conseguiu um emprego como professora do ensino médio.

Yevgeny, também conhecido como Genya, quando adulto. ARQUIVO DA FAMÍLIA GERSHOVICH


O pai de Genya havia sido executado antes da guerra, mas a família ficou sabendo de sua morte muito depois.


Mikhail (ou Misha) Ulman — assim como Genya — também era de Leningrado. Mas sua família permanecia unida. Seus pais se mudaram para Chelyabinsk no início da guerra para trabalhar na fábrica de tratores, que na época fabricava tanques de guerra em vez de equipamentos agrícolas.


Em Chelyabinsk, a família de Misha vivia em um pequeno quarto e era obrigada a dividir o espaço com um estranho. A sala era dividida por um varal com um lençol pendurado.

Mikhail (Misha) Ulman, quando adulto. ARQUIVO DA FAMÍLIA ULMAN


Os três meninos frequentaram a mesma escola. Ulman e Gershovich chegaram a ser colegas de mesa na sala de aula.


Mesmo com apenas 13 anos, os meninos já liam as obras de Marx, Lenin e Stalin como parte do currículo escolar. Eles aprenderam com esses livros que aceitar injustiças era errado.


Eles também estudaram cuidadosamente a letra da Internacional, um hino do movimento operário escrito na década de 1870 por um revolucionário francês, que era entoado por todos que lutavam contra a injustiça social.


A música serviu como o hino nacional soviético entre 1922 e 1944. Os meninos não podiam acreditar que a letra — que convocava as massas a se levantarem contra a desigualdade social — não fosse proibida na União Soviética.


Os meninos e suas famílias enfrentaram graves dificuldades econômicas, vivendo à beira da fome com as rações alimentares do pós-guerra.


Havia uma piada popular na União Soviética sobre a época em que os líderes dos EUA, Reino Unido e União Soviética — reunidos na Conferência de Yalta em fevereiro de 1945 perto do fim da guerra — discutiam qual método deveria ser usado para executar Hitler.


Segundo a piada, Winston Churchill sugere o enforcamento. Franklin Roosevelt sugere a cadeira elétrica. E Stalin diz que a maneira mais eficaz seria alimentar Hitler com rações de comida soviética. Os outros dois concordam que esse seria o castigo mais cruel.


Mas nem todos na União Soviética eram obrigados a sobreviver com rações escassas. Os três meninos tinham um colega de classe cujo pai era diretor da fábrica local.


O estilo de vida do colega era completamente diferente do deles: ele era levado para a escola por um motorista, recebia comida muito mais saborosa em sua lancheira e, em sua festa de aniversário, os meninos puderam provar água com gás e assistir a filmes de Charlie Chaplin, projetados em uma parede.


Desnecessário dizer que a família do diretor não morava em um quarto compartilhado com um estranho, mas desfrutava de acomodações espaçosas e confortáveis. Tudo isso parecia algo saído de um conto de fadas.


As condições de vida dos trabalhadores da fábrica de Chelyabinsk eram difíceis mesmo antes da guerra — muitos viviam em porões e abrigos. Com o início da guerra, Chelyabinsk enfrentou uma invasão de refugiados das regiões ocidentais da Rússia, o que piorou as condições de vida de todos.


Em dezembro de 1943, a direção da fábrica descobriu que até 300 trabalhadores dormiam no chão de fábrica, pois não tinham para onde ir. Alguns disseram que não tinham roupas de inverno; outros, nenhum calçado. Eles não podiam deixar a fábrica.


Embora as pessoas estivessem preparadas para aguentar as adversidades da guerra, assim que o conflito terminou, a paciência se esgotou. Embora felizes com a derrota da Alemanha nazista, muitos em Chelyabinsk estavam cansados da constante humilhação de viver na miséria.

Logo após a guerra, um parque foi aberto perto da fábrica de tratores de Chelyabinsk, mas as condições de vida ainda eram duras. ARQUIVO DE CHELYABINSK


Os três meninos ouviam os adultos reclamarem de acomodações úmidas no porão, vazamentos nos telhados, sopa feita de urtigas, falta de sabão por quatro anos e muitos outros problemas. Eles viviam em pobreza extrema e sentiam que tinham muito pouco a perder.


Eles estavam cada vez mais irritados com a injustiça que observavam diariamente em contraste com a propaganda soviética.

Conferência regional do Partido Comunista de Chelyabinsk no final da década de 1940. ARQUIVO DE CHELYABINSK


Um dia, em abril de 1946, os meninos arrancaram uma página de um caderno escolar e escreveram: "Camaradas, trabalhadores, olhem ao seu redor! O governo vinha atribuindo seus problemas à guerra. Mas a guerra acabou. Suas condições melhoraram? Não! O que o governo deu a vocês? Nada! Seus filhos estão com fome, mas vocês estão tendo que ouvir histórias sobre uma infância feliz. Camaradas, olhem ao redor e percebam o que realmente está acontecendo!"


No começo, os meninos distribuíam e colavam seus panfletos apenas à noite, mas em poucos dias eles se tornaram mais ousados e pararam de se preocupar com as consequências. Eles até conseguiram alguns de seus colegas de classe para ajudar.


Os temidos agentes da NKVD — que posteriormente se tornaria a KGB e hoje se chama FSB — rapidamente souberam da situação e logo descobriram que os panfletos antigovernamentais eram feitos por crianças em idade escolar.


As escolas fizeram checagens na caligrafia de cada aluno para identificar os culpados. As crianças em Chelyabinsk foram obrigadas a escrever palavras como "camarada" e "infância feliz".

O prédio onde os Serviços de Segurança de Chelyabinsk estavam sediados na década de 1940. V. S. KOLPAKOV


Yevgeny Gershovich foi o primeiro a ser preso. Depois foi Alexander Polyakov, E no final de maio de 1946, Mikhail Ulman. Suas famílias ficaram consternadas e apavoradas.


Os meninos enfrentaram questionamentos implacáveis por parte dos serviços de segurança, que tentaram condená-los por simpatia ao nazismo. Os adolescentes ficaram indignados: como marxistas devotos também podem ser nazistas?


Gershovich e Polyakov foram julgados em agosto de 1946 e considerados culpados de espalhar propaganda antissoviética. Eles foram condenados a três anos de prisão juvenil.


Quando já eram adultos, eles se lembraram daquela época horrenda, cheia de espancamentos e perseguições por parte de outros jovens internos que estavam presos por crimes.


Ulman teve sorte — como não tinha completado 14 anos na época da prisão, escapou completamente da punição. Seus pais voltaram para Leningrado rapidamente para ficar longe dos Serviços de Segurança de Chelyabinsk.


Gershovich e Polyakov também escaparam com relativa facilidade, pois foram soltos no final de 1946, com suspensão de suas penas.


Talvez a pouca idade dos meninos os tenha ajudado a escapar de consequências muito mais duras.


Mas também é possível que os serviços de segurança e os juízes tenham ficado surpresos com a seriedade dos jovens rebeldes que, apesar de viverem em um dos regimes mais totalitários da história, acreditaram que poderiam protestar contra a injustiça social e obrigar o governo a melhorar a vida dos trabalhadores.


Já adultos, tanto Ulman quanto Polyakov emigraram para Israel, onde este ainda mora com sua esposa. Foi onde a BBC conseguiu falar com ele.

Mikhail Ulman, já idoso. ARQUIVO DA FAMÍLIA ULMAN


Depois de adulto, Ulman mudou-se para a Austrália, onde morreu em 2021.

Yevgeny Gershovich. ARQUIVO DA FAMÍLIA GERSHOVICH


Yevgeny Gershovich foi preso novamente no final dos anos 1940, logo depois de ser expulso da universidade, acusado de ter tendências antissoviéticas.


Ele foi condenado a dez anos de prisão, mas foi libertado logo após a morte de Stalin, junto com milhões de outras vítimas da repressão. Ele morreu na década de 2010.


- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz7rk5136j4o

Batalha pelo Donbass é "dolorosa e difícil", diz Volodymyr Zelensky enquanto Exército luta em Bakhmout


O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (5) que seu Exército está travando uma batalha "dolorosa e difícil" contra as forças russas na região do Donbass, no leste do país, onde está localizada Bakhmout, disputada pela Rússia há meses. A cidade ainda resiste, mas o cerco está apertando. A RFI conversou com civis em Chassiv Yar, um vilarejo cheio de artilharia ucraniana, a 15 quilômetros do front e que pode cair logo após Bakhmout.


Com informações do enviado especial em Tchassiv Yar, Vincent Souriau

Neste domingo, o presidente ucraniano saudou a bravura de seus homens. “Gostaria de prestar uma homenagem especial à bravura, força e resiliência dos soldados que lutam no Donbass", disse Zelensky em seu comunicado diário.


As tropas russas continuam tentando cercar a cidade simbólica de Bakhmout, o epicentro da guerra no leste da Ucrânia, informou o Exército ucraniano neste domingo, garantindo ter repelido novos ataques. No seu relatório diário, o Estado-Maior ucraniano afirma que "mais de 130 ataques inimigos" foram repelidos nas últimas 24 horas, em vários setores do front, como Kupyansk, Lyman, Bakhmout e Avdiïvka. "O inimigo continua suas tentativas de cercar a cidade de Bakhmout", diz o relato, sem maiores detalhes.


Enquanto isso em Chassiv Yar, não muito longe do front, Alina não quer nem pensar sobre a possível chegada dos russos em seu bairro. “Entre, entre!” convida ela, com um grande sorriso, fumando um cigarro na frente de sua mercearia, como se nada estivesse acontecendo. “Afinal, por que eu deveria me importar? Os soldados estão lá, por que eu não continuaria vivendo normalmente? Sim, sim, sou um pouco maluca”, admite. “Mas cada um ajuda como pode. Eu, me assusto com as armas, mas fico aqui e vendo pão e salsicha”, diz.



“Eles não vão chegar tão longe! O Exército vai pará-los”, acredita. Alina quer manter o ânimo, mas há 15 dias a cidade está sem eletricidade, não há mais aquecimento, água encanada e os hospitais não conseguem acomodar todos os feridos. "Mas não se preocupe! Temos um kit de primeiros socorros. Eu faço o que você quiser: médico, enfermeiro, técnico. Sim, sim, vamos colocar um curativo, vamos desinfetar e pronto”, diz Alina, rindo.


O cerco se fecha em Bakhmout

Nas últimas semanas, as forças russas avançaram ao norte e ao sul de Bakhmut, cortando três das quatro rotas de abastecimento ucranianas e tornando a posição dos defensores cada vez mais precária.


O Exército separatista pró-Rússia de Donetsk, que dá apoio às forças russas, publicou um vídeo com o objetivo de mostrar combatentes do grupo paramilitar russo Wagner no subúrbio norte de Bakhmout, alegando que a pequena estação ferroviária de Stoupky, havia sido conquistada.


Na sexta-feira, o grupo paramilitar Wagner garantiu que havia "cercado virtualmente" a cidade.


Aldeias ao norte e oeste de Bakhmout foram atacadas, confirmou Serhii Tcherevatyi, porta-voz do Grupo Oriental das Forças Armadas Ucranianas, à CNN, no sábado. Ele disse que embora a situação em Bakhmout seja "difícil", ela permanece "sob controle".


"Os russos poderiam tentar cercar as forças ucranianas em Bakhmout, mas o comando ucraniano deu o sinal de que preferia a retirada a arriscar um cerco", estimou, também no sábado, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um grupo de especialistas americanos.


A batalha por Bakhmout, uma cidade industrial cuja importância estratégica é contestada, já dura desde o verão. A cidade se tornou um símbolo porque está no centro da luta entre russos e ucranianos por meses.

(Com informações da RFI e da AFP)

Assembleia Geral da ONU aprova nova resolução pelo fim da guerra

Conflito completará um ano nesta sexta-feira

© Loey Felipe


Da Agência Brasil 

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje (23) uma nova resolução pedindo o fim da guerra na Ucrânia. O texto foi aprovado por 141 votos. Outros 32 países votaram contra a resolução e sete se abstiveram. O Brasil foi o único país dos Brics (bloco econômico composto também por Rússia, China, Índia e África do Sul) a votar favorável. A aprovação ocorreu na véspera do conflito completar um ano.


A resolução, como um todo, pede o fim da guerra, o respeito à soberania ucraniana, à integridade física de civis e às convenções internacionais relativas ao tratamento de prisioneiros de guerra. O texto também conclama às duas partes e à comunidade internacional que busquem formas de mediar a paz, além de ressaltar que o fim da guerra fortaleceria a harmonia e segurança internacionais.


O documento ainda aponta os efeitos da guerra na segurança alimentar, energética e nuclear, pedindo uma solução imediata em conformidade com os princípios previstos na Carta da ONU, o tratado que estabeleceu as Nações Unidas. Além disso, enfatizou a necessidade dos responsáveis por crimes de guerra enfrentarem processos internacionais.


Antes da votação da resolução, na abertura da sessão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou os efeitos da guerra. Ele afirmou que 40% dos ucranianos precisam de ajuda humanitária e que a disputa já deixou 8 mil mortos. O documento não tem força legal, apenas um peso político.


A Rússia fez críticas à postura dos países ocidentais. Para os russos, a crise está sendo estimulada pelo ocidente que, na visão deles, tem conduzido uma “guerra híbrida” que desencadeou em uma crise alimentar. Na visão de Moscou, a resolução aprovada não ajudará a encerrar o conflito. Existe, segundo eles, uma “russofobia” crescente. A Rússia alega ainda que as sanções impostas ao país atingem mais duramente os países em desenvolvimento.



Brasil

O Brasil tem procurado mostrar um posicionamento equilibrado diante do tema e evita tomar decisões que coloquem o país na guerra. A posição do governo brasileiro, por exemplo, é de não enviar munição para tanques do exército ucraniano. Na avaliação do presidente Lula, a medida seria entendida como uma participação do Brasil na guerra.


O Brasil chegou a sugerir à ONU a inclusão de um parágrafo que pede o fim das hostilidades entre os dois países. O ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira, considerou essa postura importante no cenário internacional.


A postura do Brasil está sendo bem vista pela Rússia, que vê o parceiro de Brics como um mediador em potencial. Para Moscou, a postura do Brasil é digna de respeito, por resistir aos apelos dos Estados Unidos para apoiar diretamente o exército ucraniano.

UCRÂNIA "Ucrânia fez progressos que ninguém esperava"




@EURONEWS

No dia 9 de fevereiro, pela primeira vez, o presidente ucraniano apareceu numa fotografia da "família europeia". Uma fotografia simbólica, que representa o início de um longo caminho ainda com muitos obstáculos. Os analistas sublinham os avanços dos últimos meses.


Benjamin Couteau, investigador do Instituto Jacques Delors, lembra que "quando a candidatura foi oficialmente reconhecida em junho passado, foram pedidas sete reformas prioritárias a implementar". Hoje, diz Couteau, "a Ucrânia não implementou tudo o que lhe foi pedido, mas encontra-se numa fase muito avançada".


A adoção de uma lei sobre os media e a vasta operação anticorrupção demonstraram a determinação do presidente ucraniano perante os líderes europeus.


Alberto Alemanno, especialista em direito da União Europeia, destaca "a aceleração política e a forte vontade por parte do Presidente Zelenskyy e do seu governo de cooperar com toda uma série de peritos internacionais que estão a promover de uma forma sem precedentes a adesão de um Estado candidato à União Europeia".


O próximo passo importante é a luz verde dos 27 para a abertura das negociações. Mas enquanto a guerra durar, muitas incertezas persistem.


Benjamin Couteau sublinha que "este processo depende, em grande parte, do resultado do conflito e que a única coisa de que podemos ter a certeza é a determinação dos ucranianos em ir o mais rapidamente possível e o mais longe possível neste processo de adesão".



Canadá envia primeiro tanque Leopard 2 para a Ucrânia

 Avião da Força Aérea canadiana saiu de Halifax   -   Direitos de autor  screenshot - EV


De  Euronews

Com uma mega operação de logística em curso, o Ocidente começou a enviar armas e material militar para a Ucrânia.


Do Canadá saiu, este sábado, um avião da Força Aérea com o primeiro tanque Leopard 2 a bordo.


O aparelho "descolou de Halifax", confirmou a ministra canadiana da Defesa, Anita Anand, através da rede social Twitter.



"O Canadá está solidário com a Ucrânia e continuaremos a fornecer às Forças Armadas ucranianas o equipamento de que precisam para vencer", acrescentou a ministra.



Os EUA, por outro lado, prometeram o envio de mísseis guiados e de defesas antiaéreas, enquanto França e Itália enviarão, na primavera, o sistema de defesa antiaérea de longo alcance SAMP/T - MAMBA.


Na madrugada deste sábado, o primeiro-ministro português, António Costa, também confirmou que Portugal vai ceder às Forças Armadas ucranianas tanques Leopard 2, acrescentando que está em curso uma operação logística com a Alemanha para recuperar alguns carros de combate.


"Estamos neste momento a trabalhar para podermos ter condições de dispensar alguns dos nossos tanques. Sei quantos tanques serão [enviados para a Ucrânia], mas isso será anunciado no momento próprio", disse o líder do executivo à agência Lusa no final de uma visita que efetuou à missão militar portuguesa na República Centro Africana.


Acrescentou que "o movimento que está em curso na Europa é no sentido de poder ter o conjunto desses meios disponibilizados até ao final de março."


EUA: "luz verde" para uso de dinheiro russo apreendido

Entretanto, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, anunciou a autorização o uso de fundos e ativos russos confiscados para ajudar a Ucrânia.


O anúncio foi feito durante um encontro com o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, em Washington.


De acordo com Garlando dinheiro vem de ativos apreendidos ao oligarca russo Konstantin Malofeyev, que foi indiciado em abril por não cumprir sanções.


Já Andriy Kostin diz que este passo permitirá o uso dos 5,4 milhões de dólares dos bens confiscados para "reconstruir a Ucrânia."


No terreno, a guerra continua com avanços de ambos os lados do conflito no leste da Ucrânia, com fogo de artilharia em Donetsk e Lugansk.


Kiev suspeita que a Rússia está a preparar uma ofensiva de larga escala que pode atingir a capital.


Para asfixiar a capacidade de a Rússia financiar a guerra entra, este domingo, em vigor um acordo dos 27 Estados-membros da União Europeia para fixar limites aos preços dos produtos petrolíferos russos.

O alto funcionário militar da OTAN apela aos países da OTAN para que passem para uma «economia de guerra»


Presidente do Comité Militar da OTAN, Almirante Rob Bauer - ANDREW VAUGHAN / ZUMA PRESS /CONTACTOPHOTO 


© Fornecido por News 360

O presidente do Comité Militar da OTAN, o Almirante holandês Rob Bauer, argumentou que os Estados membros da OTAN precisam de mudar para uma "economia de guerra" para satisfazer as necessidades da Ucrânia face à invasão russa.


"Precisamos de aumentar a produção da indústria de defesa e já se fala cada vez mais sobre isto a nível nacional. Isto poderia significar dar prioridade a certas matérias-primas, certas capacidades de produção necessárias para a indústria de defesa em vez da civil. Estas prioridades devem ser discutidas, parcialmente, sobre uma economia de guerra em tempo de paz", disse Bauer numa entrevista com a estação de televisão portuguesa RTP no sábado.


Bauer disse que no último quarto de século a economia global tem funcionado com base no princípio do "de vez em quando", mas as perdas materiais e técnicas significativas da guerra revelaram a fraqueza desta abordagem."Ambos os lados gastam muitas munições e material destrutivo: tanques e aviões. Ambos os lados precisam de comprar muita matéria-prima e munições para continuar a lutar. O problema para ambos é que a indústria da defesa no Ocidente e na Rússia precisa de aumentar a sua produção", argumentou ele. As reservas em arsenais "normalmente não são necessárias, mas assim que são necessárias, é uma loucura", disse ele.


Para conseguir esta transição será necessária uma mudança na mentalidade da população, que ele descreveu como "difícil". "Temos de garantir que os russos não ganham a guerra na Ucrânia. Se o fizerem, teremos um problema muito maior em termos de dinheiro e de defesa: os russos estarão nas nossas fronteiras", advertiu ele.


Bauer apontou o rearmamento como uma das principais prioridades da Aliança, que ele reconheceu ter perdido o seu monopólio de iniciativa militar. Entretanto, Moscovo mantém objectivos estratégicos que vão para além da Ucrânia e procura recuperar a dimensão da antiga União Soviética, salientou.


Fonte: (EUROPA PRESS)

Biden deve enfrentar mais resistência em 2023 para enviar ajuda à Ucrânia

Wolodymyr Zelensky presenteia a líder democrata Nancy Pelosi com uma bandeira da Ucrânia, no Congresso dos EUA (21/12/22). REUTERS - JONATHAN ERNST

A Casa Branca deve encontrar resistência entre os republicanos alinhados à visão nacionalista da América para a aprovação de pacote de ajuda à Ucrânia que está em análise no Congresso dos Estados Unidos.


Leandra Felipe, correspondente da RFI nos EUA

Na noite dessa quarta-feira (21), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez um discurso no Congresso americano finalizando a visita anunciada de última hora a Washington para acertar detalhes de uma ajuda financeira e assistência ao país que há 10 meses está em guerra contra a Rússia. Foi a primeira viagem do presidente da Ucrânia ao exterior.


Com a pressão da inflação e ameaça de recessão, a ajuda financeira para a Ucrânia pode ser um desafio para o presidente Joe Biden. Isso porque caberá ao Congresso aprovar o pacote adicional de US$ 45 bilhões que a Casa Branca pretende enviar aos ucranianos.


Vai ser difícil juntar os votos com a nova configuração das duas casas legislativas. Após as eleições de meio de mandato em novembro, os republicanos têm uma pequena vantagem na Câmara dos deputados e Biden manteve uma apertada maioria no Senado.E se numericamente a vantagem é quase um empate nas duas casas, a ajuda a um país estrangeiro vai ser ainda mais criticada pelos republicanos, sobretudo porque o próximo ano será de muita pressão da oposição - vai ser o terceiro ano do mandato democrata e com republicanos já de olho nas eleições presidenciais de 2024.


Cenário mudou

Até agora, o governo Biden enviou quase US$67 bilhões em assistência econômica e militar à Ucrânia. Parte desse montante, foi um pacote de U$40 bilhões aprovado em maio, com 358 votos a favor, e somente 57 contrários na Câmara. No Senado, na época, só 11 senadores votaram contra o projeto para aprovação final.


Por outro lado, agora politicamente, os republicanos, a imprensa contrária a Biden e parte da população se mostram cada vez mais críticos com relação a essa ajuda, tanto pelos problemas na economia, quanto devido a problemas como a crise de imigração e humanitária na fronteira do México e Estados Unidos, sobretudo no Texas.


Em uma pesquisa realizada em novembro, pouco mais da metade dos eleitores republicanos apoiaram a ajuda à Ucrânia - muito abaixo dos 80% que expressavam apoio em março, logo após o início da guerra.


Caridade e moletom

Para a Ucrânia, a visita surpresa de Volodymyr Zelensky valeu a pena. Os EUA anunciaram que vão fornecer quase US$2 bilhões adicionais em assistência militar, o que inclui a transferência de um sistema de defesa aérea chamado Patriot, considerado extremamente eficaz e de alto custo, além de tanques de guerra, artilharia e mísseis.


Quanto ao discurso na noite da quarta-feira, Zelensky dirigiu-se ao Congresso e à população em inglês. Ele disse que a ajuda não deve ser vista como caridade, mas como um investimento do governo norte-americano na democracia mundial.


Essa afirmação do presidente ucraniano também foi criticada. A imprensa alinhada aos republicanos condenou até mesmo o moletom verde usado por Zelensky, ao dizer que ele deveria ter se apresentado mais formalmente no Capitólio, e se de fato não se trata de caridade.


No Twitter, o deputado republicano Andy Biggs escreveu: “Chega de cheques em branco para a Ucrânia". Biggs é um dos líderes emergentes dentro da ala mais nacionalista alinhada a Donald Trump.


Mas por outro lado, ao longo do dia, democratas alinhados a Biden fizeram de tudo para apoiar a visita. A atual líder democrata da Câmara, Nancy Pelosi, fez de tudo para levar senadores e deputados ao Congresso, em uma semana próxima ao Natal e em um dia de nevasca em boa parte do centro-leste do país.


Na Casa Branca, antes do evento no Congresso, Biden havia usado o mesmo argumento de Zelensky na defesa da democracia para reafirmar o apoio ao país em guerra contra a Rússia. Biden disse que as ações comandadas por Vladimir Putin são um ataque brutal ao direito dos ucranianos de existir como nação. E reiterou que os Estados Unidos vão fortalecer a capacidade da Ucrânia de se defender com treinamento e mais envio de mísseis. Mas isso vai depender não apenas dele, mas muito da vontade do Congresso que estará cada vez mais pensando em 2024.

Kiev pode sofrer apagão total. Presidente da câmara alerta: "É necessário estarmos preparados"

Mulher num café, à luz das velas, durante corte de energia, em Kiev, Ucrânia   -   Direitos de autor  Andrew Kravchenko/Copyright 2022 The AP. All rights reserved.

O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, alertou, este domingo, para a possibilidade de um corte total da eletricidade na capital ucraniana, num futuro próximo.


Perante a destruição de infraestruturas vitais para o funcionamento da cidade, o autarca diz estar a ponderar todos os cenários possíveis e apela à população - já habituada a cortes temporários de energia - para que esteja preparada.


"Estamos a fazer tudo para que isso não aconteça. Mas sejamos honestos, os nossos inimigos estão a fazer tudo para manter a cidade sem aquecimento, eletricidade, nem água, e para que todos nós morramos. Essa é a sua missão. O futuro do país e o futuro de cada um de nós depende de como estamos preparados para várias situações. É necessário estarmos preparados", afirmou Klitschko, durante uma entrevista.



Klitschko reconhece ainda que a Rússia está a explorar a falta de acesso a energia para mudar o sentimento dos países vizinhos - altamente dependentes do gás russo para se aquecerem - em relação à guerra.


Nas últimas semanas, bombardeamentos russos deixaram várias vezes milhões de ucranianos sem eletricidade e água, além dos cortes em vigor para evitar sobrecargas e permitir reparações.


Os ataques da Rússia a centrais e linhas elétricas já danificaram ou destruíram por completo cerca de 40% do sistema energético da Ucrânia.

Alemanha reforça apoio a Ucrânia "pelo tempo que for necessário", garante Steinmeier

À terceira foi de vez; depois de duas tentativas falhadas o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, chegou finalmente à Ucrânia. Mas cedo viu os planos da visita serem alterados. Numa deslocação à cidade de Koryukivka, no norte do país, o alarme das sirenes antiaéreas soou e, na iminência de um ataque, toda a comitiva viu-se obrigada a refugiar-se num abrigo subterrâneo.


O momento foi aproveitado para falar com os habitantes locais sobre as dificuldades de um dia a dia em guerra,


Já em Kiev, o presidente alemão, que até já tinha sido desconvidado pelo presidente Volodymyr Zelenskyy por alegadas ligações à Rússia, acabou por se sentar à mesa com o homólogo ucraniano. 



Frente a frente, Steinmeier reforçou o apoio da Alemanha à Ucrânia, através da entrega de sistemas de defesa aérea, numa altura em que as infraestruturas energéticas do país se encontram sob ataque dos mísseis russos.


" Estamos do vosso lado, apoiamos-vos, vamos continuar a apoiar-vos, economicamente, politicamente, militarmente, pelo tempo que for necessário. A Alemanha, senhor presidente, condena as medidas de escalada da Rússia, que incluem a mobilização parcial e a retórica nuclear irresponsável", declarou o chefe de Estado germânico, em conferência de imprensa.


A Ucrânia tem visto os ataques de mísseis russos intensificar-se nos últimos dias, com Moscovo a acusar Kiev de se estar a preparar para lançar a chamada "bomba suja", um dispositivo que combina explosivos convencionais com material radioativo.


As autoridades ucranianas negam e ao lado do Ocidente acusam o Kremlin de querer um pretexto para manter a "agressão russa". A pedido de Kiev, que espera desmentir as acusações russas, uma equipa de peritos da Agência Internacional de Energia Atómica é aguardada na Ucrânia .



Do lado russo, uma explosão no exterior de uma estação de televisão na cidade ocupada Melitopol foi considerada pela Rússia um ataque terrorista.

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